Comércio de Café Verde Archives - PDG Brasil https://perfectdailygrind.com/pt/category/comercio-de-cafe-verde-2/ Revista digital sobre café, da fazenda à xícara Wed, 06 Sep 2023 15:16:30 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.2 https://perfectdailygrind.com/pt/wp-content/uploads/sites/5/2020/02/cropped-pdgbr-icon-32x32.png Comércio de Café Verde Archives - PDG Brasil https://perfectdailygrind.com/pt/category/comercio-de-cafe-verde-2/ 32 32 O que é o café de relacionamento e que vantagens ele traz aos produtores? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/09/22/cafe-de-relacionamento/ Fri, 22 Sep 2023 10:03:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=13286 Quando pensamos em “café de relacionamento”, a primeira coisa que vem à mente é muitas vezes a natureza das parcerias comerciais diretas entre produtores e torrefadores. E, compreensivelmente, há uma série de vantagens nessas relações mutuamente benéficas para ambas as partes. Mas o café de relacionamento não necessariamente exclui outros players. Considere importadores e exportadores […]

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Quando pensamos em “café de relacionamento”, a primeira coisa que vem à mente é muitas vezes a natureza das parcerias comerciais diretas entre produtores e torrefadores. E, compreensivelmente, há uma série de vantagens nessas relações mutuamente benéficas para ambas as partes.

Mas o café de relacionamento não necessariamente exclui outros players. Considere importadores e exportadores – na maioria dos casos, eles trabalham mais perto dos produtores do que os torrefadores. Como tal, relações de trabalho saudáveis entre comerciantes e agricultores são cruciais.

Mas isso leva a outra pergunta em muitos casos: o que os fornecedores podem fazer para agregar valor ao café de um produtor? Para saber mais sobre isso, conversei com dois especialistas do setor da Mercon Specialty.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre tendências no processamento experimental de café.

Produtor conversando com trader em meio à lavoura.

Afinal, o que é café de relacionamento?

Antes de olharmos especificamente para a natureza da relação entre produtores e comerciantes de cafés especiais, primeiro precisamos entender o que significa café de relacionamento.

Semelhante ao comércio direto, não há uma definição formal para o termo. No entanto, o café de relacionamento geralmente se refere ao conceito de fornecimento de café por meio de uma relação direta e próxima com produtores.

Giacomo Celi é o diretor de sustentabilidade do Mercon Coffee Group. Segundo ele, fortes relacionamentos na cadeia de valor são a base para o planejamento de longo prazo. “Manter a excelência na qualidade do café requer investimento e planejamento de longo prazo no nível da fazenda. Por isso é tão importante construir bons vínculos entre os players do setor”, ele diz. 

A ideia por trás dessas parcerias é incentivar contratos de longo prazo entre produtores e torrefadores, em vez de negócios pontuais. Os torrefadores geralmente se comprometem a pagar preços mais altos também. No entanto, quando se trata de produtores e traders de café verde, normalmente há menos discussão em torno do café de relacionamento. Isso independente de quão próximos eles estejam.

Por que as relações entre produtores e traders são tão importantes?

Em última análise, estabelecer um vínculo sólido entre produtores e traders é fundamental para manter a qualidade do café e alcançar a verdadeira sustentabilidade. Por exemplo, o produtor precisa saber que o trader pagará um preço justo pelo café que vai atender aos padrões de qualidade que busca.

Da mesma forma, as relações produtor-comerciante podem proporcionar estabilidade econômica para ambas as partes, além de construir mais confiança. Ao trabalhar com compradores confiáveis e consistentes, os produtores podem investir de forma sustentável em suas fazendas.

Os fornecedores de café verde, por sua vez, podem contar com um fornecimento constante de café de alta qualidade de parceiros confiáveis. Jessenia Arguello é gerente de produção de sustentabilidade do Mercon Coffee Group. De acordo com ela, entender o nível de esforço, o investimento necessário e os desafios que os produtores enfrentam é importante para definir uma estratégia de compra que os incentive a buscar o máximo em qualidade.

Jessenia acrescenta que os produtores também podem se beneficiar disso. O feedback sobre a qualidade de seu café permite que eles identifiquem áreas onde podem melhorar as práticas agrícolas, por exemplo.

“Essas informações fornecem aos produtores ideias inovadoras para implementar em suas fazendas, incentivando-os a continuar melhorando a qualidade do café e motivando-os a serem mais resilientes e a superar as mudanças nas condições que afetam a produção de café”, diz ela.

Produtor despejando grãos de café em uma saca.

Agregando valor à cadeia de fornecimento

Em termos simples, criar relacionamentos fortes entre produtores e fornecedores de cafés especiais pode beneficiar toda a cadeia de suprimentos, melhorando a qualidade e a produtividade do café.

Além disso, Jessenia diz que o uso da tecnologia para coletar, monitorar e compartilhar dados de produtores e fornecedores também pode levar a uma comunicação mais direta. Isso significa que ambas as partes podem estar mais bem informadas.

“Quando compartilhamos mais informações, melhores decisões podem ser tomadas em todos os níveis para alocar bem os recursos e adaptar estratégias de negócios com objetivo de promover interações resilientes entre diferentes partes interessadas”, diz ela.

Um exemplo dessa tecnologia, explica Jessenia, é a plataforma LIFT, lançada em 2014 e totalmente digitalizada, da Mercon Specialty. Com foco em oferecer oportunidades de treinamento, acesso a recursos e apoio agrícola, essa plataforma tem 3 pilares principais:

  • crescimento sustentável;
  • desenvolvimento social;
  • meio ambiente.

“Ao longo dos anos, a LIFT mostrou que é possível apoiar os produtores na mudança de suas práticas para restaurar os ecossistemas locais, bem como melhorar as condições sociais deles e de suas comunidades”, acrescenta. “Ao mesmo tempo, podemos melhorar ou manter a sustentabilidade econômica das fazendas de café.”

Giacomo me conta que a plataforma LIFT está integrada aos valores e práticas comerciais sustentáveis da Mercon. “O objetivo da plataforma LIFT está embutido em nossa estratégia”, diz. “Nosso objetivo é criar uma indústria de café melhor, o que significa construir cadeias de valor lucrativas, sustentáveis e integradas, do produtor ao consumidor.”

Em termos de liderança para medir os resultados, Giacomo explica que a Mercon também desenvolveu o LIFT Scorecard. Ele é usado para avaliar o desempenho dos produtores em relação a cada um dos três pilares. Além disso, todos os dados são compartilhados por meio de um aplicativo integrado.

TRader e agricultora conversando em meio à lavoura -- café de relacionamento

Café de relacionamento: vantagens de um contato próximo entre produtores e traders

Produtores e fornecedores de café verde claramente se beneficiam de relações de trabalho estreitas e de longo prazo. Mas, como acontece com qualquer parceria e nas circunstâncias certas, isso também pode beneficiar os players em todo o setor.

“Relações de trabalho mais próximas e mais fortes entre torrefadores e fornecedores de café verde também são muito importantes para alinhar os objetivos de longo prazo dos produtores”, explica Giacomo. “Não podemos ter uma cadeia de suprimentos totalmente sustentável sem compartilharmos o foco e perspectiva.”

A longo prazo, uma visão compartilhada entre produtores e comerciantes pode ajudar a melhorar a qualidade do café. Esta comunicação beneficia claramente outros atores, como torrefadores e consumidores, que estão cada vez mais priorizando a transparência, a rastreabilidade e a sustentabilidade. Por sua vez, os consumidores podem ter certeza de que o café que compram de um torrador específico é sempre de alta qualidade e tem origem ética.

Mais acesso a informação

Com o café de relacionamento, mais acesso aos dados geralmente incentiva mais participação. Isso significa que as informações são mais acessíveis a uma gama mais ampla de partes interessadas da cadeia de suprimentos. Em teoria, uma abordagem mais colaborativa para a coleta de dados em toda a cadeia de valor significa que todas as partes interessadas ficarão mais bem informadas. 

Além disso, mais acesso a informações mais detalhadas sobre um café específico pode ajudar a preencher a lacuna entre produtores e consumidores de uma maneira mais impactante. Por exemplo, os torrefadores podem saber informações mais detalhadas sobre um café específico, como colheita, origem, variedade e método de processamento. Por sua vez, eles podem fornecer aos seus clientes informações mais abrangentes e transparentes e, assim, melhorar sua experiência geral.

Quando se trata de cafeicultores, Jessenia explica que a disponibilização de informações ajuda em qualquer tipo de coisa. Isso pode variar da gestão financeira e negociação a aprender sobre técnicas agrícolas, melhorar o acesso ao mercado e abrir possibilidades de pesquisa.

Mãos colhendo cerejas de café de um ramo.

O café de relacionamento e o crescimento da cultura de cafés especiais

Com as preocupações sobre um futuro sustentável para a indústria do café continuando a crescer, as partes interessadas da cadeia de suprimentos, em última análise, precisam trabalhar mais de perto umas com as outras para combater essas questões.

“As relações entre produtores e fornecedores de café verde são fundamentais para garantir uma oferta contínua e crescente de café de alta qualidade, sendo a base da indústria de cafés especiais”, explica Jessenia. “Uma comunicação mais eficiente – além de facilitar o acesso aos recursos – garante que as partes interessadas estejam mais conscientes das necessidades umas das outras.”

Além disso, a troca de conhecimento entre os players da cadeia de suprimentos pode levar a mais inovação. Isso se torna mais evidente quando se trata de técnicas de colheita e métodos de processamento. Como resultado, os produtores podem diversificar suas ofertas e aumentar o faturamento.

Programas educacionais

Fornecer aos produtores oportunidades de treinamento mais formais é uma das maneiras mais eficazes de melhorar a qualidade e a produtividade do café.

Giacomo explica que a plataforma Mercon LIFT oferece aos produtores de café sessões de treinamento e visitas às fazendas, cobrindo uma série de tópicos. Isso inclui nutrição vegetal, manejo de pragas e água e alfabetização financeira.

“As relações da cadeia de valor orientadas para um objetivo de longo prazo, tanto para produtores quanto para torrefadores, são fundamentais para impulsionar o café especial, além de continuar impulsionando o crescimento do setor”, conclui Giacomo.

Produtor em meio À lavoura de café

As relações diretas entre torrefadores e produtores têm sido um ponto de discussão há algum tempo. No entanto, ao mesmo tempo, também vimos fornecedores de café verde trabalharem com os agricultores de maneiras novas e diferentes.

Na indústria do café, atualmente em constante mudança, as relações sustentáveis entre os produtores e quem compra deles serão cada vez mais benéficas. Isso porque essa estabilidade pode abrir caminho para um futuro mais sustentável e fornecer uma base para futuras colaborações. E ao estabelecer conexões mais fortes em toda o setor, podemos criar um ambiente mais equitativo para todos.

Gostou? Em seguida, leia nosso artigo sobre como a produção de robusta se desenvolveu nos últimos anos.

Créditos das fotos: Mercon Coffee Group

Tradução: Daniela Melfi.

PDG Brasil

Observação: a Mercon Specialty é patrocinadora do Perfect Daily Grind.

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Como os torrefadores de cafés especiais compram lotes raros em leilões? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/09/06/leiloes-privados/ Wed, 06 Sep 2023 10:03:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=13226 Todos os anos, muitos leilões de café verde que acontecem na indústria de cafés especiais. Há ainda os leilões privados, que dão aos torrefadores e compradores de café verde acesso a lotes mais limitados ou ultrarraros. Como parte disso, os leilões que se concentram em uma variedade, espécie ou cultivar específicos (geralmente variedades de café mais […]

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Todos os anos, muitos leilões de café verde que acontecem na indústria de cafés especiais. Há ainda os leilões privados, que dão aos torrefadores e compradores de café verde acesso a lotes mais limitados ou ultrarraros.

Como parte disso, os leilões que se concentram em uma variedade, espécie ou cultivar específicos (geralmente variedades de café mais exclusivas, como Gesha) estão se tornando mais populares.

Para saber mais, conversei com Max Perez, proprietário da Finca La Hermosa na Guatemala, e Leonor Xiao, fundadora e compradora de café verde da Canasto Coffee Co. Continue lendo para saber mais sobre eles.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre leilões virtuais de café.

Grãos de café descascados em terreiro de secagem

O que são leilões privados e como funcionam?

Embora os leilões privados sejam um conceito relativamente novo no setor, o café verde tem sido negociado dessa forma há séculos. Normalmente, os leilões são realizados por importadores, exportadores, organizações não governamentais ou outras partes interessadas nos países produtores.

Esses eventos geralmente são presenciais, mas os leilões on-line estão se tornando cada vez mais comuns. Isso permite que compradores de todo o mundo participem – tornando-os muito mais acessíveis. 

Tal como acontece com qualquer tipo de leilão, os compradores colocam lances em diferentes lotes de café verde. Assim que um leilão começar, os compradores oferecem lances em incrementos específicos até que todos os cafés tenham pelo menos um lance cada, ou até que pelo menos um tempo específico tenha passado onde nenhum lance tenha ocorrido.

Antes de um leilão, são feitos cuppings e uma pontuação às cegas com todos os cafés por Q graders profissionais. Isso é feito usando a escala de 100 pontos da Specialty Coffee Association, para que os participantes tenham uma ideia do nível de qualidade de cada café. Além disso, em algumas competições antes dos leilões, todos os cafés devem marcar pelo menos 86 pontos para avançar para a próxima etapa de avaliação.

Preços tão ou mais altos que a qualidade

Nas últimas duas décadas, os preços pagos pelo café em leilões têm aumentado cada vez mais. O primeiro exemplo foi em 2004, quando a Hacienda La Esmerelda vendeu um de seus Geshas por US$ 21/lb no Best of Panama (BoP). À época, o valor bateu o recorde mundial já pago por um café.

Em 2021, impressionantemente um Gesha, produzido pela Elida Estate no método honey, foi vendido por US$ 6.034/lb. Este é de longe o café mais caro do mundo. Naturalmente, esses preços surpreendentemente altos influenciaram cada vez mais produtores a organizar seus próprios leilões privados.

Um leilão privado de café verde é uma maneira útil para os produtores ou cooperativas mostrarem seus lotes mais exclusivos e ultrarraros. Para participar desses leilões, os compradores devem se cadastrar com antecedência. Como também há um número limitado de vagas disponíveis, os inscritos podem ter que pagar uma taxa. Os torrefadores também podem ter que comprar amostras dos cafés que desejam com antecedência.

cerejas de café no terreiro de secagem

Por que esses leilões estão se tornando cada vez mais populares?

Em termos gerais, o café especial valoriza muito a qualidade, a transparência, a rastreabilidade e a sustentabilidade. Sendo assim, a demanda por variedades de café mais exclusivas e de maior qualidade (e até mesmo espécies) cresceu na última década.

Max explica como os produtores podem usar leilões privados como plataformas para comercializar seus cafés de diferentes maneiras. “Esses leilões permitem que os vendedores controlem o processo de compra. Além de gerar lucros maiores e criar uma sensação de exclusividade em torno de seus cafés”.

Leonor concorda, dizendo: “Após o leilão, o produtor pode rotular o café como um lote de leilão para enfatizar sua exclusividade. Além disso, os lotes de café de leilões privados geralmente são pequeno. Isso significa que os produtores podem receber um valor mais alto, porque geralmente um único comprador compra seu café.”

E os leilões de variedades únicas?

Juntamente com os leilões privados em geral, o número de leilões de nicho aumentou visivelmente nos últimos anos. Incluindo:

  • leilões de origem única (com todos os cafés produzidos no mesmo país, região ou até fazenda);
  • leilões que incluem cafés de um único produtor, cooperativa ou exportador;
  • leilões de variedade única, que se concentram especificamente em uma variedade de café.

Um exemplo é o leilão online Gesha Forest da Finca La Hermosa, que aconteceu em 5 de julho de 2023. “O leilão contou com diversos lotes de nossos Geshas, cada um com seu próprio perfil de sabor, aroma e características únicas. Além de Gesha de diferentes origens, com Guatemala, Panamá, Tanzânia e Etiópia”, diz Max. 

Gesha é uma das variedades mais procuradas no setor de cafés especiais. Conhecida por sua excepcional qualidade de xícara e sua capacidade de receber preços altos, a variedade dominou os leilões na última década.

“O projeto Gesha Forest da Finca La Hermosa envolve práticas agrícolas meticulosas para cultivar, colher e processar o café Gesha para garantir o café da mais alta qualidade possível”, explica Max. “O microclima único e o solo vulcânico de Finca La Hermosa, localizado nas encostas do vulcão Acatenango, na Guatemala, tornam-no um ambiente ideal para o crescimento da Gesha.”

Leonor conta que a variedade é particularmente popular no leste da Ásia, inclusive na China, onde os consumidores geralmente estão mais dispostos a pagar preços mais altos por um café mais exclusivo e raro. “Gesha sempre se destaca entre as xícaras, pois geralmente recebe pontuações mais altas”, diz.

grãos de café de processamento honey

Quais são os benefícios de comprar lotes de cafés desta forma?

Para os produtores que possuem infraestrutura e recursos financeiros, há uma série de benefícios em organizar leilões privados. “Essas plataformas são uma oportunidade para mostrar o trabalho árduo e a dedicação dos produtores, potencialmente receber preços mais altos e construir relacionamentos de longo prazo com os compradores”, diz Max. 

Os leilões privados também podem promover transparência, rastreabilidade e sustentabilidade na indústria de cafés especiais. “Leilões como o Gesha Forest da Finca La Hermosa podem mostrar o compromisso de um produtor com práticas agrícolas sustentáveis e ecológicas, promovendo assim uma indústria de café mais responsável e consciente”, ele acrescenta.

Em termos de rastreabilidade, Leonor explica que os leilões podem ser plataformas úteis para agricultores e torrefadores. “Os produtores sabem para onde o café está indo quando é comprado em leilões. Os leilões privados podem ser um elo entre os produtores e os torrefadores. Além disso, receber feedback de torrefadores, comerciantes e produtores ajudará a tornar os leilões mais significativos e impactantes.”

E os torrefadores?

Quando se trata de torrefadores, há várias vantagens em participar de leilões de café verde – especialmente para aqueles que querem vender e comercializar mais cafés premium e raros. “Os torrefadores têm acesso a lotes mais originais e exclusivos”, diz Max. “Isso permite que eles diferenciem seus cafés e potencialmente atraiam uma gama mais ampla de consumidores.”

Muitos consumidores de cafés especiais atribuem um valor significativo às variedades mais exclusivas provenientes de novas origens. Por exemplo, o fornecimento de café de fazendas fora dessas origens, como Finca La Hermosa, na Guatemala, pode ser um ponto de venda exclusivo para torrefadores. “Ao comprar cafés em leilões, os torrefadores têm a oportunidade de mostrar seu reconhecimento de cafés de alta qualidade e, assim, agregar valor à sua marca”, conclui Leonor.

Mão retirando grãos crus de café de uma saca

Os leilões privados, bem como os leilões em geral, desempenham um papel na promoção do café especial. Para aqueles que têm a capacidade e o poder de compra para participar, eles podem experimentar alguns cafés extraordinários que talvez não consigam encontrar em outro lugar.

Com a demanda por cafés mais exclusivos crescendo apenas em certos mercados, temos certeza de que os leilões privados continuarão a ser um tema de discussão na indústria do café daqui para frente.

Gostou? Então leia nosso guia para leilões de café verde.

Créditos da foto: Finca La Hermosa

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

Observação: Finca La Hermosa é patrocinadora do Perfect Daily Grind.

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Como o mercado de câmbio afeta o preço do café? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/07/03/influencia-mercado-de-cambio/ Mon, 03 Jul 2023 10:04:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12938 Geralmente, tanto o preço do arábica quanto do canéfora dependem de contratos futuros. Estes são contratos para comprar ou vender uma determinada mercadoria, a um preço predeterminado, em uma data definida. No entanto, enquanto o preço do café e os contratos futuros são determinados por transações em tempo real, eles também são afetados por flutuações […]

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Geralmente, tanto o preço do arábica quanto do canéfora dependem de contratos futuros. Estes são contratos para comprar ou vender uma determinada mercadoria, a um preço predeterminado, em uma data definida.

No entanto, enquanto o preço do café e os contratos futuros são determinados por transações em tempo real, eles também são afetados por flutuações nas taxas de câmbio. Isso ocorre porque, enquanto o café é vendido em dólares no mercado de commodities, ele também é comprado em outras moedas dependendo do país onde a transação é feita.

Mudanças no mercado de câmbio (também conhecido como forex, FX ou mercado de moedas) podem afetar muitas pessoas em toda a cadeia de fornecimento de café. As flutuações no mercado podem influenciar os preços pagos pelos torrefadores e consumidores e os preços pagos aos agricultores, bem como os seus custos de produção.

Em última análise, os movimentos no mercado de câmbio podem ter um grande impacto na sustentabilidade econômica e social na indústria do café. E para entender melhor esse mecanismo, conversei com um trader de FX, um produtor no Brasil e um torrefador do Reino Unido. Continue lendo para saber mais.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre como a tecnologia pode apoiar o futuro da produção de café.

Cerejas de café totalmente maduras nas mãos de uma pessoa

O que é o mercado de câmbio?

O mercado de câmbio é um mercado descentralizado e global, usado para negociar moedas de todo o mundo e determinar taxas de câmbio. É o maior mercado de negociação global, com faturamento diário atingindo US$ 7,5 trilhões em abril de 2022 para transações de balcão (OTC).

Tal como acontece com muitos outros mercados financeiros e comerciais globais, o FX é afetado por uma série de fatores macroeconômicos. Isso pode incluir inflação, decisões tomadas pelos bancos centrais, taxas de juros flutuantes e mudanças nos cenários políticos.

Kelly Oviedo é um comerciante de câmbio e diretor da Sucafina. Ela diz que as eleições presidenciais colombianas de 2022 afetaram o mercado de câmbio porque o vencedor, Gustavo Petro, fez uma campanha que pressionou por mais confiança na energia renovável.

“A Colômbia é um grande exportador de petróleo, então quando Petro venceu, o mercado global antecipou que seu partido aprovaria políticas para reduzir as exportações de petróleo. Isso enfraqueceu o peso colombiano no mercado”, diz.

Outro fator que pode influenciar as taxas de câmbio é o preço do dinheiro, acrescenta Kelly. “O preço de uma determinada moeda está relacionado à taxa de juros do banco central do país que a emite”, diz ela. Como o café é comprado e vendido usando diferentes moedas, é vital que as partes interessadas entendam o valor de uma moeda em relação a outra.

A relação entre as moedas locais e o dólar

É provável que um produtor seja pago em sua moeda local, como o peso colombiano ou o birr etíope, por exemplo. Os comerciantes provavelmente venderão café para exportadores em dólares americanos, enquanto os torradores comprarão café usando sua moeda local.

Semelhante a como os comerciantes protegem os preços do café no mercado de commodities, os comerciantes também podem proteger a moeda comprando contratos a termo usando moedas específicas, o que é chamado de hedge. Isso permite que importadores, produtores maiores e torrefadores se protejam contra a constante flutuação das taxas de câmbio. 

Ao fazer hedge, as empresas vendem um contrato de futuros de café quando compram um contrato de café “físico” ao preço por libra/peso. Isso normalmente significa que, se esse preço cair, essas empresas podem comprar seus contratos futuros e usar os lucros para compensar o preço de seu café “físico”. Por outro lado, se o preço por libra/peso subir, essas empresas acabam sofrendo uma perda em seu contrato de futuros, mas podem finalmente vender seu café a um preço mais alto.

trabalhadores descarregando um lote de sacas de café

Como o mercado de câmbio afeta os preços na origem?

O mercado de câmbio afeta todas as etapas da cadeia de fornecimento de café. No entanto, afeta os produtores especificamente de duas maneiras principais: através dos custos de produção e mudanças nos preços do café no mercado interno.

Por exemplo, como os fertilizantes químicos são fabricados usando petróleo, o preço do fertilizante está ligado ao valor do dólar americano em algum nível.  Como eles são insumos agrícolas essenciais para muitos agricultores, muitas vezes, representam um dos maiores custos de produção quando usado.

Os produtores então têm que comprar fertilizantes usando sua moeda local, de modo que o preço final pode ser influenciado pela taxa de câmbio entre o dólar americano e sua moeda local. 

Vamos usar a Colômbia como exemplo. Quando o peso colombiano é mais fraco em relação ao dólar, um produtor acaba gastando mais dinheiro na compra de fertilizante. Alternativamente, se o peso colombiano é mais forte do que o dólar americano, o produtor precisa pagar menos pelo mesmo produto.

Outra maneira pela qual o mercado de câmbio afeta os custos dos produtores é influenciando os preços locais do café. “Isso é mais um impacto direto do que nos custos dos insumos”, diz Kelly. Em termos simples, o poder do dólar em comparação com a moeda local de um produtor pode afetar o poder de compra dos exportadores, influenciando na competição com os compradores locais. 

Indiscutivelmente, isso pode ter sérias consequências para os compradores locais que geralmente têm menos poder de compra do que a maioria dos exportadores. No entanto, isso pode beneficiar os agricultores locais em alguns casos. Uma moeda local mais fraca pode significar que os exportadores podem pagar mais pelos lotes e assim os produtores acabam recebendo mais.

Valor da moeda local em relação ao dólar

Como os exportadores geralmente vendem café em dólares, seu poder de compra em comparação com uma moeda local pode afetar a competitividade dos preços locais da safra. 

Por exemplo, se o peso colombiano é mais forte do que o dólar americano, os exportadores são mais propensos a oferecer preços semelhantes aos preços dos compradores locais. No entanto, se o peso colombiano for fraco em relação ao dólar americano, os exportadores podem comprar mais pesos com seus dólares e oferecer preços mais competitivos do que os compradores locais.

O gráfico abaixo demonstra as variações de preço por libra/peso no dólar, real brasileiro e peso colombiano:

Gráfico de mercado de câmbio
Fonte: ICE Connect Tool

De janeiro de 2021 a dezembro de 2022, a distância entre as linhas verde (dólar) e vermelha (peso colombiano) mostra como o peso colombiano tem se enfraquecido constantemente em relação ao dólar. Como resultado, os agricultores colombianos foram menos afetados pelos preços de mercado mais baixos em 2022. Isso ocorre porque, embora sua moeda tenha enfraquecido, os agricultores colombianos estavam recebendo um preço local mais alto do que os agricultores brasileiros (cuja moeda manteve seu valor em relação ao dólar americano).

Como o real e o peso colombiano são mais fracos em relação ao dólar americano do que outras moedas da América Latina, os exportadores geralmente podem comprar mais cafés brasileiros e colombianos pelo mesmo valor em dólares americanos.

Ricardo dos Santos Bartholo é proprietário da Fazenda Cinco Estrelas em Patrocínio, Minas Gerais. “Quando o dólar se fortalece, o real enfraquece. No entanto, isso aumenta o valor do real para os produtores de café, para podermos ser mais competitivos no mercado internacional de café”, diz ele.

Provadores de café em uma sessão de cupping analisando o aroma de amostras

Como os países consumidores são afetados?

Enquanto cereja e pergaminho são comprados em moedas locais, o café verde é comprado principalmente em dólares. Isso significa que o valor da moeda americana influencia os preços que os torrefadores fora dos EUA pagam pelo café verde.

Embora os torrefadores dos EUA sejam afetados pelas taxas de câmbio do dólar em relação às moedas locais onde o café é produzido, o preço que eles pagam pelo café verde não é afetado pelo valor de sua moeda.

No entanto, os preços para torrefadores fora dos EUA são influenciados pelas taxas de câmbio e pelo mercado cambial. Esses torrefadores compram cafés que foram inicialmente comprados em dólares americanos, mas também precisam pagar em sua própria moeda local – portanto, o preço é determinado pelo valor dessa moeda em relação ao dólar.

Usando o exemplo dos dólares canadenses, se a taxa de câmbio for de 1 dólar americano a 1,5 dólar canadense, um torrador canadense precisará pagar mais pelo café. Se o café fosse US$ 10/kg, um comprador canadense estaria pagando US$ 15 CA/kg pelo mesmo café. 

Por outro lado, se o dólar americano enfraquecer ao ponto de 1 dólar americano ser igual a 1 dólar canadense, um torrador canadense pagará apenas US$ 10 CA/kg, assumindo que o preço do café permaneça o mesmo em dólares americanos.

As conversões cambiais também influenciam a demanda por café. Recentemente, vimos a demanda por café aumentar nos EUA – especialmente enquanto o dólar americano é forte em comparação com outras moedas. Por sua vez, isso significa que os torrefadores dos EUA pagam menos pelo café, ajudando a aumentar a demanda.

Profissional operando um torrador de café

Equilibrando os riscos como um torrefador

Embora possa parecer que os torrefadores não têm escolha a não ser simplesmente absorver os custos relacionados à flutuação da moeda, existem maneiras de mitigar esse risco.

Andrew Duncan é o COO da Workshop Coffee em Londres, Reino Unido. “Todos os países produtores que compramos comercializam e vendem café em dólares americanos”, diz ele. “Isso significa que precisamos converter isso em nossa moeda local. Como resultado, há flutuações adicionais que precisamos contabilizar além das flutuações no preço por libra/peso”, acrescenta.

Ele explica que o Workshop Coffee normalmente estima o volume anual de café verde que precisa comprar e, em seguida, compra contratos a termo no mercado de câmbio em uma porcentagem de suas despesas totais projetadas para esse ano.

Na prática, isso significa que os torrefadores do Reino Unido podem bloquear a taxa de câmbio atual entre a libra esterlina e o dólar americano por uma certa porcentagem de seus custos totais. Isso significa que, se o dólar americano se fortalecer em relação à libra, o torrador não gastará mais dinheiro.

Os riscos do hedge no mercado de câmbio

No entanto, é importante notar que essa prática chamada hedging nem sempre é eficaz, então os torrefadores precisam pensar muito sobre adotá-la como estratégia e ter cautela ao fazê-lo.

Por exemplo, se o preço por libra/peso aumentar significativamente, o dólar que eles compraram não cobriria mais a quantidade de café que planejavam comprar. Alternativamente, se o dólar enfraquecer, os torrefadores perderão em economias potenciais.

“Trata-se principalmente de tentar mitigar o máximo de risco possível”, diz Andrew. “Hedging pode ser um palpite informado, bem como saber como reduzir o risco de volatilidade dos preços comprando contratos a termo para sabermos quais serão nossos custos.”  

Nos últimos anos, a maior volatilidade no mercado cambial mostrou que as margens de risco e recompensa são muito maiores. Por exemplo, Andrew explica que, embora ele tenha planejado comprar dólares americanos para cobrir cerca de metade de suas despesas por um período de seis meses, ele agora faz isso por um período muito mais curto.

Para mitigar o risco, Andrew sugere usar um corretor de moeda em vez de um banco local para trocar moeda.  “Se você for a um banco e pedir para fazer um pagamento ao importador em dólares americanos, a taxa de câmbio será pior”, diz ele. 

Em vez disso, um corretor converte seu pagamento em dólares americanos e, em seguida, faz o pagamento ao importador em seu nome.  “Dessa forma, você tende a obter uma taxa de câmbio melhor”, acrescenta. No entanto, os torrefadores ainda precisam ter cuidado ao fazê-lo, e se certificar de comparar as taxas de câmbio entre bancos e corretores antes de tomar qualquer decisão.

Grãos de café crus -- como o mercado de câmbio afeta o preço do café

Embora o câmbio possa não ser tão amplamente discutido na indústria quanto o mercado de commodities, certamente tem um impacto no preço do café em toda a cadeia de suprimentos – afetando produtores, comerciantes, torrefadores e consumidores.

Para alguns produtores e muitos torrefadores, entender como o mercado de câmbio funciona e sua influência no preço do café pode informar como eles compram e vendem seu café. Em última análise, melhorar a conscientização pode ajudar tanto os torrefadores quanto os produtores a aprender sobre como o FX os impacta – e o que eles podem fazer para mitigar o risco e maximizar os lucros.

Gostou? Em seguida, leia nosso artigo sobre como os torrefadores de café de pequeno e médio porte podem gerenciar o risco de preço.

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

Observação: a Sucafina é patrocinadora do Perfect Daily Grind.

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Elasticidade-preço da oferta: Como o preço do café afeta a disponibilidade? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/01/18/elasticidade-preco-da-oferta-no-cafe/ Wed, 18 Jan 2023 11:05:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=11907 Se você estivesse em um negócio que de repente se tornasse 10 vezes mais lucrativo da noite para o dia, como você reagiria? Provavelmente, você permaneceria no negócio e trabalharia para aumentar suas vendas o máximo possível. Mas e se esse aumento na lucratividade durasse pouco? E se o seu negócio passasse de razoavelmente lucrativo para deficitário no mesmo espaço […]

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Se você estivesse em um negócio que de repente se tornasse 10 vezes mais lucrativo da noite para o dia, como você reagiria? Provavelmente, você permaneceria no negócio e trabalharia para aumentar suas vendas o máximo possível. Mas e se esse aumento na lucratividade durasse pouco? E se o seu negócio passasse de razoavelmente lucrativo para deficitário no mesmo espaço de tempo? Você desistiria e mudaria para outra coisa? Tudo isso tem a ver com o conceito da elasticidade-preço da oferta.

Em meu último artigo sobre  elasticidade-preço da demanda, focamos em como os consumidores e outros reagem às mudanças de preços. Desta vez, estamos olhando para a extremidade oposta da cadeia de suprimentos, para analisar como os cafeicultores e e demais trabalhadores da cadeia produtiva reagem à flutuação dos preços. Leia mais para descobrir.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre o que aconteceria se o café ficasse mais caro.

Mão em meio a grãos crus de café

Entendendo a elasticidade de preço de oferta

Simplificando, a elasticidade-preço da oferta é o quanto de um produto é disponibilizado ou retirado do mercado pelos vendedores em resposta a uma mudança no preço. Geralmente, à medida que os preço aumentam mais unidades são colocadas no mercado, e o inverso acontece quando eles caem.

No entanto, é importante lembrar que pode haver limitações à maior disponibilização de produtos em resposta às flutuações de preços.

No setor cafeeiro, quando o preço é alto e os agricultores aumentam sua produção. E como consequência da maior disponibilidade de café no mercado os preços começam a ser pressionados para baixo. Por outro lado, quando o preço é baixo, menos café é produzido e essa escassez pressiona os preços para cima.

Elasticidade-preço da oferta: os movimentos de preços são naturais? Devemos aceitá-los?

Na microeconomia convencional, geralmente damos como certo que esse conceito sempre funciona perfeitamente e que os mercados se auto regulam incondicionalmente.

No entanto, os mercados às vezes não conseguem fazê-lo, o que tem um impacto em toda a cadeia produtiva e é especialmente desconfortável par os agricultores, que ficam expostos a grandes riscos financeiros por serem mais vulneráveis economicamente.

Se as flutuações de preços são simplesmente a forma de o mercado se regular, é tentador aceitar que são eventos comuns e necessários à manutenção da “saúde” do mercado. No entanto, embora o preço do café mude em busca de equilíbrio entre oferta e demanda, esse processo pode acabar sendo, muitas vezes, violento e traumático.

Além disso, os movimentos de preços nem sempre são suficientes para atingir o equilíbrio de oferta e demanda, principalmente em períodos de preços baixos. Isso tem a ver com a elasticidade-preço da oferta.

Então, o que realmente acontece no setor cafeeiro?

No caso de agriculturas arbóreas, como o café, os mercados podem deixar de se auto-regular, ou fazê-lo tão lentamente que o efeito resultante é diferente ou mesmo oposto ao que seria considerado um comportamento racional.

A oferta aumenta e diminui em resposta ao preço (entre outras coisas), que flutua por muitas razões possíveis. Isso teoricamente representa o equilíbrio. Em teoria isso faz sentido, mas na prática pode ser muito diferente.

Quando o preço do café está alto, os agricultores muitas ampliam o plantio em suas lavouras. No entanto, essa resposta racional a um movimento de preços não aumenta a oferta imediatamente já que as novas árvores terão produtividade em escala comercial num intervalo de três a cinco anos.

A essa altura, o mercado pode ter já voltado a cair e o aumento no volume de grãos ofertados pressionará ainda mais um preço que pode já estar baixo. Isso fatalmente causaria prejuízos a quem plantou mais em função da alta anterior

Foi exatamente o que aconteceu durante a década de 1980, quando houve um influxo de novos cafés que haviam sido plantados após a geada de 1975 no Brasil.

E quando os preços caem?

O inverso também ocorre quando os preços caem, pois a única maneira de aumentá-los é reduzir a oferta. Como plantar e cultivar cafeeiros é um investimento significativo com retorno tardio, e os cafeeiros têm uma vida relativamente longa, é improvável que os produtores os cortem.

Perder seu investimento por causa de uma ou duas temporadas de preços baixos seria um pensamento de curto prazo. Em vez disso, os produtores vão resistir e esperam recuperar seu investimento nas temporadas seguintes.

Existem várias outras razões pelas quais os produtores, especialmente os pequenos, provavelmente não tentariam reduzir a oferta de café no mercado, mesmo quando os preços estão baixos.

Por exemplo, eles podem estar endividados por plantar esses cafeeiros não lucrativos e sem capital para fazer a transição para algo mais lucrativo. E mesmo que haja recursos para investir, pode ser que os produtores não decidam cultivar outras espécies por não terem o conhecimento de como realizar essa nova atividade.

Muitas regiões produtoras de café estão isoladas e economicamente dependentes do café, carecendo de outras oportunidades de renda. Assim, embora o mercado deva, teoricamente, se auto-regular, isso pode ser adiado enquanto milhões de famílias vulneráveis sofrem antes que eventualmente a oferta se reduza a um suposto nível de equilíbrio.

Incentivos e custos de oportunidade na elasticidade-preço da oferta

Quando os preços estão baixos, há um incentivo para reduzir a produção. Uma redução significativa só ocorre quando a produção e venda de café representa um custo de oportunidade.

Quando a rentabilidade cai abaixo dos lucros potenciais de fazer ou cultivar outra coisa, nos referimos à diferença como o “custo de oportunidade”. Este é o lucro perdido de não fazer aquela outra coisa mais lucrativa.

No entanto, como recursos significativos são geralmente investidos em uma plantação de café, esse custo de oportunidade geralmente precisa ser significativo o suficiente para que os produtores decidam abandoná-la e plantar outra coisa.

Quando há poucas ou nenhumas culturas alternativas para plantar ou oportunidades fora da fazenda, a elasticidade-preço da oferta seria muito baixa, o que significa que os produtores dificilmente reduzirão a oferta voluntariamente. O custo de oportunidade também seria muito baixo se não houvesse mais nada que eles pudessem fazer.

Isso significa que, se o preço do café cair e permanecer dolorosamente baixo, o mercado pode não experimentar uma redução de oferta suficiente para trazê-lo de volta por muito tempo. Durante esse período, operaria em estado de desequilíbrio.

Segundo algumas estimativas, o mercado global de café tem, de fato, operado por longos períodos em condições de excesso de oferta, como as que se seguiram às geadas no Brasil em 1975 e 1994

Em contrapartida, há momentos em que os preços estão altos e a rentabilidade do café se mostra mais atraente do que as culturas já instaladas. A decisão de plantar café pode ser simples se no local houver uma lavoura anual como cenoura, feijão ou milho.

E quanto à qualidade?

Além da decisão de produzir mais ou menos café, também temos que considerar o tipo ou a qualidade do café que os aumentos de preços incentivam. Quando o preço de venda é baixo, os produtores precisam buscar valor agregado, o que geralmente acompanha grãos com notas mais altas ou qualidade diferenciada.

Ao mesmo tempo, os compradores têm um poder de compra descomunal, porque podem conseguir café muito abaixo do teto de seus orçamentos. Em situações como essa, é comum que haja o oferecimento de bônus a produtores que atendam determinadas condições.

Por outro lado, quando os preços estão altos, os compradores têm menos capacidade de oferecer essas vantagens. Isso porque eles precisam pagar preços mais próximos do seu orçamento máximo que têm para a compra.

Além disso, nesta situação, os produtores estão mais bem equipados para impor suas próprias condições para o fornecimento dos grãos. Portanto, os compradores têm muito menos influência para exigir dos produtores métodos de processamento especiais e de alta qualidade.

Vimos esse fenômeno na Colômbia por meses após a agitação civil em maio de 2021. Uma grande parte dos produtores começou a vender pergaminho úmido no mercado ao preço da commodity. No entanto, ao fazer isso, eles estão ganhando, em muitos casos, muito mais do que ganharam com cafés especiais 12 meses antes.

Grãos de café secando em terreiro

Elasticidade-preço da oferta: especulação e cobertura

Neste ponto, precisamos entender que essas flutuações de preços não se baseiam exclusivamente na oferta e demanda de café. Em vez disso, eles são influenciados pelo contrato futuro do café, que reflete em grande parte a especulação técnica.

A maioria dos estudos mostrou que o preço futuro não necessariamente se movimenta contra os fundamentos físicos. Em vez disso, eles postulam que essas respostas são exageradas – o que significa que os altos são mais altos e os baixos são mais baixos do que seriam de outra forma.

Por que isso importa? Bem, é complicado, mas para simplificar, isso significa que a oferta de café real nem sempre está respondendo completamente à demanda por café. Em vez disso, está respondendo à demanda por contratos futuros de café – a grande maioria dos quais não vai se converter em compras físicas.

Da mesma forma, a demanda por café real não responde apenas à oferta de café, mas também à oferta de contratos futuros de café.

Digamos que a elasticidade-preço da oferta seja tal que um aumento de 10% no preço de mercado (com base no preço futuro) eventualmente cause um aumento de 10% na oferta global.

No entanto, hipoteticamente, a especulação técnica, e não a escassez de café físico, é responsável por metade dessa variação de preço.

Nesse caso, um aumento de 5% na oferta seria suficiente para cobrir a escassez. Então, em vez de simplesmente preencher uma necessidade, essa reação cria um excesso de oferta. Isso eventualmente faz com que os preços caiam. Com o tempo, a especulação técnica entra no jogo e escancara essa oscilação descendente.

Em resumo, sinais de mercado exagerados causam reações exageradas das partes envolvidas, o que resulta em volatilidade ainda maior. Esta é a força vital da especulação de curto prazo.

No setor cafeeiro, as mudanças de preços criam incentivos que teoricamente garantem que a quantidade ofertada seja igual à demandada.

O quanto os vendedores aumentam ou diminuem a quantidade que oferecem ao mercado em resposta às mudanças de preço é a elasticidade-preço da oferta. Isso depende de muitos fatores, mas é complicado porque o café é uma cultura de longo prazo.

Cada mudança apresenta uma oportunidade para alguns e adversidade para outros. No entanto, alguns atores estão mais bem posicionados para aproveitar as oportunidades e mais capazes de se proteger das adversidades. Além disso, isso se agrava ao longo do tempo com cada rali do mercado e cada queda.

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Créditos da foto: Karl Wienhold

 Tradução: Daniela Melfi.

PDG Brasil

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Entendendo o comércio direto de cafés especiais na África oriental https://perfectdailygrind.com/pt/2023/01/02/comercio-direto-de-cafes-especiais-africa/ Mon, 02 Jan 2023 11:07:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12017 As relações de compra e venda de café são passos cruciais na cadeia de abastecimento global e o modelo de comércio direto de cafés especiais vem ganhando cada vez mais espaço nos contatos entre produtores e compradores.  Nesse modelo, produtores negociam diretamente com compradores sem a necessidade de intermediários. No entanto, essas negociações podem infelizmente ser difíceis para os produtores, assim como o acesso a elas. […]

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As relações de compra e venda de café são passos cruciais na cadeia de abastecimento global e o modelo de comércio direto de cafés especiais vem ganhando cada vez mais espaço nos contatos entre produtores e compradores. 

Nesse modelo, produtores negociam diretamente com compradores sem a necessidade de intermediários. No entanto, essas negociações podem infelizmente ser difíceis para os produtores, assim como o acesso a elas.

Para saber mais, conversei com três especialistas africanos para entender melhor o comércio direto de cafés na África Oriental e por que o crescimento desta modalidade de negócios lá mais lento aqui do que em outras grandes regiões produtoras ao redor do mundo. Continue a ler para saber mais.

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Bandejas com diferentes lotes de grãos grus de café

Como o café é negociado na África Oriental?

O comércio de café na África Oriental é amplo e complexo, com modelos geralmente variando de país para país. No entanto, o comércio direto de cafés especiais é muito menos comum do que outros sistemas.

Mette-Marie Hansen é diretora administrativa da Kenyacof (Sucafina Quênia). Ela diz que o comércio direto é em grande parte um conceito auto explicativo: refere-se ao comércio direto de café entre compradores em mercados consumidores de café (torradores) e produtores, sem fatores intervenientes ou intermediários.

No entanto, o uso de intermediários é de longe a abordagem mais comum na África Oriental. Embora esse modelo enfrente críticas, Mette-Marie explica que esses intermediários muitas vezes agregam valor e experiência ao processo comercial.

Segundo ela, “os intermediários supervisionam o financiamento dos produtores ao longo do ciclo da cultura, oferecem aconselhamento agronômico com base em observações e medições, além de cuidar de todos os preparativos de exportação, embalagem, controle de qualidade, documentação e execução geral dos embarques”.

Ela acrescenta que isso não significa necessariamente que a relação entre o produtor e o torrador seja menos direta. “Eles estão apenas terceirizando alguns dos detalhes necessários para enviar e desembarcar o produto”, diz.

Etiópia

A Etiópia tem dois métodos distintos de comercialização de café: o Ethiopian Commodity Exchange (ECX) e o sistema de integração vertical.

A ECX foi criada em 2008 para facilitar o comércio de várias commodities, incluindo café. Embora tenha apoiadores e detratores, o sistema é funcional e popular para o comércio de cafés tradicionais.

A plataforma reúne o governo, os atores do mercado e os membros da ECX em um só lugar, onde eles podem fazer negócios com o apoio de um preço mínimo e transparência, além do benefício de pagamentos eletrônicos instantâneos.

Para os agricultores, há menos risco de inadimplência dos contratos, enquanto para os compradores há a garantia de fornecimento consistente. A ECX ainda fornece armazenamento e transporte para o café, aliviando significativamente os custos aos produtores.

A integração vertical, por sua vez, é a abordagem do país para o comércio direto. Foi legitimado pela ECX em 2017, após pressão dos exportadores de cafés especiais. Como eles podem manusear seu próprio produto e supervisionar o controle de qualidade e a classificação, os compradores que usam o modelo geralmente têm menos preocupações, enquanto os agricultores têm o poder de realizar acordos de preços antecipadamente.

Há um problema, no entanto: a integração vertical não se beneficia do sistema de pagamento imediato habilitado pelo ECX, o que significa que os agricultores ainda podem acabar esperando um pouco para receber os valores referentes às negociações.

Burundi

Por muitos anos, as exportações de café do Burundi estiveram sob o controle total do governo. Foi somente em 1991 que o sistema passou para os leilões, onde o governo continuou a fixar o preço mínimo.

No entanto, em 2008 o comércio direto tornou-se possível e produtores e exportadores finalmente ganharam mais controle sobre o processo. Hoje, os compradores ainda podem optar por comprar por meio de leilões facilitados pelo governo ou negociar diretamente.

Alguns obstáculos ainda existem para o comércio direto de cafés especiais. Por exemplo, os produtores continuam lutando com a falta de infraestrutura, e os problemas de transporte significam que nem sempre é fácil para os compradores viajar para as fazendas.

Quênia

No  Quênia existem dois sistemas distintos para o comércio de café: o sistema de leilão e a chamada “Segunda Janela”.

Embora o sistema de leilões seja algumas vezes criticado por seu impacto nos meios de subsistência dos agricultores, ele ainda responde por mais de 94% das vendas de café no país. Se bem administrado, esse sistema garante que o café seja vendido ao preço mais alto possível, mas nem sempre é assim.

O segundo método, chamado de “Segunda Janela”, é efetivamente o sistema de comércio direto do Quênia. Foi estabelecido em 2006, após anos de pressão de agricultores e cooperativas. O comércio direto entre agricultores e compradores internacionais tornou-se mais popular nos últimos 15 anos, mas esse método ainda é pouco explorado.

Agricultores e cooperativas frequentemente citam a falta de conhecimento e os altos custos iniciais como os principais problemas para escolherem o comércio direto.

Tanzânia

Na Tanzânia, existe um sistema de leilões estabelecido com vários centros de leilões em cidades como Mbeya, Mbinga e Moshi.

Semelhante ao Quênia, o sistema de leilão representa a maior parte das vendas de café no país, enquanto o comércio direto é menos estabelecido.

Trabalhadores carregando baldes com cerejas de café sobre suas cabeças

Uganda

Em  Uganda, o comércio é liberalizado. Isso significa que qualquer pessoa pode comprar e vender café em qualquer forma ou quantidade. Produtores individuais, cooperativas ou produtores agrícolas e de propriedades são livres para vender seus produtos a qualquer pessoa a preços negociados.

No que diz respeito às exportações, qualquer pessoa com licença de exportação pode exportar café, torrado ou verde. Os compradores podem comprar café como cereja, cereja seca, pergaminho ou café verde moído. O café é vendido por meio de “tratados privados” sem restrições ao volume negociado.

Ruanda

Como na Tanzânia, o comércio direto também é possível em Ruanda. Isso geralmente abrange cafés de alta qualidade, deixando os grãos com notas mais baixas reservados para o mercado local. As cooperativas têm uma presença estabelecida em Ruanda e têm relações com vários compradores diretos.

Há críticas de que, em alguns casos, muitos atores estão envolvidos no comércio, processamento e transporte do café ruandês, e isso pode tornar insustentável o preço pago aos agricultores. Em muitos casos, a força de trabalho mais jovem do país pode ser desestimulada por isso.

No entanto, há exemplos de produtores de café ruandeses inovando no mercado. Por exemplo, algumas partes interessadas começaram a negociar café na plataforma Tmall do Alibaba, que abre os produtores para a enorme rede de compradores da marca chinesa de comércio eletrônico.

Bandejas com diferentes lotes de grãos crus de café

Por que o comércio direto de cafés especiais tem menor peso no continente africano?

William Peters é um comerciante de café baseado na Tanzânia. Segundo ele, as principais razões pelas quais o comércio direto está menos estabelecido na África Oriental são a falta de investimento e a dependência excessiva do café para pagar as dívidas existentes.

“Você descobrirá que a maioria dos agricultores tem adiantamentos de empréstimos e dívidas pendentes das cooperativas que precisam ser pagas”, diz ele. “Eles, portanto, estão ‘presos’ à cooperativa e precisam esperar o pagamento de seu café para pagar esses empréstimos”.

Além disso, a logística pode ser incrivelmente cara, e William diz que as sociedades cooperativas de comercialização agrícola (AMCOS) simplesmente não podem financiá-la em nome dos agricultores. Somente depois que os importadores pagarem pelo café, a safra poderá ser movimentada.

Na Tanzânia, os agricultores também costumam ser pagos no prazo de sete dias após a venda do café. Ao contrário do comércio direto, onde eles podem esperar um tempo considerável antes de serem pagos, o sistema de leilão garante um pagamento mais rápido. No entanto, os preços podem ser mais baixos.

Robert Nsibirwa é especialista em café em Uganda e CEO da Africa Coffee Academy. Ele explica que as grandes torrefadoras tendem a agregar suas compras para garantir uma oferta constante, e que é apenas uma simples questão de escala.

“Se a Nestlé precisar de 30 milhões de quilos de café, será muito difícil trabalhar com 2,8 milhões de pequenos agricultores que fornecerão a quantidade necessária. É exatamente por esse motivo que os principais torrefadores comerciais optam por trabalhar com importadores em vez de lidar diretamente com os agricultores”, diz ele.

O importador também poderá lidar com quaisquer problemas de abastecimento. Por exemplo, se uma torrefadora precisa de um milhão de sacas e apenas 500.000 estão disponíveis, cabe ao importador suprir o deficit, e não a ela. 

Se este fosse o caso de agricultores individuais ou pequenas cooperativas, o contrato poderia ter que ser cancelado, resultando em sérias consequências financeiras.

“É a economia de escala com os torrefadores e a certeza de fornecimento”, explica Robert. “É por isso que muitos importadores preferem ir para o exportador, que vai buscar um contêiner de talvez 1.000 agricultores.”

Cerejas de café secando em terreiro suspenso

Outras barreiras ao comércio direto de cafés especiais

Para muitos atores da cadeia de suprimentos na África Oriental, o status quo e os modelos comerciais existentes são simplesmente muito lucrativos para considerar uma mudança para o comércio direto de cafés especiais. Mas existem outras razões específicas para haja menos interesse nesse modelo?

Bem, as leis locais podem exigir em alguns casos que, quando vendido diretamente, o café deve ser comercializado a um preço mais alto do que em leilão. Isso torna o comércio direto muito menos competitivo. William diz: “isso funciona contra o produtor porque os clientes vão preferir quem ofereça o mesmo café a um preço mais barato”.

O cultivo de cafés especiais também requer treinamento sobre a importância da qualidade e atributos sensoriais únicos; pode até exigir o apoio de um agrônomo.

Isso significa que apenas uma pequena percentagem de café pode atingir a qualidade pela qual os torrefadores de cafés especiais pagam prêmios. O acesso a esse conhecimento e treinamento na África Oriental é difícil sem o apoio de uma entidade maior, como um grande exportador ou importador.

Outro problema é a falta generalizada de certificações, seja de questões ambientais ou sociais. Compradores individuais de café verde que desejam praticar o comércio direto geralmente pedem por esses selos.

Embora muitas fazendas de café na região já estejam atendendo aos padrões mínimos para essas certificações, o custo para se tornar realmente certificado é outra barreira.

Mulher carregando um cesto para a coleta seletiva de cerejas de café nas costas

Como as coisas estão mudando?

Robert diz que quando cooperativas ou propriedades vendem diretamente, elas geralmente obtêm preços mais altos do que o café vendido localmente. Isso porque vendem para o mercado de cafés especiais, que pode pagar prêmios acima do preço normal de mercado.

“Através da responsabilidade social corporativa e das relações diretas, os agricultores que têm compradores diretos muitas vezes usufruem de subsídios e assistência. Estamos vendo mais organizações como a Fairtrade Labeling Organization (FLO) ajudando a fortalecer esses grupos de agricultores e até construindo projetos comunitários, como pontos de água.”

Mette-Marie concorda que o comércio direto é benéfico para os produtores da África Oriental, pois geralmente significa negócios repetidos para eles. No entanto, ela diz que, como a maioria dos cafés é de qualidade comercial, a maioria dos compradores vê mais benefícios no sistema de leilão.

“Os leilões proporcionam a descoberta de qualidade perfeita para os compradores, porque podemos ver as amostras do leilão e prová-las uma semana antes do leilão”, diz ela.

O café especial, contudo, adequa-se com maior facilidade ao comércio direto, e ela não vê motivo para que os dois sistemas não possam ser complementares.

“Os melhores produtores podem obter ótimos prêmios pelo café de qualidade que produzem diretamente para os compradores estrangeiros”, explica ela. “No geral, não vejo isso afetando o sistema de leilões de forma alguma.”

Homem usando um equipamento manual para descascar as cerejas de café

Em todo o mundo, os produtores de café costumam ser tomadores de preços e não negociadores. No entanto, o comércio direto mostrou que é possível encurtar a distância entre torrador e produtor e dar mais agilidade e controle ao processo.

Embora leilões, comerciantes e bolsas de commodities continuem sendo parte integrante da cadeia global de fornecimento de café, o comércio direto oferece algo diferente: a chance de se comunicar mais de perto com o comprador e, muitas vezes, receber um preço mais alto por sua safra.

Infelizmente, o sucesso deste sistema não é de forma alguma garantido e enfrenta muitos obstáculos na África Oriental. Resta ver se isso vai mudar nos próximos anos.

Gostou? Então leia nosso artigo sobre como enfrentar os desafios do comércio de café na África Oriental.

Tradução: Daniela Melfi.

PDG Brasil

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Por que há comercio de café verde entre países produtores? https://perfectdailygrind.com/pt/2022/12/07/comercio-de-cafe-verde-paises-produtores/ Wed, 07 Dec 2022 11:03:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=11843 De modo geral, os países produtores de café têm como objetivo exportar para os principais países consumidores e aumentar a demanda internacional. Mas o comércio de café verde entre os países produtores também é uma realidade.  Algumas origens importam café para satisfazer certas necessidades específicas de sua indústria ou do mercado interno, ao mesmo tempo em que há os que simplesmente não produzem o […]

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De modo geral, os países produtores de café têm como objetivo exportar para os principais países consumidores e aumentar a demanda internacional. Mas o comércio de café verde entre os países produtores também é uma realidade.

 Algumas origens importam café para satisfazer certas necessidades específicas de sua indústria ou do mercado interno, ao mesmo tempo em que há os que simplesmente não produzem o suficiente para cobrir sua demanda doméstica.

Essa dinâmica comercial é um assunto polêmico discutido pelos produtores de café há décadas. Muitos reconhecem isso como uma forma de os países produtores gerarem mais renda ao mesmo tempo que há quem aponte desvantagens nessa prática.

Para saber mais, conversei com quatro especialistas do setor sobre esse tipo de comércio de café verde. Continue a ler para saber o que disseram.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre como podemos aumentar o consumo de café nos países produtores.

Grãos de café secando em terreiro

Análise de dados comerciais entre países produtores

José Dauster Sette, ex-diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), conta que entre 2015 e 2018 o mundo exportou em média cerca de 121 milhões de sacas de 60kg por ano. Essas quantidades incluem café arábica e robusta verde, torrado e solúvel.

Da cifra acima, aproximadamente 8,5 milhões de sacas são comercializadas entre países produtores, o que representa cerca de 7% do total das exportações. Nesse cenário, o robusta verde foi a categoria mais comercializada, totalizando pouco menos de 5 milhões de sacas (cerca de 59% do mercado).

O café verde para solúvel ficou em segundo lugar, com 1,7 milhão de sacas, o equivalente a 21%. O arábica representou 19% e o café torrado apenas 0,43%. José explica: “Isso mostra que o comércio é principalmente concentrado em solúvel, por razões de processamento, e robusta por razões de preço e qualidade”.

“Quando subdividimos o comércio de café verde entre os países produtores nesses diferentes segmentos, as proporções são bem diferentes do comércio geral. No total, o café solúvel representa 21% das exportações em comparação com 8% das exportações globais”, ele acrescenta.

Curiosamente, José aponta que 74% de todo o café exportado pelo Vietnã, Brasil e Indonésia foi para outros países produtores nesse período. Outro grande exportador é Honduras, que despachou 460.000 sacas para países produtores, incluindo México, Peru, Índia e Colômbia.

Tabela contendo dados sobre as exportações de café verde

Por que há comércio de café verde entre países de origem

João Mattos é o Coordenador Latino-Americano de Produção e Mercado de Café da CLAC Comércio Justo, uma rede que representa todas as organizações certificadas de Comércio Justo da América Latina. Ele explica que há dois motivos pelos quais os países produtores importam café.

Em primeiro lugar, diz ele, atende a demanda doméstica e fornece estoques para o setor de café solúvel, que costuma ser popular. Em segundo lugar, o preço do café recebido é frequentemente muito mais barato devido à sua qualidade inferior.

José concorda, mas acrescenta que é difícil definir o destino das importações. Depois que os grãos entram em um país, é difícil rastreá-los. Portanto, não se sabe quanto dele é usado para solúvel em comparação com quanto é usado para misturas, por exemplo.

Vejamos o México, nono maior produtor de café do mundo, como exemplo. De acordo com os números da ICO, sua produção foi de cerca de 4 milhões de sacas desde 2017.

No entanto, entre 2015 e 2018, a quantidade média anual de café verde importado atingiu 715.000 sacas – a terceira maior para os países produtores. Esses grãos vieram principalmente do Brasil, Vietnã e Honduras.

“O Robusta é ideal para fazer café solúvel, porque tem um rendimento de xícara muito maior”, diz José. “Portanto, um saco de robusta produz mais café solúvel do que um saco de arábica.

“Porém, o México não está importando apenas para satisfazer seu mercado interno. Algumas das importações são realmente processadas e re-exportadas como café solúvel, principalmente para a América Central ”, afirma ele.

Vera Espíndola Rafael é economista agrícola e consultora de café baseada no México e Diretora de Desenvolvimentos Estratégicos da Azahar Coffee. Ela explica que seu país possui uma das maiores indústrias de café solúvel da região.

“No México temos duas fábricas e há outra em construção ”, afirma. “É uma planta enorme, uma das maiores da América Latina para café solúvel, simplesmente porque a Nestlé tem uma presença muito forte. Então o café está sendo importado simplesmente porque é mais barato ”.

Em contraste com a produção, o consumo doméstico no México é baixo – cerca de apenas 1,6 kg de café per capita ao ano. A maior parte das importações é destinada ao atendimento da demanda interna de café solúvel, como explica Vera.

Embora nem todos estejam felizes com a situação, diz ela, as enormes exigências de grandes produtores como a Nestlé os deixam com pouca escolha. “Há a crítica de que o café usado deve ser mexicano”, diz Vera. “A Nestlé entende essa parte e alega estar comprometida em comprar mais café mexicano”.

“Mas, ao fim e ao cabo, a produção do México não é suficiente para atender a demanda de uma fábrica como essa.”

A produção de café em alguns países também foi enfraquecida por surtos de doenças, e João diz que o México é um dos países afetados.

Tabela contendo dados do comércio de café verde global

Comércio de café verde: qualidade e preço

Os diferenciais de preços para o café de cada país também são um fator determinante na comercialização do café verde.

Um exemplo é a Colômbia, que é o terceiro maior país produtor de café do mundo. Em 2019, sua produção totalizou quase 14,8 milhões de sacas de 60kg. Destes, 13,7 milhões (93%) foram exportados.

Consequentemente, sobraram apenas 1,1 milhão de sacas (7%) para atender à demanda local. O consumo interno na Colômbia é estimado em cerca de 1,8 milhão de sacas, deixando uma lacuna de cerca de 700.000 sacas. A Colômbia, portanto, tem que importar café de outros países produtores.

Isso também ocorre porque o prêmio que o café colombiano recebe pela qualidade ao exportar internacionalmente é muito maior do que em países vizinhos com qualidade de exportação semelhante. Equivale, em média, a USD  0,26 a mais por libra-peso no mercado internacional.

João explica: “Em janeiro, o sexto destino mais importante para o Brasil era a Colômbia. Acho que  boa parte vai para o mercado interno, mas também é usado para a indústria de café solúvel.”

Em geral, é aceito que as exportações internacionais resultam em melhores preços para os cafeicultores e que o comércio internacional é benéfico para a economia nacional. Isso também se aplica ao comércio entre origens, especificamente quando o país que compra o café pode pagar um preço mais alto do que o mercado local.

“Se você olhar para os diferenciais de preço de diferentes países hoje, é bastante diverso”, acrescenta João. “Temos países com diferenciais negativos como o Brasil e outros grandes diferenciais como a Costa Rica.”

Por causa das diferenças de preços dos cafés de diferentes origens, algumas pessoas até começaram a contrabandear café entre países vizinhos para obter melhores preços.

René León Gómez é Secretário Executivo da Promecafé. Ele explica que essa prática ilegal é surpreendentemente comum em países produtores, especialmente na América Central onde o preço do grão oferecido por um país de origem pode ser inferior ao pago em outras regiões. “Em Honduras, muitas pessoas na indústria de exportação ou comercialização de café reclamavam e constantemente traziam isso à tona”, diz René.

“Eles alegavam que muito café de Honduras estava escapando para a Guatemala por canais ilegais ou informais,mas nem tudo é desconsiderado. As pessoas que comercializam esse café ou os próprios produtores de café têm seus motivos e nós os entendemos”, ele acrescenta.

René finaliza: “Por exemplo, novamente com o café de Honduras, o preço que está sendo pago no mercado nacional pode ser inferior ao preço pago por um comprador – alguém que está pensando em levar o café para a Guatemala ou o México.”

Tabela contendo dados sobre o comércio de café verde no mundo

Benefícios e desvantagens do comércio de café verde entre países produtores

Apesar de todos os benefícios percebidos, existem alguns críticos dessa dinâmica de negociação única. João e José apoiam. Eles dizem que isso dá aos países comerciais a capacidade de fortalecer os laços comerciais, aumentar o fluxo de caixa e agregar valor ao café de qualidade inferior.

“Sempre há alguma preocupação no setor produtor, em termos de importação. Por exemplo, algumas pessoas acham que isso diminui os preços no mercado interno”, diz José.

“Mas acho que, na maioria das vezes, o que entra no país libera café de melhor qualidade para obter preços mais altos no exterior. Então, há uma certa complementaridade. Não vejo isso tanto em termos de ameaça”, ele acrescenta.

Também existem preocupações sobre a qualidade inferior do café comercializado entre os países produtores, que se concentram em não melhorar a qualidade do café consumido internamente. No entanto, em resposta, José explica que a maioria dos países produtores tem pouco poder de compra em comparação e não consegue sustentar um grande mercado de café de alta qualidade.

“Isso é uma realidade”, diz ele. “Devemos fazer algo a este respeito? Sim. Eu olho para o meu país, o Brasil. Era um país com baixo poder aquisitivo e baixa qualidade no café. Com o tempo, programas de melhoria na qualidade e de marketing aumentaram o volume de consumo. Agora está passando por essa fase de diferenciação, com o surgimento dos cafés especiais”.

“Sou a favor de primeiro fazer o mercado crescer e, posteriormente, segmentá-lo e buscar esse tipo de agregação de valor”, ele finaliza.

Vera concorda, dizendo que participou de um estudo relevante. O estudo indica que, nos próximos anos, os preços do café não devem subir. Nesse caso, será necessário estimular o consumo interno de cafés de melhor qualidade. Isso reduziria a pressão sobre os países produtores criada pelo mercado internacional.

“A criação de um programa de promoção do consumo de café teve sucesso tanto no Brasil quanto na Colômbia. Houve treinamento de profissionais e disponibilização de informação para os consumidores e, assim, aumentou-se o consumo de café. Isso levou a uma maior demanda no entendimento dos cafés especiais locais”, ela afirma.

tabela contendo dados a respeito do comécio de café verde

O comércio de café verde entre os países produtores é um fenômeno único no setor cafeeiro que raramente se discute. É, embora complicada, uma forma de os agricultores dos países produtores obterem melhores preços pelo café que cultivam.

São preços que não necessariamente seriam alcançados no mercado interno. Ao mesmo tempo, também ajuda a atender a demanda por café solúvel e o consumo doméstico.

No papel, essa não é necessariamente uma relação negativa. O principal objetivo desses países é garantir um mercado para a produção de seus agricultores e manter uma economia saudável.

No entanto, isso abre uma outra discussão: como os países produtores podem promover o consumo interno de café de melhor qualidade. Isso, por sua vez, melhorará enormemente a subsistência dos cafeicultores locais e a sustentabilidade da produção de café a longo prazo.

Gostou? Então leia nosso artigo sobre o que está impedindo os países produtores de cultivar o consumo de café.

Créditos das fotos: Tatiana Guerrero, OIC.

Postado originalmente no PDG Español.

Tradução: Daniela Andrade.

PDG Brasil

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Como o El Niño afeta a produção de café? https://perfectdailygrind.com/pt/2022/11/28/como-el-nino-afeta-producao-de-cafe/ Mon, 28 Nov 2022 11:04:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=11790 Sabemos que as principais áreas de cultivo de café ao redor do Globo Terrestre se encontram numa faixa chamada de “Cinturão dos Grãos”, localizada entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Apesar de apresentar as condições ideais para a produção de café, nesta área também há registros frequentes de padrões climáticos incomuns como ciclones e furacões. E um dos fenômenos mais […]

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Sabemos que as principais áreas de cultivo de café ao redor do Globo Terrestre se encontram numa faixa chamada de “Cinturão dos Grãos”, localizada entre os trópicos de Câncer e Capricórnio.

Apesar de apresentar as condições ideais para a produção de café, nesta área também há registros frequentes de padrões climáticos incomuns como ciclones e furacões. E um dos fenômenos mais importantes é conhecido como El Niño.

Trata-se de um fenômeno complexo, causado por variações nas temperaturas oceânicas no Pacífico equatorial, cujos efeitos são mais sentidos com maior intensidade na América Latina.Ali as temperaturas e o regime de chuvas são bastante afetados, trazendo consequências à cadeia produtiva do café.

Para saber mais sobre o El Niño, conversei com alguns especialistas da indústria regional. Eles me contaram mais sobre o que é e como pode afetar a produção de café na América Latina. Continue a ler para saber mais.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre como  os produtores de café podem se preparar para um clima inesperado.

Mulher, de perfil, em meio à pés de café, analisando os frutos em um deles

O que é o El Niño

El Niño (O Menino, em espanhol) é um fenômeno climático que a cada intervalo entre dois ou sete anos e tem duração que varia de dois meses a dois anos, dentro dessa janela.

De uma forma bastante simplificada, ele pode ser descrito como o aumento da temperatura de uma faixa de água do oceano no Pacífico central e oriental – incluindo a costa do Pacífico da América do Sul.

Ele é ainda uma fase de um fenômeno climático mais amplo conhecido como El Niño-Oscilação Sul (ENSO), um período de padrões de vento variados e temperaturas irregulares da superfície do mar no Oceano Pacífico, que foi observado pela última vez entre 2018 e 2019.

O El Niño faz com que uma área de águas superficiais quentes surja nas áreas central e oriental do oceano, criando uma “faixa” ao longo da costa da América do Sul e Central. Isso traz como consequências temperaturas mais altas e aumento nas possibilidades de ocorrência de tempestades.

Curiosamente, o El Niño tem um efeito diferente no sudeste da Ásia, na Oceania e no sul da China. Embora essas regiões também possam experimentar um aumento nas temperaturas, esse aumento é acompanhado por longos períodos de seca.

Esse fenômeno normalmente cria condições secas e quentes na América Central, norte do Brasil e Colômbia. No entanto, durante a primavera e o verão também faz com que o sul do Brasil, o norte da Argentina e o Chile recebam mais chuvas do que o normal.

A fase fria do ENSO, quando as temperaturas da superfície da água no Pacífico oriental são mais frias do que o normal, é conhecida como La Niña (a menina). Tanto o El Niño quanto o La Niña influenciam direta ou indiretamente os padrões climáticos em todo o mundo.

Homem com boné, de costas, olhando para a lavoura de café

Como o El Niño afeta a produção de café

O clima desempenha um papel vital em todos os aspectos da produção de café, dado que tanto a temperatura quanto as chuvas têm grande influência no rendimento dos cafeeiros e na qualidade dos seus frutos.

O impacto causado pelo El Niño depende da intensidade das condições que ele traz. Embora os meteorologistas sejam capazes de prever a incidência do fenômeno com algum grau de precisão, seus efeitos  geralmente são sentidos apenas depois que o café é colhido e processado.

Nos casos em que o El Niño causa temperaturas mais altas e chuvas reduzidas, as fazendas que costumam ter pouco sol e chuvas intensas costumam ter um aumento na produção. No entanto, fazendas em altitudes mais baixas com solos de baixa retenção de umidade podem experimentar o desenvolvimento de árvores atrofiadas e, como resultado, rendimentos mais baixos.

Ana Lucrecia Glaesel Coloma é Coordenadora de Marketing e Comunicação da Anacafe. Ela me disse que o El Niño pode ser surpreendentemente benéfico para certas regiões.

“Em muitas áreas de cultivo de café na Guatemala, em um ano normal, chove entre 3.000 e 5.000 mm por ano. Com o El Niño, esse volume pode cair para cerca de 2.000 mm e com isso temos melhores rendimentos e mais intensidade de sabores”, diz ela.

Maria Alejandra Olana trabalha em Vendas de Cafés Especiais na Federação Colombiana de Cafeicultores (FNC). Ela diz que embora o El Niño possa ser benéfico para a produção de café, também pode ter efeitos negativos devastadores em algumas áreas.

“Quando o El Niño traz condições muito secas, isso afeta negativamente o crescimento”, ela afirma. “Isso pode causar um desenvolvimento incorreto de todo o cafeeiro, levando a uma produção menor de cerejas.” O tempo seco também pode significar mais insetos, expondo as plantações a pragas como a broca.

A seca é menos problemática em regiões com solo com boa retenção de água, como em certas partes da Colômbia. No entanto, em regiões que o solo é “mais seco” (como México e partes do norte do Equador, Colômbia e Peru), longos períodos sem chuva podem resultar em rendimentos muito baixos.

E assim como a falta de chuvas é um problema, o excesso também pode ser problemático. No Brasil, por exemplo, o El Niño pode causar chuvas excessivas e com isso sobrecarregar a capacidade de retenção de água do solo, inundando as plantações de café e, potencialmente, causando uma floração irregular.

Isso, por sua vez, significa que as cerejas de café não amadurecem uniformemente – o que geralmente está associado a lotes de qualidade inferior.

Close-up em um ramo de um cafeeiro, com frutos verdes e ferrugem nas folhas

Mudanças climáticas e o El Niño

As mudanças climáticas complicaram ainda mais o ENSO – um padrão climático já irregular. Isso pode causar dificuldades para os produtores que procuram planejar e projetar seus níveis de produção.

As fases recentes do El Niño têm sido irregulares, mas não há consenso sobre se a mudança climática é melhor ou pior para os ciclos ENSO. No entanto, em algumas regiões, o El Niño pode acentuar os efeitos das mudanças climáticas que já são vivenciados atualmente.

Marianella Baez Jost, sócia do Farmers Project e proprietária do Finca Cafe Con Amor na Costa Rica, conta que as mudanças climáticas em geral significam que os cafeicultores precisam colher prematuramente, o que leva a interrupções subsequentes no plantio, poda e colheita.

Ela acrescenta: “Com a mudança climática já causando um aumento na temperatura, os aumentos adicionais de temperatura do El Niño levaram a ferrugem do café a encontrar condições para se instalar nos cafeeiros de altitudes onde normalmente ela não seria um problema”.

Por outro lado, um aumento nas temperaturas também pode permitir que os cafeicultores se mudem para áreas que antes eram inadequadas para a produção de café.

Mudas de café plantadas

Como o El Niño afeta o preço C

Em todo o mundo, a renda dos cafeicultores está vinculada ao preço C, que é bastante volátil dependendo de certos fatores. O El Niño, com seus padrões climáticos imprevisíveis, é um deles.

Ao afetar indiretamente a produtividade da colheita, o El Niño influencia a demanda e a confiança do mercado – o que afeta diretamente os produtores, segundo Maria. “Durante um forte e severo El Niño, os cafés disponíveis são escassos e podem ser de qualidade inferior impactando o preço pago aos produtores”.

Ana concorda, citando o impacto direto no preço de mercado quando o fenômeno atinge grandes produtores de café como o Brasil. “isso repercute no preço global devido à incerteza que gera nos compradores”, explica.

Como se preparar para o El Niño

Reduzir o impacto de padrões climáticos complexos como o El Niño pode ser crucial para os produtores. No entanto, por meio de um gerenciamento cuidadoso da fazenda e da planta, os efeitos adversos desses fenômenos podem ser gerenciados com eficácia.

“As principais recomendações são uso de café à sombra, análise de solo, aplicação de fertilizantes balanceados, incorporação de matéria orgânica, construção de curvas de nível e terraços), evitar o controle químico de ervas daninhas, permissão da presença de cobertura do solo e captação de água da chuva”, afirma Ana.

“Quando se trata de café processado em via úmida, os registros de garantia e o constante monitoramento da qualidade, além da dinâmica da secagem ao sol, a avaliação da umidade relativa do ar e da temperatura do armazém são fatores a ser considerados durante o El Niño.”

Marianella também enfatiza a importância dos testes anuais de solo. Ela diz que isso permite aos produtores o ajuste no manejo de nutrientes e o acompanhamento das deficiências que podem se tornar mais proeminentes durante padrões climáticos irregulares.

Ela também concorda que a sombra é vital. “Quando esperamos seca e menos chuvas, especialmente durante o El Niño, o sombreamento nos ajuda a manter a umidade. Isso significa que as plantas de café podem permanecer frescas e sem queimaduras de sol.”

Pesquisar e implementar sistemas de irrigação pode garantir que suas plantas de café obtenham a quantidade necessária de água durante as secas. Em certas áreas afetadas, também pode valer a pena procurar soluções para o manejo de pragas, bem como evitar o plantio de variedades mais suscetíveis a doenças.

Grãos de café secando num terreiro coberto

Os efeitos do El Niño são complexos e é muito difícil rotulá-los como negativos ou positivos, já que o impacto exato varia amplamente de região para região. Em algumas áreas, a produção de café se beneficia com o aumento das chuvas, enquanto em outras, a seca que ela causa pode prejudicar a qualidade e a produtividade do café.

Com planejamento e práticas agrícolas corretas, pode-se prever o que o El Niño pode trazer como consequências. Isso permite aos produtores explorar os efeitos benéficos do fenômeno ou minimizar quaisquer impactos negativos.

Gostou? Então leia nosso guia para  secagem de café.

Créditos das fotos: Finca Cafe Con Amor, Farmers Project

Tradução: Daniela Andrade.

PDG Brasil

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Elasticidade-preço da demanda: O que aconteceria se o café ficasse mais caro? https://perfectdailygrind.com/pt/2022/11/23/o-que-aconteceria-se-o-cafe-ficasse-mais-caro/ Wed, 23 Nov 2022 11:06:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=11724 Quanto você pagaria por uma xícara de café? Se um café coado custasse o mesmo que um copo de uísque, você o beberia com a mesma frequência? Se um pacote de café custasse o dobro do que custa agora você ainda compraria no mesmo ritmo? Você estaria disposto a gastar menos em outras coisas para poder comprar […]

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Quanto você pagaria por uma xícara de café?

Se um café coado custasse o mesmo que um copo de uísque, você o beberia com a mesma frequência? Se um pacote de café custasse o dobro do que custa agora você ainda compraria no mesmo ritmo? Você estaria disposto a gastar menos em outras coisas para poder comprar um café?

Em economia, a forma como o comportamento de compra muda com base nas alterações de preço é chamada de “elasticidade-preço da demanda”. No setor cafeeiro, a fixação de preços é uma questão controversa e bastante discutida. O chamado “preço C” afeta agricultores, comerciantes e torrefadores em todo o mundo.

Muitos argumentam que os cafeicultores precisam receber valores mais altos para deixar de viver de subsistência e tornar suas lavouras verdadeiramente sustentáveis. Mas como as mudanças nas políticas de precificação do café afetariam o seu consumo?

Continue lendo para aprender mais sobre a elasticidade-preço da demanda e por que ela é tão importante no setor cafeeiro.

Você também pode gostar de nosso artigo sobre a história inicial do mercado C.

Prancheta com três blocos de grãos de café crus

Elasticidade-preço da demanda: primeiras impressões

Em economia, a palavra “elasticidade” é usada para descrever como o comportamento muda devido a uma mudança no contexto.

A elasticidade-preço da demanda é apenas um tipo de elasticidade. Refere-se a quanto mais ou menos de algo as pessoas comprariam se o preço mudasse.

É importante no setor cafeeiro, especialmente para os formuladores de políticas e os principais atores do setor que buscam mudar a maneira como a cadeia de valor do café funciona.

Muitos dos estimados 24 milhões de cafeicultores do mundo enfrentam dificuldades financeiras, com os preços baixos e a volatilidade frequentemente apontados como fatores contribuintes. Embora seja fácil dizer que pagar mais pode resolver o problema, prever como isso influencia as decisões de compra dos consumidores não é simples.

A complexidade dessa tarefa costuma ser subestimada, o que significa que, quando as decisões são tomadas, elas costumam ser baseadas nas suposições que os tomadores de decisão ou especialistas fizeram sobre o comportamento esperado do consumidor.

Infelizmente, porém, essas previsões de “bom senso” costumam ser insuficientes. Em termos gerais, eles serão baseados em evidências comportamentais anteriores e, portanto, serão menos relevantes ou tendenciosos.

Ramo de um cafeeiro com grãos ainda em processo de maturação

Princípios fundamentais

Se aceitarmos que a evidência histórica não é suficiente para prever adequadamente o comportamento futuro do comprador, como você determina o que acontecerá com o comportamento de compra se aumentarmos o preço do café?

Bem, o primeiro passo é entender as relações e os diferentes fatores que influenciam as decisões de compra. Isso nos ajudará a entender as relações de causa e efeito.

Na maioria dos mercados se verifica o que é chamado de “elasticidade-preço negativa da demanda”.

gráfico da elasticidade-preço da demanda, mostrando a variação no consumo de algo em função do seu preço

Nela, as pessoas compram mais à medida que o preço baixa e menos à medida em que o produto fica mais caro. A elasticidade é justamente o resultado dessa relação entre a quantidade comprada e as alterações nos preços.

Se uma mudança de preço não causa grandes alterações na demanda, consideramos que ela é inelástica. No entanto, se a demanda é altamente dependente do preço, consideramos que há grande elasticidade.

Com menor elasticidade-preço da demanda, a curva acima fica mais íngreme; com maior elasticidade ela fica mais plana, como você pode ver abaixo.

Gráfico de uma demanda relativamente inelástica, onde a demanda pouco se altera em função do preço
gráfico de uma demanda altamente elástica, onde há muita alteração na demanda em função do preço

Utilidade marginal e rendimentos decrescentes

Claro, fica muito mais complicado do que isso. A partir de um gráfico, é fácil dizer que um preço mais baixo poderia aumentar a quantidade demandada a um ponto teoricamente infinito, o que não se aplica na realidade porque simplesmente não existiria produto suficiente para suprir essa demanda

Em primeiro lugar, temos que considerar a lei dos rendimentos decrescentes. Ela está relacionada ao conceito de que as pessoas vão consumir mais de algo quando é mais barato e pressupõe que mais é “melhor”.

Partindo desse princípio, podemos perguntar: dois espressos são melhores do que um? Para as pessoas que gostam dessa bebida, provavelmente podemos dizer que sim. Mas e dez espressos? Depois de duas ou três xícaras a maioria das pessoas provavelmente não vai optar por beber outro, mesmo que fosse de graça.

O quanto um consumidor gosta ou aprecia ter um produto, no caso as doses de espresso, é chamado de “utilidade” do produto e, a partir dessa linha de pensamento, podemos concluir que ela é maior quando se pede a primeira xícara do que na terceira ou na quarta, e assim sucessivamente.

A “dose extra” de satisfação que um comprador passa ter quando tem acesso a mais unidades de algo é chamada de “utilidade marginal”, e para entender como isso influencia a elasticidade-preço da demanda dê uma olhada no gráfico abaixo:

Gráfico compreendendo o conceito de utilidade do produto em função da quantidade demandada

Substitutos: como eles afetam a elasticidade-preço da demanda no café

Outro conceito muito importante ao prever a demanda por um produto é a substituição. A “elasticidade-preço cruzada da demanda” é o quanto a demanda por um produto muda de acordo com o preço de outro que poderia substituí-lo.

Para simplificar: se o café se tornasse extremamente caro, as pessoas poderiam passar a escolher tomar chá. Por outro lado, se o chá ficar muito caro, a demanda por café pode muito bem aumentar.

Gráfico da elasticidade-preço da demanda quando se analisam substitutos de um produto

A disposição dos consumidores em aceitar um substituto para um produto é chamada de “taxa marginal de substituição”. 

Se um consumidor se satisfaz da mesma forma ou com pouca variação quando troca o café pelo chá em função do preço, é mais provável que ele faça a troca de um pelo outro.No entanto, isso não ocorre caso os consumidores tenham uma elevada predileção por esse ou aquele produto.

A mesma lógica pode ser aplicada em diferentes segmentos do setor cafeeiro. Se os preços do café especial giram em torno de US$ 15, enquanto os do café tradicional de US$ 10, o consumidor compraria o de melhor qualidade se considerasse que a satisfação que obtém dele é igual ou superior aos 5 dólares de diferença entre os dois tipos.

Há ainda outra pergunta a se fazer nesse sentido: com esse valor da diferença entre os dois produtos, o consumidor poderia comprar algum outro item que lhe traria mais satisfação do que a qualidade do café? Ele ficaria mais satisfeito por beber um café especial ou preferiria pagar por um café tradicional e um sanduíche?

Grãos de café secando em terreiro

O que a elasticidade-preço da demanda significa para o setor cafeeiro?

Esses vários exemplos ilustram, acima de tudo, que a questão sobre a intenção de pagar mais ou não por seu café não tem uma resposta simples, e que isso sempre depende do contexto.

Mas como esse conhecimento da elasticidade-preço se relaciona com o mundo real? Quais são as implicações para o setor cafeeiro em que vivemos e trabalhamos?

O café, como uma única categoria de produto, é geralmente tido como razoavelmente inelástico em relação ao preço nos mercados consumidores de alta renda, o que pode ser verificado nesse artigo de 2005. Quanto aos mercados de renda mais baixa, infelizmente há menos informações disponíveis.

Também sabemos que o café é uma categoria de produto muito competitiva em muitos mercados consumidores, já que caso o café se tornasse um pouco mais caro em geral seria improvável que os varejistas aumentassem muito os preços finais para os consumidores. Isso porque eles provavelmente passariam a comprar produtos substitutos comparáveis a preços mais baixos.

Já foi visto ainda, historicamente, que em meio a picos de preço os torrefadores aumentam o uso de cafés mais baratos em seus blends, como robustas de grau commodity ou arábicas de pontuação mais baixa. Isso os ajudou equiparar os custos e a evitar o aumento dos preços para o consumidor final, o que tornaria seus produtos menos competitivos.

Caso no. 1: Você poderia aumentar os preços do café para que os produtores ganhem mais dinheiro?

Existem vários argumentos para explicar por que o aumento artificial dos preços no consumidor final levaria ou não aos resultados desejáveis.

Ao examinar as implicações da elasticidade-preço da demanda, conforme mencionado, o aumento teórico dos preços ao consumidor não levaria a uma redução significativa da demanda, assim como não há evidências de uma elevação no preço do varejo resultem um aumento nos preços do café verde.

No entanto, se um aumento no preço do café verde fosse ditado por grupos de produtores, a cadeia de abastecimento posterior (torrefadores e varejistas) e seus clientes teoricamente seriam capazes de absorvê-lo.

close em punhado de grãos de café de processamento natural (com as cascas), sobre uma mesa.

Caso no. 2: Podemos promover o consumo nos países produtores de café?

Há um argumento popular de que, se a demanda por café aumentar e a oferta permanecer estável, os preços naturalmente aumentarão. Como a demanda é inelástica ao preço (ou seja, não é sensível ao preço), então, em teoria, o mercado deveria consumir a mesma quantidade, mesmo a preços um pouco mais altos.

Como a maioria dos países importadores de café de alta renda está saturada com as marcas existentes, muitos procuram os países produtores de café para impulsionar uma nova demanda.

Em alguns países produtores que exportam a grande maioria de sua produção e importam café de baixo custo do exterior, temos visto uma pressão para proibir as importações e aumentar a demanda pelo café produzido localmente. Em teoria, isso pressionaria automaticamente os preços para cima.

No entanto, a eficácia dessas medidas dependeria maciçamente da elasticidade-preço da demanda no mercado em questão. Em países de renda mais baixa, as pessoas têm menos renda disponível e um hipotético aumento no preço do café poderia cortar o orçamento de bens e serviços “essenciais”, como alimentação, abrigo e roupas.

Se as pessoas têm dinheiro suficiente para comprar café, leite e pão aos preços atuais e o café fica mais caro, precisamos saber se comprariam menos leite ou pão para beber café. Pão e leite são mais propensos a serem considerados essenciais e, portanto, oferecem mais utilidade, remetendo à ideia de utilidade marginal tendo uma relação com a demanda.

Se uma medida destinada a aumentar a demanda por café produzido internamente fez com que o preço subisse, há uma boa chance de que ela pudesse, inadvertidamente, reduzir a demanda até certo ponto. Isso atenuaria a eficácia da política.

Grãos de café com muitos defeitos sobre uma mesa

Em última análise, esses são apenas alguns dos muitos fatores a serem levados em consideração ao avaliar medidas que podem alterar ou influenciar o preço do café.

Embora esses conceitos possam ajudar proprietários de empresas, legisladores e produtores a entender o que acontece quando o preço do café muda, a realidade é que eles ainda são muito teóricos. Para realmente entender como o mercado reagirá quando o preço mudar, é importante reunir o máximo de dados possível e realizar todas as análises relevantes.

Gostou? Em seguida, leia nosso artigo sobre como repensar o preço C.

Créditos das fotos: Karl Wienhold, Cedro Alto

Perfect Daily Grind

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Entendendo a colheita tardia de café na Chapada Diamantina https://perfectdailygrind.com/pt/2022/10/13/entendendo-a-colheita-tardia-de-cafe-na-chapada-diamantina/ Thu, 13 Oct 2022 16:06:42 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=11040 A colheita do café no Brasil costuma ocorrer entre os meses de abril a agosto. Em geral, temos mais de 90% da safra colhida até agosto. Mas e a safra restante?   A resposta é o que buscamos com esse artigo do PDG Brasil, entrevistando produtores de referência na Chapada Diamantina para fecharmos uma melhor compreensão […]

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A colheita do café no Brasil costuma ocorrer entre os meses de abril a agosto. Em geral, temos mais de 90% da safra colhida até agosto. Mas e a safra restante?  

A resposta é o que buscamos com esse artigo do PDG Brasil, entrevistando produtores de referência na Chapada Diamantina para fecharmos uma melhor compreensão da colheita tardia, também conhecida como colheita fora de época que pode durar até o mês de outubro na região.

Você também pode gostar de ler nosso artigo sobre Como cuidar da lavoura após a colheita?

O que ocasiona a colheita tardia na Chapada?

Iniciamos as conversas com um dos ícones da cultura cafeeira de excelência no Brasil, o produtor Antônio Rigno do Café Rigno, o único tricampeão no mundo (2009, 2014 e 2015) do Concurso Cup of Excellence, promovido pela BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais). 

Em 2002, o proprietário das Fazendas São Judas Tadeu e Ouro Verde em Piatã (BA) iniciou sua produção de cafés especiais, buscando dar mais visibilidade ao seu café com a participação em concursos, o que daria naturalmente um maior retorno financeiro. E assim aconteceu quando o Café Rigno foi premiado como o melhor café baiano em 2003, 2004 e 2005 pela ASSOCAFÉ Bahia (Associação dos Produtores de Café da Bahia).

Os 80 hectares de produção das variedades catuaí (vermelho e amarelo) e bourbon entregam uma xícara com nuances de rapadura, capim-limão e frutas vermelhas. 

Além da produção premiada, na própria fazenda, há uma cafeteria chamada Recanto do Café, onde Dona Terezinha, esposa de Antônio, prepara um delicioso café colonial.

Um dos fatores que proporcionam ao café tamanha qualidade é a colheita tardia. Rigno nos explica que, entre os meses de outubro a junho do ano seguinte, o clima é frio e seco na região, o que entardece a maturação. Somada a isso, uma secagem mais lenta tende a conservar mais os atributos do café. E, com isso, alcançam os prêmios e o reconhecimento do mercado e dos consumidores. “Sou um produtor realizado!”, diz. 

Vantagens da colheita tardia

Fomos muito bem recebidos na Chácara Vista Alegre pela nova geração de produtores de cafés especiais na Chapada Diamantina, o casal Renato Rodrigues e Tainã Bittencourt e seus filhos Benjamin e Sara. 

Renato é diretor comercial da COOPIATÃ (Cooperativa de Cafés Especiais e Agropecuária de Piatã), além de ser um especialista na comercialização de café verde ou grão cru e ter alcançado o posto de 6° melhor café do Brasil no Cup of Excellence da BSCA em 2021.

Segundo as palavras de Antônio Rigno, ” Renato e Tainã são o futuro da cafeicultura na Chapada Diamantina”. E comprovamos isso na aula que Renato Rodrigues nos deu sobre o café na região.

Renato nos apresentou duas visões sobre o tema. A primeira é que o fato de a região ser composta basicamente por produtores de agricultura familiar isso propicia a colheita ser seletiva, manual e a “panha” poder ser realizada quantas vezes forem necessárias. Assim já ocorre a primeira seleção do fruto ainda no pé.

A maturação ideal proporciona o ápice dos atributos no grão, uma vez que, quando a umidade sai do fruto, é nesse momento que os açúcares permanecem na película e trazem mais complexidade à xícara. O microclima frio, seco e de umidade baixa também contribuem, ajudando o café a virar “passa” ainda no cafeeiro.

Um grande ponto de informação conforme Renato citou é que a umidade baixa leva a uma boa estadia do fruto no pé; em contrapartida caso ocorresse uma elevada umidade, a probabilidade seria maior para o desenvolvimento de fungos, o que poderia ocasionar uma fermentação indesejada. 

Uma segunda visão da colheita fora de época é que essa se dá devido à florada ocorrendo mais tardiamente, conforme o sombreamento do cafezal e à própria variedade cultivada.

O descanso pós-colheita é outro ponto de indagação, e eis que o produtor tão jovem quanto sábio, nos diz que seu café permanece por até 60 dias (natural) e de 90 a 120 dias (CD/cereja descascado) nessa etapa. Um tempo fundamental para que a bebida fique “redonda” na xícara, conforme Renato.

Como isso afeta o mercado de café e o consumidor? 

Sobre o diferencial dessa colheita tardia para o mercado consumidor, Renato diz: “Temos como resultado uma bebida com mais complexidade, o que nos dá mais acesso a um mercado competitivo como o de cafés especiais. São cafés geralmente mais densos e que passarão mais tempo ‘vivos’, objetivando passar bem pela entressafra”.

Essa é a opinião também de Eulino, produtor da região cafeeira mais alta em Piatã: Santa Bárbara, situada a 1.400 m de altitude. 

Sr. Liu, como é conhecido, atribui ao microclima, mas também ao solo argiloso que auxilia na umidade do grão e a uma adubação mais “segura”, como os diferenciais dessa localidade.

O experiente produtor nos afirma: “O café na colheita tardia possui um amadurecimento mais lento e maior complexidade, tendo como uma das bases de preço o café das outras regiões produtoras do país que já fora precificado. E esse é um parâmetro importante, não esquecendo que é a bebida na xícara o maior parâmetro quando da negociação do produto com os compradores, sejam eles internos ou externos”.

Os cafés produzidos na Santa Bárbara vão em grande parte para os maiores consumidores per capita de café no planeta, os nórdicos europeus, e também para a Austrália, na Oceania. O Brasil figura apenas como 14° país nesse ranking, apesar de sermos os maiores produtores e exportadores no mundo. 

Eulino, um produtor vivido e comprometido com a cafeicultura salienta que “o consumidor deveria ter mais conhecimento da nossa ‘lida’ na roça, para assim valorizar mais nosso produto”. Palavras de quem há décadas produz café de qualidade com chuva e sol, noite e dia, frio e calor. Os cafés da Santa Bárbara ainda não possuem redes sociais, mas é possível o contato via e-mail: heloisoassuncao@gmail.com e romamattos9@gmail.com.

Como superar os desafios dessa colheita tardia

Conversamos também com Kleumon Moreira, do Café Entre Vales, produzido no Sítio Canaã, um parceiro dos novos empreendimentos da Sílvio Leite Café. Para quem não conhece, Silvio Leite é um personagem de extrema relevância para os cafés da Chapada Diamantina alcançarem o mundo. Agora proprietário da Fazenda Cerca de Pedra São Benedito, Silvio também é head judge e um dos fundadores do Programa de Protocolo do Cup of Excellence. No ano de 2021, na primeira amostra enviada para o Concurso COE, esse já alcançou o 17° posto entre os finalistas.

Foi com Kleumon que conversamos sobre o diferencial da colheita tardia, justamente quando as outras regiões do país estão entrando na entressafra. “Conseguimos uma melhor qualidade do café devido ao maior tempo recebendo os nutrientes do cafeeiro”, explica. 

“Em contrapartida, temos um aumento no nosso custo de produção, em especial a mão de obra, devido ao aumento do número de vezes que as ‘panhadeiras’ devem retornar ao cafeeiro, colhendo apenas os maduros em duas ou até três ‘panhas’ em dias distintos”, diz.

Nos aprofundamos mais no tema e buscamos a compreensão da Single Origin Brazil e o impacto e consequências da colheita fora de época nessa realidade.

Segundo Kleumon, os compradores externos buscam os microlotes para fortalecer a “Single Origin Brazil” e quebrar o paradigma de que os cafés brasileiros são utilizados exclusivamente para blends com cafés de outros países.

Os importadores têm a expectativa de obter os cafés brasileiros entre dezembro e janeiro; porém têm o entendimento de que o café que chegará apenas em fevereiro se deve ao tempo necessário para o alcance da excelência da qualidade.

O jovem produtor complementa: “É fundamental ter o conhecimento da janela de tempo para que nossos cafés não choquem com a chegada de cafés de outras regiões do mundo ao mesmo destino”. 

As palavras de Kleumon nos leva à reflexão de que nossos cafés têm acesso a qualquer lugar do mundo, pois percebemos nessas andanças pelas fazendas produtoras um trabalho árduo e dedicado para que cada vez mais sejamos reconhecidos mundialmente pela qualidade do café aqui produzido.

Kleumon é mais um produtor da nova geração que, junto à sua esposa Diana, seu filho Caio e a mais nova integrante da família, a vindoura Valentina, bebeu da fonte dos pioneiros como Michael Alcântara, do Café Gourmet Piatã, e Antônio Rigno, do Café Rigno, visando agregarem valor e conhecimento aos cafés especiais produzidos nesta região privilegiada da Bahia para o cultivo do nosso apreciado “ouro negro”.

Pudemos ver como a Chapada Diamantina tem se destacado em concursos de qualidade. Os motivos para a excelência dos cafés da região são muitos, mas especialmente envolvem a questão da colheita tardia, que contribui com a manutenção de muitos atributos positivos nas xícaras. Há desafios para a produção, especialmente quanto ao entendimento do mercado sobre o período de disponibilidade desses cafés. Mas não há dúvidas de que há mais vantagens para os produtores da região, que já conquistam inúmeros prêmios e um bom valor agregado em seus cafés.  

Créditos: Acervo Cafeteria Righo Piatã (lavoura) e Augusto Carvalho (pôr do sol nas montanhas, Recanto do Café, Sr. Antônio Rigno na Lavoura, Terreiro Suspenso na Chácara Vista Alegre, Família de Renato Rodrigues e Tainã Bittencourt, Panorâmica de Santa Bárbara, Sr. Eulino no Terreiro, Cafezal na Fazenda Cerca de Pedra São Benedito, Viveiro de Mudas do Sítio Canaã e Kleumon com sua família no Cafezal).

PDG Brasil

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Frete no Brasil: por que tão caro?   https://perfectdailygrind.com/pt/2022/09/16/frete-no-brasil-por-que-tao-caro/ Fri, 16 Sep 2022 14:03:07 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=10720 Muito tem se falado do alto custo de produção para o produtor de café e o sobe-e-desce dos combustíveis, que, aliado a mais uma série de fatores, acabaram elevando os preços também para outras pontas da cadeia.  Um exemplo foi o frete rodoviário, com mais de 50% de valorização em seus itens de composição, trazendo […]

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Muito tem se falado do alto custo de produção para o produtor de café e o sobe-e-desce dos combustíveis, que, aliado a mais uma série de fatores, acabaram elevando os preços também para outras pontas da cadeia. 

Um exemplo foi o frete rodoviário, com mais de 50% de valorização em seus itens de composição, trazendo novos desafios não só para os produtores, mas também para o setor de torrefação, principalmente os que estão localizados em pontos mais distantes das origens produtoras. 

O PDG Brasil foi buscar entender por que o frete no Brasil é tão caro. Siga lendo para saber o que nossos entrevistados disseram. 

Você também pode gostar de ler Por que a promoção do café do Brasil no exterior é importante?  

produção café

Muitos fatores 

Quando se observa o macroeconômico, que vem puxando a alta dos custos, da inflação, muitos fatores têm influenciado para a valorização expressiva nos custos do frete rodoviário no Brasil. 

De acordo com os dados da Fretebras, só nos últimos 12 meses o frete rodoviário no Brasil foi puxado principalmente pela alta dos insumos, como pneu, lubrificante, entre outros, mas principalmente pelo aumento do diesel registrado nesse período. 

“Porém, vemos que de maio 2021 a maio 2022, o frete no geral nacional, aumentou cerca de 3,8%, enquanto o diesel, principal insumo do transporte rodoviário, aumentou 53%. Vemos, também, que os caminhoneiros têm negociado, mas estão mais atentos aos fretes que de fato valem a pena”, destacou Bruno Hacad, diretor de Operações da Fretebras ao PDG Brasil.  

“As transportadoras têm negociado também os contratos com embarcadores, colocando gatilhos de ajuste de acordo com o aumento do combustível.” 

Desde o dia 24 de fevereiro o mundo sente os impactos do conflito político entre Rússia e Ucrânia, que desde então vem impactando a alta no combustível. Porém, o especialista explica que, apesar do impulso ocasionado pela guerra, a alta já era uma realidade para o setor, devido ao rompimento de cadeias logísticas por causa da pandemia. 

Com a leve redução no valor do diesel, ocorrida no último mês, esse cenário deve ter uma melhora. Mas ainda incipiente. Segundo dados do Ministério da Infraestrutura, a malha ferroviária federal do Brasil tem uma extensão de 75,8 mil quilômetros. Se tratando de um país continental, com margem territorial tão extensa como o Brasil, é comum observar diferentes variações no custo de frete. 

frete no Brasil

Sudeste sofreu mais

Os dados da Fretebras mostram que a região Sudeste, justamente a maior produtora de café do Brasil, foi a que mais sentiu a alta dos fretes, com valorização de mais de 7% no período, puxada principalmente pelos produtos industrializados. 

“Nós monitoramos três grandes setores que juntos somam mais de 50% do PIB. São eles: produtos industrializados, agronegócios e construção. O primeiro (industrializado) foi, de fato, o que registrou maior aumento no preço do frete por km rodado / eixo, quando comparamos maio 2021 x maio 2022. Foi de quase 5%. Naturalmente, como o Sudeste é uma das regiões mais industrializadas, vimos esse aumento no preço do frete”, explica. 

Para ele, outro impacto importante tem a ver com a exportação de commodities. “A Ucrânia e a Rússia são grandes exportadores do agronegócio e, naturalmente, com o bloqueio do comércio internacional com esses países, o mundo olha para outros grandes produtores, como o Brasil. O preço dos grãos lá fora aumenta, a variação cambial é positiva para a exportação, com o dólar em alta, então vemos mais produtores brasileiros destinando uma parte maior da produção para a exportação”, acrescenta.

transporte de café

Digitalização 

Bruno comenta ainda que a pandemia forçou para que o setor se tornasse mais digital, o que inclusive ajudou na redução de custos. Segundo a Fretebras, tanto caminhoneiros, como transportadores passaram a adotar soluções digitais, que resultaram em economia de 20 a 30% nos custos do transporte. 

“Ao buscar caminhoneiros autônomos por meio da nossa plataforma, quando comparado com o aumento da frota própria, por exemplo. Os caminhoneiros também estão mais atentos ao uso dos aplicativos de fretes. Na nossa plataforma, superamos a marca dos 720 mil caminhoneiros ativos, o que representa 47% da frota de autônomos do Brasil”, complementa. 

logística café

Crescimento no índice de fretes

É importante destacar que, inclusive, um estudo realizado pela Fretrebras mostrou que o transporte rodoviário no Sudeste do Brasil cresceu 42% na comparação com o mesmo período em 2021, o que, segundo porta-voz, mostra que a maior região produtora de café do Brasil, está também cada vez mais digitalizada quando o assunto é transporte de carga. 

O levantamento mostra que a alta no período foi de 70,1% na plataforma da Fretebras, que é atualmente a maior plataforma online de transporte de cargas da América Latina. Outro importante estado produtor, o Espírito Santo, aparece na sequência com avanço de 43,8%. São Paulo também apareceu na lista com alta de 26,2% no período. 

“O que temos notado é que o Sudeste está cada vez mais digitalizado, com as transportadoras e os caminhoneiros autônomos utilizando plataformas online para realizar os fretes. Por conta disso, a gente consegue monitorar melhor as movimentações e ajudar eles com um transporte mais seguro e eficiente”, destaca o diretor de operações. 

Quando consideramos todo o país, o volume de frete na plataforma no primeiro trimestre deste ano teve alta de 36,8%. Os dados mostraram que as regiões Centro-Oeste e Sul (com altas de 65,1% e 10,2%, respectivamente) ajudaram a puxar esse crescimento, junto da região Sudeste, pela representatividade dos fretes movimentados nessas localidades. Ao todo foram distribuídos R$ 18 bilhões em fretes de janeiro a março de 2022. 

“O grande fator que está por trás da digitalização das rotas é a pressão da inflação sobre os custos do transporte, puxada principalmente pela alta do diesel [verificada até agosto deste ano]. O mercado tem notado que a contratação de autônomos usando aplicativos de frete, como o nosso, tem gerado economias de 20 a 30% quando comparado com frota própria. Por isso, grandes setores como agro, construção e indústria apostam por este tipo de solução”, reforça. 

cafés especiais

Sobre a metodologia do estudo 

Pela primeira vez, o estudo buscou entender quais são as rotas que estão mais digitalizadas, ou seja, onde os transportadores têm olhado com mais frequência para a busca de caminhoneiros autônomos para o transporte de suas cargas.

Os dados que compõem a 7ª edição do “Relatório Fretebras – O Transporte Rodoviário de Cargas” têm base no fluxo de dados da Fretebras. Com mais de 695 mil caminhoneiros cadastrados e 18 mil empresas assinantes, os fretes publicados na plataforma cobrem 95% do território nacional.

custo logística café

Piso mínimo do frete rodoviário tem reajuste 

No último dia 19 de julho a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou novo reajuste na tabela de piso mínimo de frete do transporte rodoviário, que vai de 0,87% até 1,96%. 

A atualização está dentro da regra de que a agência deve realizar os reajustes até os dias 20 de janeiro e 20 de julho de cada ano. 

Veja o histórico da lei 

Histórico – A Lei nº 13.703, de 8 de agosto de 2018, que instituiu a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas (PNPM-TRC), determinou que compete à Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT publicar norma com os pisos mínimos referentes ao quilômetro rodado na realização de fretes, por eixo carregado, consideradas as distâncias e as especificidades das cargas definidas no art. 3º da Lei.

O parágrafo 1º do artigo 5º da Lei nº 13.703/2018 estabelece que a ANTT deverá publicar nova tabela com os coeficientes de pisos mínimos atualizados, até os dias 20 de janeiro e 20 de julho de cada ano, estando tais valores válidos para o semestre em que a norma for editada. Por sua vez, o parágrafo 2º do artigo 5º estabelece que na hipótese de a norma não ser publicada nos prazos estabelecidos no § 1º, os valores anteriores permanecerão válidos, atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou por outro que o substitua, no período acumulado.

custo café

Bruno destaca que muitos fatores continuarão influenciando a formação dos preços do frete rodoviário, um cenário muito semelhante ao que vem acontecendo no mercado de café, seja externo ou interno.

Enquanto o mercado aguarda pelo número oficial da safra brasileira, resolução efetiva dos problemas logísticos e acompanha os impactos da guerra no Leste Europeu na economia global para saber a direção dos preços e dos negócios, o analista afirma que fatores como político-econômicos, climáticos e ambientais continuarão no radar do setor ditando o ritmo dos preços, pelo menos, no longo prazo. 

“Precisamos acompanhar de perto as variações do combustível, a inflação e os juros, a guerra da Ucrânia e agora, também, a questão das exportações e importações da China. Internamente, todos os olhos se voltam para as eleições que se aproximam. Para tentar controlar um pouco as variáveis, é importante as empresas e caminhoneiros se digitalizarem cada vez mais, porque o uso de ferramentas digitais permite maior controle, maior acesso à informação”, acrescenta. 

Créditos: Acervo CNA (caminhão/destaque; produtora removendo café no terreiro; produtor com trem ao fundo; caminhão com torre de eletricidade); Projeto Café Gato Mourisco (vista de fazenda de café em São Sebastião da Grama); Hannes Egler (portões de desembarque de mercadorias); Marcin Jozwiak (vista aérea de caminhões estacionados); Annie Spratt (cafeteira moka e xícara).

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