Ganhar um campeonato de café tornou-se uma meta para muitos baristas em todo o mundo. Embora não haja como argumentar que é preciso habilidade, prática e disciplina para ser bem-sucedido, uma grande parte da jornada do campeonato de baristas é o treinamento. No final, um coach para campeonatos de baristas de classe mundial pode dar aos concorrentes a vantagem de que precisam na competição.

Em 2021, o barista colombiano Diego Campos conquistou o primeiro lugar no Campeonato Mundial de Baristas em Milão. Em seu caminho para a vitória, ele trabalhou com Federico Bolaños – um renomado treinador de baristas salvadorenhos que já treinou três vencedores do WBC.

Para saber mais sobre o papel do treinador, as habilidades que um barista deve desenvolver para participar de campeonatos e como escolher o treinador certo, conversei com Federico, juntamente com o ex-campeão mundial de Baristas Alejandro Méndez e Luis Vélez do Café Amor Perfecto. Continue a ler para saber o que disseram.

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O papel do coach para campeonatos de baristas

Além de ser um treinador de baristas, Federico é um instrutor da SCA, um Q grader e proprietário da Alquimia Coffee. Ele descobriu o café especial em 2003, e desde então a área se tornou sua grande paixão. Seu trabalho como coach para campeonatos de baristas começou em 2008.

“Preparei baristas de diferentes países do mundo para ganhar 18 campeonatos nacionais”, diz ele. “Ao longo de 10 anos, treinei três campeões mundiais, dois finalistas e cinco semifinalistas para o Campeonato Mundial de Baristas.”

Surpreendentemente, cada barista que Federico treinou chegou às finais de suas respectivas competições. “treinamento e competição são coisas muito diferentes. É importante que a pessoa que você escolhe tenha experiência comprovada como coach, e não como concorrente”, ele afirma.

Para ilustrar seu ponto, ele acrescenta que, embora tenha participado ao lado de dois de seus estagiários no Campeonato Nacional de 2008 em El Salvador, ele chegou às finais, enquanto os outros dois ganharam o primeiro e o segundo lugar.

Luis Velez é o fundador da Amor Perfecto, uma torrefação e rede de cafeterias na Colômbia, onde Diego Campos trabalha. Ambos trabalharam com muita proximidade durante a jornada de Campos para as finais do WBC em 2021.

Segundo Luis, “Um bom treinador é alguém que conhece muito bem a competição, alguém que realmente sabe o que os juízes estão procurando. Um coach deve ajudar o barista em todas as partes da apresentação. Eles devem ser profissionais com criatividade e conhecimento para construir uma rotina do zero.”

Em que os baristas devem se concentrar ao treinar para uma competição?

Alejandro Méndez é um vencedor do WBC que, assim como Diego Campos, foi treinado por Federico. Ele se tornou o primeiro Campeão Mundial de Baristas da América Latina em 2011, quando os campeonatos foram realizados em Bogotá, Colômbia.

Tanto Federico quanto Alejandro me dizem que os baristas devem começar a procurar um coach para campeonatos de baristas pelo menos um ano antes de uma competição. Alejandro diz que isso ajuda você a desenvolver “um plano estratégico para encontrar o café”.

Federico explica que ele orienta os concorrentes através do processo de seleção de seus cafés, bem como a encontrar o perfil de torra certo para eles. No entanto, ele também observa que, além dessas áreas técnicas, é importante que um coach ajude a definir o conceito da apresentação, prestar atenção aos detalhes, praticar e desenvolver uma bebida exclusiva.

Inteligência emocional e outras habiliadades

Alejandro acrescenta que os soft skills, incluindo a linguagem corporal, também são de vital importância. “A maneira como um barista se move pela estação, os passos, a aparência… tudo tem que ser planejado”, explica. “É importante pensar em como os juízes veem o barista.”

Em 2019, o Campeão Mundial de Baristas foi Jooyeon Jeon, também treinado por Federico. Comparando sua rotina com a de Campos, podemos ver como eles usaram o movimento e a atmosfera para melhorar sua rotina.

Em sua apresentação, Jeon fez com que os juízes se movessem pela estação com ela e se sentassem nas mesas para criar uma atmosfera mais íntima. Dois anos depois, Campos aproveitou a neuro-gastronomia misturando diferentes sentidos com um vídeo reproduzido em um tablet, uma bola texturizada, vapor e o sabor e o aroma de seu café.

Seu sucesso mostra que esse tipo de criatividade pode ser uma grande parte das rotinas vencedoras da WBC. Isso é algo que muitos competidores que treinaram com Federico atribuem à sua influência como coach para campeonatos de baristas.

Quais outras habilidades você precisa aprimorar?

Além de uma boa preparação, os baristas também precisam aprimorar outras habilidades para executar uma rotina bem-sucedida.

“Em primeiro lugar, é vital que o barista desenvolva suas habilidades sensoriais”, diz Federico. “Quanto mais um barista puder apreciar a qualidade do café, melhor ele será capaz de fazer pequenos ajustes no processo de preparo do café, levando assim a uma melhoria substancial na xícara.”

Você também deve ter o apoio de outros profissionais, como um torrador qualificado e experiente. “As competições modernas de baristas são como as Olimpíadas do Café”, explica Luís. “Você não pode pensar em ser o número um se não tiver uma equipe apoiando você.”

Federico também diz que é importante que os concorrentes também trabalhem com os mais altos padrões diariamente. Ele diz que muitas vezes você pode distinguir entre aqueles que “atuam” para os 15 minutos de competição, em oposição aos ‘verdadeiros profissionais’. “O estágio mais importante não é a mesa dos juízes no campeonato, mas o bar onde o barista serve café aos seus clientes.”

As habilidades que o WBC procura, de acordo com as regras e regulamentos oficiais do campeonato, incluem o domínio da técnica, arte, comunicação e habilidades de serviço.Os juízes também querem ver a paixão de um concorrente pela profissão de barista.

Outras qualidades nas quais um barista deve se concentrar são:

• Consistência na preparação e treinamento do café;
•  Paixão, que é mostrada através da participação em eventos, constantemente aprendendo e continuando a praticar;
• Confiança, que muitas vezes é demonstrada através da autoconfiança e na rotina;
•  Respeito e reconhecimento pelo trabalho árduo realizado em toda a cadeia de fornecimento de café.

“O mais importante é a capacidade de concentração do barista e sua maturidade emocional”, acrescenta Luís. “A emoção é uma grande parte da rotina, e os concorrentes precisam transmitir uma energia calma e positiva aos juízes.”

No final do dia, Alejandro incentiva todos os baristas a participar se estiverem interessados em descobrir o que são as competições. “Não importa se você ganha ou perde”, diz ele. “Normalmente, as derrotas são mais importantes do que as vitórias. Eles te ajudam a crescer. Você aprenderá com os erros”.

O setor cafeeiro está cheio de inovação. Continuamos vendo novos desenvolvimentos em toda a cadeia de suprimentos, desde a produção até o consumo. Uma das melhores arenas em que essa inovação é celebrada e apresentada é no campeonato de baristas.

Contudo, a inovação não é a única coisa que ganha um campeonato. Como mostra este artigo, o trabalho árduo e a persistência são fundamentais, mas não há substituto para trabalhar com um profissional de coaching experiente.

Um coach para campeonato de baristas pode fazer a diferença em sua rotina ao ajudar a entender o que exatamente seus juízes estarão procurando, com criatividade, atenção aos detalhes e conhecimento. Mas antes disso, como diz Federico, o treinamento começa atrás do bar. Mostre seu conhecimento, entusiasmo e paixão pelo café com cada dose que você tira e cada xícara que você prepara.

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Créditos das fotos: Federico Bolaños, Café Amor Perfecto.

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

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