30 de novembro de 2022

Como o marketing digital na indústria do café evoluiu?

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O marketing tem sido a chave para o crescimento da indústria do café ao longo dos anos. Das primeiras cafeterias do Oriente Médio nos anos 1500 a cafés especializados em todo o mundo nos dias de hoje, ele tem sido parte integrante da jornada e do crescimento do café.

No atual mundo focado na tecnologia, o marketing digital é essencial para qualquer negócio de café bem-sucedido. Em 2017, um estudo descobriu que a maioria dos americanos verificava seus dispositivos móveis pelo menos a cada 12 minutos. Isso mostra que o digital é uma grande oportunidade para as marcas – desde que possam aproveitá-la de maneira eficaz.

No entanto, só porque o marketing digital é abrangente, não significa que seja fácil. Existem maneiras específicas pelas quais as empresas devem operar para otimizar sua presença digital. Para saber mais sobre a relevância e a evolução do marketing digital na indústria do café, conversei com três profissionais da área que atuam no setor cafeeiro. 

Você também pode gostar de nosso artigo sobre a história do marketing no setor cafeeiro.

Antigo anúncio de cafeteira, com ilustração à esquerda e texto em inglês.

Uma rápida história de marketing pré-digital

Para entender a importância do marketing digital moderno, é importante primeiro olhar para o seu início.

As formas iniciais de marketing eram anúncios impressos, como os panfletos que eram comuns nos anos 1700. Nessa época, o café era considerado um produto de “luxo”. 

Em vez de serem usados para a marca, os folhetos informavam os bebedores de café sobre como torrar e preparar os grãos. No entanto, o marketing mudou no final de 1800 quando começaram a ser abertas torrefações em toda a Europa.

Naquele momento, a demanda do consumidor mudou e as pessoas passaram a desejar comprar o café já torrado. A conveniência ganhava cada vez mais importância e assim segue até hoje, sendo protagonista no marketing digital voltado para o café.

A marca começou a se tornar parte integrante do marketing no início do século XX. Exemplo disso foi o gasto de US$ 4 milhões em ações dessa natureza feito pela Maxwell House em 1924.Essas campanhas fizeram com que as vendas aumentassem 85% em apenas alguns anos.

A partir da década de 1950 as marcas de café passaram a usar a televisão para promover o café a um público mais amplo. Por exemplo, em 1983, a marca de cerveja caseira Mr. Coffee incluiu o famoso jogador de beisebol dos EUA Joe DiMaggio em sua campanha de marketing.

A conveniência do eletrodoméstico era o foco central da marca, mas isso era balanceado com a aparência de uma figura pública conhecida. Isso não é diferente de usar celebridades ou mesmo influenciadores do café no marketing digital moderno.

Outras Empresas seguiram esses passos, como a Nespresso ao usar George Clooney em seus anúncios de TV a partir de 2006. Ele ajudou a personificar a marca com um toque luxuoso e divertido. Mais recentemente, Brad Pitt juntou-se à fabricante de máquinas de café espresso automáticas De’Longhi como embaixador da marca.

No entanto, embora a conveniência, a personificação e a marca sofisticada ainda sejam importantes para as empresas de café que comercializam produtos, as coisas certamente mudaram.

close-up na mão de uma pessoa manuseando um smartphone, com um laptop ao fundo

O que é marketing digital?

O marketing digital é um guarda-chuva amplo e cobre uma série de canais diferentes. Talvez os mais proeminentes sejam mídias sociais, redação de conteúdo e otimização de mecanismos de pesquisa (SEO).

Isso se deve à enorme escala do público digital: até o momento, o Facebook tem mais de 2,7 bilhões de usuários ativos, enquanto mais de 50.000 buscas são feitas no Google a cada segundo.

Jennifer Yeatts, diretora de café da Higher Grounds Trading Co. – uma torrefadora certificada pela B-Corp em Michigan, afirma: “Todo mundo está na internet agora. Se você deseja se conectar com consumidores com amplo alcance, sua empresa precisa estar disponível digitalmente.”

Ela ainda acrescenta:  “Na indústria do café, as empresas que querem crescer aprenderam a acompanhar essa tendência e otimizar suas estratégias de marketing para um mundo cada vez mais virtual”.

Por exemplo, a Starbucks lançou suas plataformas de mídia social em 2008. Primeiro se concentrou em fazer publicações que fossem “extensões” de suas lojas físicas. O imaginário da marca era caloroso e convidativo, usando paletas de cores específicas, mas sempre manteve seu logo como foco de cada post.

No entanto, a Starbucks se adaptou mais uma vez em 2011 com o lançamento de um aplicativo próprio. Sete anos depois, em 2018, foi relatado que ele possuia cerca de 14,2 milhões de usuários ativos apenas nos Estados Unidos.

E embora o aplicativo fosse inicialmente apenas uma forma de unir a presença física e digital da Starbucks, desde então se tornou um canal de vendas importante, gerando cerca de 23% da receita da marca no mesmo ano.

Dito isso, as marcas que buscam lançar ou dimensionar uma estratégia de marketing digital na indústria do café podem ter uma preocupação principal: a concorrência.

“Embora a Internet tenha aberto muitas oportunidades para as marcas terem voz, isso também significa que o mercado ficou saturado. Com tanto ruído ao redor, como você pode saber o que é genuíno e o que não é? ” é o que diz Mark Zhou, CEO da MTPak Coffee, uma empresa de embalagens sustentáveis com foco no mercado de cafés especiais.

Pacotes de café da torrefação Higher Grounds sobre uma prateleira

A importância da autenticidade

Embora o marketing digital na indústria do café tenha muitos lados, um dos aspectos mais importantes é apresentar a história e a voz de uma empresa. As pessoas devem entender o que uma marca de café representa poucos segundos depois de visitar seu canal de mídia social ou página da web.

“Todos nós estamos tentando tornar a imagem de nossa marca sinônimo da versão de melhor qualidade do produto que vendemos. Quando alguém vê o nosso logo, queremos que pensem num café excepcional, de um mundo de bons amigos”. É o que diz Jennifer, da Higher Grounds.

“É um equilíbrio complicado entre querer contar nossa história completa e autêntica e precisar de um símbolo reconhecível para fazer esse trabalho por nós,” ela acrescenta.

De acordo com o Journal of Consumer Psychology, a autenticidade da marca é definida por quatro categorias: continuidade, credibilidade, integridade e simbolismo.

Entre outras coisas, isso significa que as pessoas desejam ver as marcas demonstrando de forma consistente e honesta seu compromisso com práticas sociais, ambientais e éticas – especialmente no setor cafeeiro, onde esse é um grande obstáculo.

Esses compromissos às vezes são demonstrados por meio de uma prática conhecida como Storytelling. Nele, as marcas contam histórias que transmitem e destacam seus valores ao mesmo tempo que se mantêm envolventes.

Frequentemente, eles assumem a forma de posts de blog ou artigos no site de uma marca ou em canais de mídia social. 

O Storytelling como ferramenta essencial

Julio Guevera, COO da PDG Media, afirma: “Contar histórias é importante, e negócios com propósito são percebidos de uma certa forma. Isso os ajuda a fazer conexões reais, melhorando o envolvimento e a lealdade do público.”

Na indústria do café, o storytelling vem se tornando cada vez mais importante, ainda mais considerando recordes demográficos específicos como o geracional. Nesse caso, podemos citar como exemplo os millenials e a geração Z. Juntas, essas gerações têm um poder de compra combinado de US$ 350 bilhões e estão mais propensos a consumir cafés gourmet do que as anteriores.

Uma parte importante disso é reconhecer a crescente demanda por sustentabilidade entre esses grupos demográficos. Segundo uma pesquisa recente da Universidade de Hiroshima, pessoas com idade entre 18 e 30 anos têm uma tendência a valorizar e pagar mais por café e outros produtos sustentáveis.

A MTPak produz sacos de café biodegradáveis, compostáveis e recicláveis. Mark conta como a narrativa autêntica da marca ajudou a empresa a crescer. ”Nos primeiros anos, as pessoas ainda não tinham ouvido falar de nós. Com o tempo e um ótimo marketing digital, conseguimos conquistar essa confiança e construir uma base de clientes leais”.

Ele acrescenta: “Se você quer que seu marketing digital seja eficaz, você precisa atrair os consumidores e mostrar a eles que você é autêntico senão eles ficarão desconfiados e podem evitar comprar seus produtos ou usar seus serviços”

Laptop e smartphone sobre uma bancada de trabalho

Desenvolvendo conteúdo informativo e acessível

Julio, da PDG Media, destaca que o marketing digital na indústria do café e fora dela moldou a maneira como as empresas e os consumidores se relacionam.

Segundo ele, “O antigo marketing era unilateral, como se fosse o negócio gritando o que eles fazem ou representam. Já na era digital, com o storytelling, há uma oportunidade para as discussões envolverem o público e a marca, além de outros elementos.”

Resumindo: envolver e responder ao seu público é mais importante agora do que nunca. Por exemplo, a prática simples de responder aos comentários do usuário mostra um interesse nas opiniões e feedback do consumidor.

Da mesma forma, incorporar conteúdo gerado pelo usuário, como postagens ou avaliações no Instagram, pode ajudar a construir confiança. Pesquisas do Nielsen Consumer Trust Index confirmam isso, mostrando que 92% dos consumidores estão mais inclinados a confiar em conteúdo orgânico gerado pelo usuário do que em outras formas de branding.

No entanto, ser informativo é tão vital quanto ser acessível e envolvente. Um bom conteúdo deve ser otimizado para mecanismos de pesquisa para garantir uma boa classificação nas pesquisas na web e também deve mostrar o conhecimento e a experiência da marca.

“Em todos os setores, existe uma voz de liderança a quem todos recorrem para obter informações, dicas e orientações. Mas essas marcas não chegaram a esse ponto por acaso”, é o que diz Mark, da MTPack.

“Eles são a voz principal porque, ao longo de muitos meses ou anos, publicaram artigos consistentemente bem escritos e bem pesquisados aos quais as pessoas podem recorrer”, ele acrescenta.

As empresas de café com presença digital precisam vender produtos e serviços aos clientes, mas também devem se certificar de que compartilham informações valiosas ao mesmo tempo. Por exemplo, posts em blogs, vídeos de instruções e conteúdo patrocinado podem estabelecer credibilidade enquanto continuam a promover uma marca.

“Quer estejamos publicando guias de preparo, padrões da indústria, histórias de origem ou filosofias de torrefação, queremos que os leitores tenham acesso aberto e saibam que podem confiar em nossa voz sobre o assunto”, explica Jennifer.

No entanto, ela observa que há um equilíbrio entre experiência e acessibilidade. “Não se trata apenas de ser um especialista; há muitos especialistas por aí. Queremos compartilhar o que sabemos de forma aberta e gratuita, não como guardiões ou usar nossa experiência como um símbolo de status.”

telas de um aplicativo

O futuro do marketing digital na indústria do café é o mobile

O mundo online ainda é indiscutivelmente jovem, assim como o setor de marketing digital. Isso significa que certamente está sujeito a alterações para marcas de café e além.

“O marketing mobile agora é algo que as marcas não podem ignorar”, explica Julio. “É claro que as empresas de café precisam continuar prestando mais atenção ao Google e à sua classificação, mas não apenas para pesquisas de texto – talvez eles também precisem considerar o reconhecimento de voz, por exemplo.

 “Ter conteúdo também será uma grande vantagem. Isso é especialmente importante com canais como vídeo, que se tornou muito proeminente nos últimos anos. ”

Desde 2012, o número de vídeos vistos em celulares aumentou 17 vezes. Espera-se que o tráfego global da Internet apenas com vídeo seja responsável por 82% de todo o tráfego do consumidor – indicando uma preferência significativa do consumidor por conteúdo visual atraente e envolvente.

“O marketing de conteúdo terá que prestar atenção à experiência do usuário na próxima década”, acrescenta Mark. “Isso significa que os usuários estão lendo um artigo de blog, navegando por feeds de mídia social, ouvindo podcasts, recebendo newsletters semanais e muito mais.”

Além disso, analisar a popularidade de determinados canais pode ajudar uma empresa a entender quais plataformas são mais relevantes ou úteis para ela.

Tendências para o marketing digital na indústria do café

“Algumas plataformas como o Facebook, por exemplo, estão se tornando mais uma ferramenta de publicidade paga do que um lugar onde você tem alcance orgânico”, diz Julio. “Por outro lado, plataformas mais novas como o TikTok são melhores para um crescimento orgânico rápido.”

A plataforma de mídia social de compartilhamento de vídeo TikTok acumulou mais de 6,89 milhões de usuários somente em junho de 2020, tornando-se o aplicativo de mídia social de crescimento mais rápido no mundo. Uma presença lá pode ser cada vez mais útil para marcas de café – especialmente para consumidores mais jovens.

No entanto, Julio observa que os consumidores continuarão a valorizar a autenticidade. “Nos próximos cinco a dez anos, as pessoas ainda vão querer informações precisas e significativas”, diz ele. “Mais importante, eles querem separar quais informações são valiosas para eles, para que tenham isso ao seu alcance.”

Pacote de café da torrefação Higher Grounds em primeiro plano, tendo uma mão segurando uma caneca de café ao fundo

As coisas podem mudar rapidamente no marketing digital. Manter-se atualizado com as novas tendências, interagir com seu público e mostrar a autenticidade da marca são essenciais para o sucesso.

Além disso, trabalhar com agências de marketing digital como a PDG Media pode ajudar uma empresa a identificar suas necessidades exclusivas e dimensionar o crescimento com eficácia. Com o tempo, isso pode ajudar as marcas a ficar à frente de seus concorrentes e ter sucesso contínuo.

Procurando por uma agência de marketing digital que realmente conheça café? Confira o site da PDG Media aqui.

Créditos das fotos: Higher Grounds Trading Co.

PDG Brasil

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