15 curiosidades históricas sobre o café no Brasil que influenciaram o café no mundo
Dia 1º de Outubro se celebra o Dia Internacional do Café em todo o mundo. Como somos o maior produtor de café do planeta, acreditamos aqui que seja uma boa oportunidade para falar também sobre a cultura do café no Brasil.
Mais que isso, a produção de café no Brasil começou no século 18, e a cultura do grão ao longo dos séculos impulsionou não só o progresso industrial e tecnológico do Brasil, como também as estruturas econômicas e sociais do país como as conhecemos hoje no mercado cafeeiro em todo o mundo.
Não importa a data. Sempre é bacana conhecer mais sobre a história do café do nosso país e sua importância. Por isso, o PDG Brasil apresenta a seguir 15 curiosidades históricas sobre o café do Brasil.
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Confira 15 curiosidades sobre a história do café no Brasil
1 – Bolsa centenária
A Bolsa Oficial de Café e Mercadoria de Santos, que hoje abriga o Museu Nacional do Café, foi o único prédio dedicado integralmente às vendas e corretagem do café brasileiro, propositalmente inaugurado no centenário da independência do Brasil, em 07 de setembro de 1922, por decreto federal. A Bolsa completou seu centenário em setembro deste ano.
2 – O nascimento da prova de xícara
Foi na Bolsa de Café que surgiram os moldes de classificação sensorial do café, chamada “prova da xícara”. Os processos de degustação e avaliação da bebida foram o protocolo-base para os critérios usados internacionalmente a partir de então.
3 – Mar de café
A cidade de Santos foi escolhida para sediar a instituição por abrigar o Porto de Santos, então o maior exportador de ativos do Brasil, além do fato de a cidade se encontrar geograficamente posicionada entre o centro econômico do Brasil, a cidade de São Paulo, e os cafezais localizados no interior da região Sudeste, nos estados de São Paulo e Minas Gerais, que ainda é a maior região produtora de café do país. O complexo portuário de Santos é responsável pela maior parte das operações marítimas de exportação de café no mundo até os dias de hoje.
4 – Palácio abandonado
O edifício da Bolsa do Café passou menos de 30 anos em atividade, quando foi fechado durante a gestão de Getúlio Vargas por razões que nunca ficaram completamente claras. O comércio do café como ativo passou para o prédio da Bovespa, em São Paulo, e o palácio. O palácio neoclássico, que abriga uma coleção de obras e murais do pintor Benedicto Calixto, ficou abandonado até 1998. A reforma se deu por conta da pressão dos cidadãos santistas e dos profissionais de comércio exterior da cidade, cujos escritórios se localizam na vizinhança. Quando as obras de restauração finalmente começaram, a torre do relógio estava prestes a desabar.
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5 – Industrialização e tecnologia
O fluxo de exportação de café impulsionou os avanços tecnológicos da era da industrialização do Brasil. Investidores internacionais baseados no país patrocinaram em grande parte as primeiras obras de implantação das linhas ferroviárias no Brasil. O Imperador Pedro II era um grande propagador da modernização industrial, e em 1852, promulgou uma legislação de transporte que estabelecia concessões como garantia fixa de juros para incentivar o fluxo de capital estrangeiro.
6 – Rio cafeeiro
A primeira ferrovia brasileira, Estrada de Ferro Mauá, foi construída em 1854, para atender às demandas do comércio de café produzido no Vale do Paraíba fluminense, no estado do Rio de Janeiro, que era a maior zona produtora do país na maior parte do século 19. A produção cafeeira no RJ começou por volta de 1760, no chamado Vale do Café, sendo Vassouras a cidade principal. As plantações do oeste de São Paulo e Minas Gerais passaram a ser o polo principal na segunda metade do século devido ao esgotamento do solo dos cafezais no Rio de Janeiro. As cidades do Vale do Café voltaram a ser objeto de interesse turístico, e parte dos passeios hoje incluem um tour pelos casarões dos antigos cafezais.
7- Item de luxo
O café era um produto caro, considerado como um item de luxo para grande parte da população mundial, o que mudou quando o Brasil passou a produzir café. A produção cafeeira no Rio de Janeiro foi tão próspera que os preços do café ficaram acessíveis, o que aumentou a demanda pelos grãos e estabeleceu a base da cultura de consumo global de café.
8 – Navio ou trem?
A ferrovia que marcou o início da mudança do polo fluminense como líder em produção de café para o oeste de São Paulo foi a Santos-Jundiaí, também conhecida como São Paulo Railway, em 1867, seguida das ferrovias Paulista, a Mogiana e a Sorocabana, cujo objetivo principal era transportar café entre o Porto de Santos e as regiões produtoras.
9 – Bancos e indústria têxtil
Grande parte do financiamento das inovações ferroviárias no oeste de São Paulo foi arcado pelos chamados Barões do Café, a alcunha dada aos maiores produtores nesses tempos, no auge da revolução industrial no Brasil. As indústrias têxteis (confecção de sacarias) e os bancos, são alguns exemplos de segmentos que se expandiram por conta das demandas do mercado de café.
10 – Tarsila do café
Tarsila do Amaral, umas das maiores artistas plásticas da história do Brasil, pertencia a uma família de cafeicultores, os então chamados “Barões do Café”. Tarsila pintou uma série de quadros que retratavam cafezais, assim como cenas do Porto de Santos, cidade que costumava visitar no verão.
11 – Gringos no Porto
Em 1892, o “novo” Porto de Santos ganhou o status de “porto organizado”, quando passou a ter infraestrutura apropriada para atender a demanda do crescente comércio exterior de café. A remodelação do porto atraiu um grande número de empresas armadoras internacionais, interessadas em ampliar o alcance do processo logístico e operacional, que trouxeram processos de engenharia inovadores.
12 – Imigrantes no cafezal
As demandas logísticas e econômicas do segmento cafeeiro igualmente auxiliaram as comunidades imigrantes a se estabelecerem no país. A primeira onda migratória se deu na metade do século 19, na década de 1850, para suprir a demanda de mão de obra nas plantações do país. Com o advento da abolição da escravidão do Brasil, em 1888, o fluxo migratório aumentou, o que também se passou na década de 1910, como consequência da Primeira Grande Guerra. Na virada do século 19, tanto as obras portuárias quanto as das ferrovias do café empregaram imigrantes, como italianos, sírios, libaneses, espanhóis, japoneses e portugueses.
13 – Brasão cafeinado
Durante a fase do Império no Brasil, o Brasão de Armas da realeza continham ramos de café e tabaco, as maiores atividades econômicas do país na época.
14 – Trabalho de respeito
As atividades laborais manuais e essenciais ao mercado de café brasileiro que se davam fora dos cafezais eram: catador de café de beneficiamento (que se dá nos armazéns), classificador de cafés, ensacador – ou carregador – de cafés, fiel de armazém (responsável logística e judicialmente pela mercadoria salvaguardada nos armazéns) e costureiro de sacaria de juta.
15 – Canéfora salvou
O preço do café brasileiro aumentou 800% na década de 1970, um recorde na história da agricultura brasileira. O motivo foi a destruição em massa dos cafezais por conta da ferrugem, seguida da grande geada de 1972, o que reduziu os números de café cultivados pela metade. Foi esse cenário que impulsionou a cafeicultura brasileira a introduzir a produção das árvores de café das variedades conilon e robusta, da espécie canéfora.
Em diferentes aspectos, a história (e as curiosidades) da jornada do café no Brasil ao longo dos últimos séculos esteve intimamente ligada à trajetória do café no mundo. É inegável a participação dos nossos produtores e das nossas produtoras e de milhares de trabalhadores em toda a cadeia produtiva cafeeira na força que essa bebida tem hoje em todo o mundo. Que reconheçamos o valor de toda essa dedicação e celebremos muito com xícaras e mais xícaras de café.
Créditos: Divulgação Colheita das Alegrias (destaque/vista aérea do cafezal); Marc Ferrez/imagem de domínio público (escravos no terreiro de uma fazenda de café. c. 1882); Divulgação Vale do Café (cidade de Vassouras); Acervo do MASP/Wikicommons (“O Lavrador de Café”, obra de Cândido Portinari, 1934); Autor desconhecido/Domínio público (construção de ferrovia em Paulínia, interior de SP); Frank and Frances Carpenter Collection/E.M. Newman/Wikicommons (imigrantes em uma lavoura de café no interior de São Paulo, no início do século 20); Imagem de domínio público (bandeira imperial); Acervo Associação Comercial de Santos (classificadores de café).
PDG Brasil
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