Sustentabilidade Archives - PDG Brasil https://perfectdailygrind.com/pt/category/sustentabilidade/ Revista digital sobre café, da fazenda à xícara Wed, 03 Jan 2024 15:14:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.2 https://perfectdailygrind.com/pt/wp-content/uploads/sites/5/2020/02/cropped-pdgbr-icon-32x32.png Sustentabilidade Archives - PDG Brasil https://perfectdailygrind.com/pt/category/sustentabilidade/ 32 32 É possível termos café neutro em carbono? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/09/13/espresso-neutro-em-carbono/ Wed, 13 Sep 2023 10:05:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=13252 É difícil ignorar o impacto que a demanda por café sustentável está tendo na indústria em geral. Grande parte do foco no tema recai na produção e exportação de café. No entanto, há também um número crescente de cafeterias que estão procurando maneiras de servirem café neutro em carbono. Há muitas maneiras de as empresas de café reduzirem […]

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É difícil ignorar o impacto que a demanda por café sustentável está tendo na indústria em geral. Grande parte do foco no tema recai na produção e exportação de café. No entanto, há também um número crescente de cafeterias que estão procurando maneiras de servirem café neutro em carbono.

Há muitas maneiras de as empresas de café reduzirem suas pegadas de carbono. Uma delas, certamente, é investir em equipamentos mais eficientes, em termos energéticos, e sustentáveis. Como exemplo, pode-se citar as máquinas de café espresso neutras em carbono. Para saber mais, conversei com Francesco Bolasco, Gerente de Projetos de Produtos e Inovação da Dalla Corte.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre branding e personalização: como o design da máquina de café espresso está evoluindo.

Mãos de uma pessoa colhendo café

O que é café neutro em carbono?

O termo “neutro em carbono” tornou-se mais comumente usado em muitas indústrias nos últimos anos, inclusive em cafés especiais. O que isso significa?

A União Europeia define neutralidade de carbono como “ter um equilíbrio entre a emissão de carbono e a absorção de carbono da atmosfera em sumidouros de carbono”. Um sumidouro de carbono é qualquer sistema que absorva mais carbono do que emite – incluindo “sistemas” naturais como solo e florestas.

Todas as commodities têm uma pegada ambiental que pode ser medida, incluindo o café. “Todo produto ou serviço tem um impacto no meio ambiente”, diz Francesco. Esse impacto pode ser avaliado usando uma Avaliação do Ciclo de Vida (ACV).

Medição das emissões de carbono

É certamente desafiador medir com precisão a pegada de carbono do café. No entanto, vários estudos usaram LCAs para coletar dados mais confiáveis. Um deles é um artigo de pesquisa de 2020 da University College London, que analisou a pegada de carbono da produção e exportação de café do Brasil e do Vietnã para o Reino Unido. Em resumo, o estudo constatou que:

  • a pegada de carbono média do café arábica brasileiro e vietnamita atinge 15,33 (±0,72) kg de dióxido de carbono equivalente por 1 kg de café verde (kg co2e kg−1) para a produção convencional de café; 
  • a pegada de carbono média do café arábica brasileiro e vietnamita com produção mais sustentável bate em 3,51 (±0,13) kg de co2e kg-1;
  • a redução de 77% na pegada de carbono para a produção sustentável de café em comparação com a produção convencional resulta, em geral, da exportação de café via navios de carga (e não por avião) e usando menos insumos agroquímicos;
  • a maioria das emissões de carbono de toda a cadeia de suprimentos veio da exportação e transporte.

Da mesma forma, outro estudo, que mediu as emissões de carbono do café da  Costa Rica, descobriu que a pegada total de carbono em toda a cadeia de suprimentos foi de 4,82 kg CO2e kg-1. Deve-se notar também que a Costa Rica é um dos países mais sustentáveis do mundo. Em parte, isso provavelmente explica o nível mais baixo de emissões.

Como as empresas reduzem suas pegadas de carbono?

As empresas de café podem se tornar neutras em carbono por meio de dois métodos: inserção e compensação de carbono. O primeiro envolve a redução das emissões de carbono dentro da própria cadeia de suprimentos de uma empresa. Este último, por sua vez, é onde as empresas investem em iniciativas sustentáveis fora de suas próprias operações.

No entanto, pode levar anos para uma empresa desenvolver e implementar seu próprio projeto de redução de carbono. Por sua vez, os esquemas de compensação de carbono são mais populares. Mas as empresas devem primeiro medir a pegada de carbono de todas as suas cadeias de suprimentos ao escolher esse método.

Francesco conta como Dalla Corte usou o método de avaliação “do berço ao portão” para calcular a pegada de carbono de suas máquinas de café espresso Zero, XT e Icon. “‘Do berço ao portão’ refere-se à pegada de carbono de um produto desde o momento em que é feito até o momento em que chega ao cliente. Como somos uma empresa B2B, consideramos que o destino final de nossos produtos são os armazéns de nossos distribuidores globais.”

Depois de calcular a pegada de carbono de cada máquina, Francesco diz que a empresa compensou todas as emissões através do projeto Ntakata Mountains, que protege e preserva a vida selvagem, as florestas e as comunidades indígenas na Tanzânia.

Embalagem de máquina de espresso Dalla Corte

E quanto à sustentabilidade nas cafeterias?

Grande parte do foco na sustentabilidade no café gira em torno da produção e exportação – e com razão. Muitos estudos apontam para esses estágios da cadeia de suprimentos como os maiores emissores de dióxido de carbono (CO₂).

Em consonância com isso, uma série de práticas sustentáveis foram implementadas em fazendas de café. No entanto, isso significa que o ônus de melhorar a sustentabilidade na indústria do café recai em grande parte sobre os agricultores, incluindo os pequenos produtores.

Dado que a agricultura comercial é responsável pela grande maioria das emissões de carbono na produção de café, compartilhar o fardo entre outros profissionais da cadeia é fundamental para alcançar a “verdadeira” sustentabilidade. Por isso, além de se tornarem neutras em carbono, as cafeterias em todo o mundo começaram a implementar práticas de negócios mais sustentáveis. Isso levou a ações como:

  • reduzir o uso de copos descartáveis para viagem;
  • reciclagem de mais resíduos, incluindo borra de café usada;
  • adotar práticas de desperdício zero;
  • oferecer mais opções de leite à base de plantas, que tendem a ter uma pegada de carbono menor do que o leite de vaca.

Máquinas de espresso e outros equipamentos

Com o recente  aumento dos custos para as empresas de hospitalidade, a eficiência energética dos equipamentos tornou-se mais importante do que nunca. Isso é mais notável com as máquinas de café espresso, pois elas tendem a produzir os mais altos níveis de CO2 entre equipamentos em cafeterias. “Para nossas máquinas em particular, entre 90% e 95% das emissões de carbono vêm do uso geral, pois exigem eletricidade para funcionar”, diz Francesco.

Além disso, devido à perda de calor, as caldeiras mal isoladas podem desperdiçar até 50% da energia que usam. Isso levou alguns fabricantes de máquinas de café espresso a desenvolver modelos mais eficientes em termos energéticos e sustentáveis para resolver esses problemas, incluindo máquinas neutras em carbono.

Francesco explica como Dalla Corte calculou a pegada de carbono de algumas de suas máquinas de café espresso, começando com a XT. Ele diz que a primeira etapa do processo envolveu a análise do impacto ambiental de todas as peças da máquina – incluindo os materiais utilizados e onde eles foram fabricados. “Quanto mais longe o fornecedor estiver de uma parte específica, maiores serão os níveis de emissões.”

“Também perguntamos aos nossos principais fornecedores sobre seus processos de produção e melhores práticas de sustentabilidade para uma avaliação de impacto mais precisa. O segundo passo foi medir as emissões de carbono para cada parte em termos de consumo de energia. E, finalmente, compilamos uma lista de todas as remessas e outros meios de transporte para nossos distribuidores globais num determinado período”, ele acrescenta.

Usando dados como este, as empresas podem medir a pegada de carbono média de uma única máquina de café espresso. “Em média, a produção e distribuição de uma única máquina de café espresso Dalla Corte produz cerca de 600 kg de CO₂”, diz Francesco.

Máquina de espresso neutro em carbono da Dalla Corte

É possível ter uma máquina de espresso neutra em carbono?

Francesco explica o que é uma máquina de café espresso neutra em carbono. “Por definição, é uma máquina de café espresso em que você compensou todas as suas emissões de carbono comprando um volume igual de créditos de carbono.”

A Dalla Corte compensou as emissões de suas máquinas de café espresso XT, Zero e Icon por meio de seu novo Projeto de Sustentabilidade PlaNet, lançado oficialmente em dezembro de 2022. “Estamos combinando todos os nossos projetos de sustentabilidade sob o nome PlaNet, o que adiciona outra camada importante ao nosso plano de sustentabilidade. Essas três máquinas agora são certificadas como neutras em carbono”, diz Francesco.

Além de compensar (ou inserir) as pegadas de carbono das máquinas, há vários outros recursos projetados com a sustentabilidade em mente. “Por exemplo, as máquinas Zero, XT e Icon da Dalla Corte não usam caldeiras para aquecer a água da infusão. Em vez disso, o aquecimento acontece diretamente em cada cabeça de grupo usando apenas a quantidade de energia necessária para cada extração. Isso ajuda a reduzir o consumo de energia. E, graças ao nosso novo sistema de controle de Derivados Integrais Proporcionais (PID), alcançamos uma eficiência ainda melhor”, acrescenta.

Espresso na mão de uma pessoa

Os benefícios do café neutro em carbono

Para qualquer negócio de café, há muitas vantagens claras em reduzir as emissões de carbono e se tornar neutro em carbono. Em primeiro lugar, muitos órgãos governamentais globais estão levando as empresas a minimizar seu impacto ambiental. Por exemplo, o Acordo Verde da UE planeja criar uma economia neutra em termos climáticos até 2050.

Em janeiro de 2023, um estudo publicado na PLOS Climate descobriu que, nas últimas quatro décadas, as condições climáticas que podem reduzir a produção de café se tornaram mais frequentes. Isso inclui temperaturas mais altas, bem como níveis mais erráticos de chuva e umidade, o que poderia resultar em “choques sistêmicos contínuos” na produção global de café.

Atendimento a demandas dos consumidores

“Os consumidores de café são mais experientes e estão pedindo mais produtos ‘verdes’”, diz Francesco. “Empurrar os proprietários de empresas de café para melhorar suas próprias práticas de sustentabilidade também reforça essa necessidade para seus fornecedores.”

De acordo com isso, Francesco recomenda que as cafeterias e torrefações incluam informações sobre qualquer equipamento neutro em carbono que eles usem em seus relatórios de sustentabilidade, caso sejam publicados. Em última análise, as empresas devem procurar fornecer informações mais acessíveis sobre seu impacto ambiental, especialmente porque isso se torna cada vez mais importante para os consumidores.

Por exemplo, de acordo com uma pesquisa da YouGov de 2021, 60% dos consumidores dos EUA (especialmente as gerações mais jovens) estão dispostos a pagar um prêmio por produtos sustentáveis. Além disso, em um mercado altamente competitivo, as máquinas de café espresso neutras em carbono podem ajudar na divulgação e no posicionamento de marketing das cafeterias.

Consumo de energia

Além de reduzir o impacto ambiental, as máquinas de café espresso neutras em carbono são projetadas com maior eficiência energética em mente.  “As máquinas Dalla Corte não são apenas neutras em carbono, mas também possuem tecnologias patenteadas que reduzem o consumo de energia durante sua vida útil”, diz Francesco.

Considerando que os custos de energia estão aumentando para as cafeterias em todo o mundo, investir em uma máquina de café espresso mais sustentável pode ajudar a reduzir o consumo de energia e, portanto, os custos também.

Máquina de espresso Icon da Dalla Corte

Nos últimos anos, a indústria de cafés especiais fez grandes progressos para se tornar mais sustentável. Uma grande parte disso diz respeito à minimização das emissões de carbono, diminuindo assim o impacto da cadeia de suprimentos no meio ambiente.

E enquanto a maioria de nós pensaria primeiro em projetos de reflorestamento e técnicas de produção sustentáveis, está claro que a sustentabilidade não termina na origem. 

É possível criar uma máquina de café espresso neutra em carbono e, além disso, investindo em iniciativas de compensação ou inserção de carbono, as empresas de café podem reduzir a pegada de carbono de seus equipamentos – potencialmente dando a seus negócios um novo ponto de venda exclusivo.

Gostou? Então leia nosso artigo sobre evolução técnica: Como as máquinas de café espresso  mudaram no século  XXI.

Créditos das fotos: Dalla Corte

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

Observação: Dalla Corte é patrocinador do Perfect Daily Grind.

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Por que a saúde do solo é crucial para a agricultura regenerativa no café? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/09/08/saude-do-solo/ Fri, 08 Sep 2023 14:31:58 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=13306 As mudanças climáticas estão entre as questões que mais podem afetar o futuro da indústria global do café. Grande parte da produção de café sustentável gira em torno da agricultura regenerativa, que envolve práticas com o objetivo de compartilhar conhecimento e princípios agroecológicos, assim como de reviver ecossistemas naturais e promover a saúde do solo. […]

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As mudanças climáticas estão entre as questões que mais podem afetar o futuro da indústria global do café. Grande parte da produção de café sustentável gira em torno da agricultura regenerativa, que envolve práticas com o objetivo de compartilhar conhecimento e princípios agroecológicos, assim como de reviver ecossistemas naturais e promover a saúde do solo.

Um estudo de 2023 sugere que as condições climáticas das últimas quatro décadas vêm resultando em “choques sistêmicos contínuos” na cafeicultura. Sendo assim, é natural que a demanda por café social e ambientalmente responsável esteja em alta. Sem um solo saudável que contenha o nível e o equilíbrio certos de nutrientes, além de ter a estrutura e a biologia ideais, os produtores não conseguirão mais cultivar café de alta qualidade.

Então, o que os agricultores podem fazer para melhorar e manter a saúde do solo e por que isso é tão importante? Para descobrir, conversei com vários profissionais do setor na Yara, uma fabricante e distribuidora de fertilizantes à base de nitrogênio.

Você também pode gostar do nosso artigo que explora a agricultura regenerativa na produção de café.

cafeicultor em meio à lavoura, com os grãos ainda verdes em primeiro plano

O que é agricultura regenerativa?

Embora não haja uma definição formal de agricultura regenerativa (AR), o termo foi usado pela primeira vez pelo Instituto Rodale na década de 1980 para descrever aspectos globais da agricultura orgânica. Algumas dessas práticas, que também podem ser usadas em todos os tipos de agricultura, incluem:

  • restaurar a saúde do solo;
  • proteger o meio ambiente local e a vida selvagem;
  • promoção da biodiversidade;
  • conservação da água.

Maria Silvia Tonti é o vice-presidente do Centro de Competência para AR e Carbono da Yara. Segundo ela, a agricultura regenerativa é uma abordagem sistêmica baseada em resultados para adotar as melhores práticas agrícolas. “O foco é impactar positivamente a natureza e o clima em cinco temas recorrentes: clima, saúde do solo, uso de recursos, biodiversidade e prosperidade”, diz ela.

Basicamente, a implementação de práticas agrícolas regenerativas também deve ajudar os agricultores a aumentar a qualidade e os rendimentos, bem como a melhorar a sua resiliência às alterações climáticas. “A agricultura regenerativa tem uma abordagem inclusiva que se aplica a todos os sistemas de cultivo e agricultura e respeita a necessidade de ser específico no contexto da agricultura”, ela acrescenta.

Victor Hugo Ramirez-Builes é o especialista sênior em ciência e café da Yara. Ele explica por que a saúde do solo é um aspecto integral da agricultura regenerativa. “O solo saudável é essencial para o crescimento de plantas de café saudáveis. Se o solo tiver baixos níveis de fertilidade, bem como baixo pH (alta acidez) e capacidade de retenção de água, isso limitará o crescimento e a produtividade do café de alta qualidade.”

Ramo de cafeeiro com flores

Por que a saúde do solo é tão importante?

Em primeiro lugar, precisamos entender o que a saúde do solo realmente significa. De acordo com Victor, ela pode ser definida como as condições que permitem o crescimento e desenvolvimento de sistemas radiculares saudáveis. “Isso pode ser alcançado se o solo for fértil, ter baixos níveis de acidez, retenção adequada de água e boa distribuição entre os poros que permitem drenagem e retenção adequadas da água.”

Victor acrescenta que a saúde do solo também permite a mineralização de qualquer material orgânico adicionado, como adubos verdes. “Além disso, a resistência do solo à erosão gerada pelas chuvas é um indicador de sua saúde”, ele acrescenta.

Segundo Miguel Andrés Amado, gerente de desenvolvimento de negócios da Yara na Colômbia, melhorar a saúde do solo é uma das maneiras mais eficazes de manter a produtividade no longo prazo e aumentar a adaptação às mudanças ambientais. Além disso, o solo saudável também tem a capacidade de sequestrar mais carbono e, assim, reduzir a pegada ambiental dos produtores de café e melhorar sua resiliência às mudanças climáticas. Para melhorar a saúde e a qualidade do solo, há uma série de aplicações que os cafeicultores podem usar, incluindo fertilizantes.

Simon Pogson é diretor de serviços analíticos e de solos da Yara. De acordo com ele, a nutrição equilibrada das culturas, combinada com boas práticas agrícolas, é crucial para a regeneração da saúde do solo e da atividade natural da biologia do solo. “No entanto, a aplicação excessiva de fertilizantes ou o uso de fertilizantes que aumentam os níveis de acidez podem prejudicar a população biológica do solo e reduzir a saúde do solo, bem como danificar a estrutura do solo, os ciclos de nutrientes e o manejo da água”, acrescenta.

cafeicultor irrigando mudas de café de origem em agricultura regenerativa

O que os produtores podem fazer para tornar o solo mais saudável?

Uma das maneiras mais eficazes para os produtores melhorarem a saúde de seu solo é aplicar fertilizantes de alta qualidade. “Os fertilizantes desempenham um papel crucial na adição de nutrientes essenciais ao cafeeiro. Quando o café é colhido, uma quantidade significativa de nutrientes é retirada do solo e a capacidade dele de fornecer nutrientes diminui se não houver a reposição adequada dessas substâncias”, explica Maria.

“Isso também pode levar à degradação do solo e reduzir a produção e a qualidade do café”, acrescenta. “Reabastecer o solo com nutrientes deficientes garante que ele permaneça fértil e apoie o cultivo saudável de café. Os micro-organismos suplementares também ajudam a mitigar a presença de nematoides e doenças, o que reduz a necessidade de produtos químicos nocivos.”

Aplicar fertilizantes no momento certo, no entanto, também é fundamental. O solo deve ser bem drenado, idealmente ter um nível de pH entre 5,2 e 6,3 e ter o equilíbrio e os volumes certos de nutrientes, como:

  • nitrogênio;
  • potássio;
  • fósforo;
  • cálcio;
  • magnésio;
  • enxofre;
  • zinco;
  • boro;
  • outros micronutrientes como cobre, ferro, manganês, cloro, níquel, molibdênio e cobalto.

Apoio aos produtores

Para obter os melhores resultados, é importante que os produtores tenham acesso às ferramentas e recursos certos. “As ferramentas analíticas e digitais da Yara garantem que os agricultores possam adotar uma abordagem mais precisa para o manejo de nutrientes, o que é fundamental para preservar e melhorar a saúde do solo”, diz Maria.

A disseminação e o compartilhamento de conhecimentos e melhores práticas também são importantes para melhorar a saúde do solo. De acordo com Kaio dias, líder de café da Yara no Brasil, as ferramentas digitais e o conhecimento agronômico ajudam a gerar recomendações mais precisas para o uso de fertilizantes a partir das fontes certas, no momento certo, no lugar certo e com a dose certa.

“O programa NossoCafé da Yara no Brasil, por exemplo, é projetado para que os produtores obtenham os melhores resultados de seu café em diferentes condições de cultivo. Em 2022, nossos estudos mostraram que, ajustando os níveis recomendados de potássio no solo, os agricultores poderiam reduzir coletivamente o uso desse nutriente em mais de 80.000 toneladas por ano”, diz ele.

O programa NossoCafe também fornece aos produtores fertilizantes mais adequados às suas necessidades individuais, além de oferecer soluções diferentes para arábica e conilon (ou robusta). O programa também reconhece e celebra os produtores brasileiros que estão implementando práticas agrícolas mais regenerativas.

Sergio Petrachi é um produtor de café no Brasil, que também ganhou o Prêmio de Sustentabilidade do Concurso de Qualidade NossoCafé 2022. Ele me conta sobre algumas das práticas sustentáveis usadas em sua fazenda.

“Aplicamos um composto produzido com resíduos de nossa fazenda, como esterco bovino”, diz ele. “Também fornecemos aos nossos trabalhadores salários adequados, oportunidades de aprendizado e acomodação, além de manter viveiros para árvores nativas e reflorestar as margens de riachos e nascentes locais.”

pessoa despejando grãos num moedor

Beneficiando toda a cadeia de produção

Em última análise, os benefícios de melhorar a saúde do solo podem se estender muito além da produção de café. Juntamente com outras variáveis, quando o solo de uma fazenda de café tem nutrientes adequados e uma quantidade saudável de micróbios, tanto a produção quanto a qualidade do café podem aumentar.

Teoricamente, isso significa que os produtores podem receber mais dinheiro e investir mais em seus negócios. Além disso, os torrefadores podem obter café de maior qualidade – garantindo que a demanda por cafés especiais mais sustentáveis seja atendida.

No entanto, um dos fatores mais cruciais a considerar é melhorar a resiliência e a adaptação da indústria do café às mudanças climáticas. Conforme o relatório Coffee in the 21st Century da Conservation International, até 2050, a indústria do café precisará produzir entre 4 e 14 milhões de toneladas adicionais de café por ano para atender à crescente demanda.

A menos que os produtores de café possam aumentar significativamente a produção por hectare, isso significa que eles precisarão dobrar o tamanho da área cultivada até 2050. E, embora haja mais terras disponíveis para cultivar café ao longo do Cinturão do Grão, manter e promover a saúde do solo é um dos primeiros passos para aumentar a produção.

“O café é uma cultura perene, e cada planta pode ser colhida por 20 anos ou mais”, diz Kaio. “No entanto, isso requer planejamento e preparação adequados do solo antes do plantio, bem como durante o cultivo.”

O papel da equidade de gênero

Considerando que as mulheres podem representar até 70% do trabalho na produção de café em certos países, compartilhar conhecimentos e melhores práticas para melhorar a saúde do solo com elas é essencial. Por exemplo, o Programa Campeão da Yara na Colômbia – com uma iniciativa exclusiva voltada exclusivamente para mulheres – ensina os cafeicultores a implementar práticas agrícolas mais regenerativas, além de usar água e fertilizantes de forma mais responsável.

Os participantes também recebem mentoria e acesso aos recursos e plataformas online da Yara. Além de incentivo para que se inscrevam numa competição que avalia os padrões de qualidade conforme os protocolos do Instituto de Qualidade do Café. “Os produtores de café parceiros podem abordar os agrônomos da Yara localizados em mais de 50 países e obter recomendações precisas de nutrientes e fertilizantes usando nossas ferramentas agrícolas, analíticas e agronômicas digitais”, diz Victor.

Mão selecionando cerejas maduras de café recém-colhidas.

Com a ameaça das mudanças climáticas se tornando cada vez mais prevalente, há um interesse comum em toda a indústria global do café em encontrar maneiras mais sustentáveis de se adaptar e mitigar seus efeitos.

Um dos métodos mais eficazes é medir, gerenciar e melhorar a saúde do solo. Como resultado desse passo pequeno, mas importante, os produtores de café podem criar uma cadeia de suprimentos mais resiliente a longo prazo.

Gostou? Em seguida, leia nosso artigo sobre produção e lucratividade de café ambientalmente sustentável.

Tradução: Daniela Melfi.   

PDG Brasil

Observação: a Yara é patrocinadora do Perfect Daily Grind.

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Como as iniciativas sociais podem melhorar a equidade de gênero na produção de café? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/05/08/equidade-de-genero-na-cafeicultura/ Mon, 08 May 2023 10:01:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12728 De acordo com o Relatório Global de Diferenças de Gênero de 2022 do Fórum Econômico Mundial, levará cerca de 132 anos para que se alcance a paridade de gênero global total se continuarmos no ritmo atual. Naturalmente, isso significa haver um progresso significativo a ser feito no fechamento da lacuna de gênero em muitas indústrias, incluindo o […]

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De acordo com o Relatório Global de Diferenças de Gênero de 2022 do Fórum Econômico Mundial, levará cerca de 132 anos para que se alcance a paridade de gênero global total se continuarmos no ritmo atual. Naturalmente, isso significa haver um progresso significativo a ser feito no fechamento da lacuna de gênero em muitas indústrias, incluindo o setor cafeeiro.

Quando olhamos para a produção de café em particular, estima-se que até 70% do trabalho é realizado por mulheres. Apesar disso, os benefícios econômicos que elas acessam normalmente são menores em comparação com os homens que trabalham na produção de café.

Além disso, se as mulheres que trabalham na agricultura tivessem acesso igualitário a recursos financeiros, bem como a papéis de tomada de decisão e liderança, acredita-se que a produção agrícola global poderia aumentar em até 4%.

Para descobrir como as iniciativas sociais podem melhorar a equidade de gênero na produção de café, reunimos alguns insights de pessoas envolvidas no setor e em programas certificados pela Fairtrade. Leia para descobrir mais

Você também pode gostar do nosso artigo sobre mulheres na produção de café da África Oriental.

Produtora de café associada a uma cooperativa que promove ações para a  equidade de gênero em meio à lavoura

Os desafios para as mulheres na produção de café

Não há como negar que as mulheres que trabalham na produção de café enfrentam uma série de questões únicas e complexas.

Apesar de desempenhar um papel significativo no trabalho envolvido na produção de café, as mulheres têm comparativamente reduzido o acesso a recursos financeiros e educacionais no setor cafeeiro.

Além disso, elas têm menos poder para tomar decisões, ocupar papéis de liderança e possuir terras em várias regiões produtoras de café. E isso significa que as mulheres que trabalham com café normalmente ganham significativamente menos do que seus colegas do sexo masculino.

Justine Namayanja é Diretora Sênior de Programas da Fairtrade África. Ela também é o Ponto Focal de Gênero da Rede de Fairtrade da África Oriental e Central – um papel que envolve o desenvolvimento da estratégia de integração de gênero da organização.

“Em muitos países de origem, o café é um setor dominado por homens”, ela me diz. Os homens são muito mais propensos a possuir terras, enquanto as mulheres trabalham na terra com seus maridos e pais.

“Em última análise, isso significa que as mulheres não têm acesso à propriedade”, acrescenta ela. “Os homens decidem como vender o café, e apenas os homens são normalmente autorizados a participar de cooperativas – não as mulheres.”

Justine explica que, além dos desafios pré-existentes que as mulheres enfrentam na produção de café, também há expectativas sociais e culturais em alguns países de origem de que as mulheres devem lidar com a grande maioria dos cuidados infantis e tarefas domésticas. Como resultado, isso significa que as mulheres têm pouco tempo e recursos para investir em sua educação e desenvolvimento profissional (caso queiram) – potencialmente reduzindo suas chances de ganhar mais dinheiro.

Diferenciando igualde de equidade de gênero

No entanto, se quisermos entender a extensão dos desafios que as mulheres enfrentam na produção de café, também precisamos reconhecer a diferença entre os conceitos de igualdade e equidade de gênero.

Em termos simples, igualdade significa que todos recebem o mesmo tratamento e acesso a recursos e oportunidades. A equidade, por sua vez, é responsável por desvantagens e preconceitos presentes e históricos.

Para as mulheres, a equidade significa receber a quantidade certa de apoio e os recursos corretos para garantir que elas tenham o mesmo acesso às oportunidades que os homens.

A Dra. Eduarda Cristovam é Diretora de Café, Qualidade e Sustentabilidade da Matthew Algie – uma torrefadora de Glasgow que fornece café certificado pela Fairtrade.

“Na produção de café, as mulheres muitas vezes têm que ficar em segundo plano, e algumas delas estão felizes por não estar na vanguarda”, explica ela. “Isso se deve em grande parte às atitudes sociais e culturais muito tradicionais em certos países de origem, e elas podem ser difíceis de mudar. “Se queremos que a produção de café seja verdadeiramente sustentável, devemos priorizar a equidade de gênero”, acrescenta.

Produtora de café em meio à lavoura

Explorando iniciativas sociais em prol da equidade de gênero nos países produtores de café

Há várias maneiras de melhorar a equidade de gênero na produção de café, mas uma das mais eficazes é por meio de iniciativas sociais. 

Por exemplo, a Fairtrade ajuda a capacitar e apoiar as mulheres na produção de café de várias maneiras diferentes. De acordo com uma pesquisa da Fairtrade, as mulheres representam apenas 25% dos pequenos produtores de café com os quais trabalham diretamente.

Justine, que trabalha com 15 organizações de pequenos agricultores em Uganda, explica como os Padrões de Fairtrade ajudam a promover a equidade de gênero na produção de café.

“Os Padrões de Fairtrade não são apenas uma ferramenta para melhorar a equidade de gênero, mas também para capacitar mulheres”, diz. “Quando implementam os Padrões de Fairtrade, os produtores são auditados para garantir que suas políticas sejam mais inclusivas para as mulheres.”

Os padrões Fairtrade incluem o combate à discriminação com base em gênero ou estado civil e a comportamentos sexualmente intimidantes, abusivos ou exploradores. Além disso, exigem que organizações certificadas desenvolvam políticas de gênero de longo prazo. “Com a implementação desses padrões, vimos as organizações melhorarem suas políticas e programas de equidade de gênero”, acrescenta Justine.

A questão financeira

Luzmila Loayza faz parte da Cooperativa Agrária Frontera San Ignacio, no Peru, que também é certificada pelo Fairtrade. Em 2016, suas associadas lançaram sua própria marca de café, Las Damas de San Ignacio. 

Ela diz que, ao estabelecer sua própria marca, as mulheres melhoraram seu acesso a recursos financeiros e diversificaram sua renda.

“Foi empoderador porque ajudou as mulheres a encontrar seu próprio papel dentro da cooperativa”, explica ela. “Isso também mostra o quão duro eles trabalham, o que você pode dizer pela qualidade do café. “Também é importante destacar que alcançar a equidade de gênero não é competir com nossos colegas do sexo masculino – é sobre homens e mulheres se apoiarem mutuamente”, acrescenta ela. “Todos nós precisamos contribuir para o sucesso da cooperativa, para podermos cultivar coletivamente café de alta qualidade.”

Incluindo mulheres na liderança e em cargos com poder de decisão

Na Ascarive, outra cooperativa certificada pela Fairtrade em Minas Gerais, Brasil, que trabalha diretamente com Matthew Algie, a cafeicultora Dulcilene compartilha sua perspectiva sobre as iniciativas locais de inclusão de gênero que eles implementaram. 

“Frequentamos o grupo de mulheres, que realiza palestras educativas e incentiva muito as mulheres”, diz ela. Ela acrescenta que, antes de participar do grupo, algumas mulheres da cooperativa ficariam mais em segundo plano.

“Participar do grupo ajudou as mulheres que estavam mais escondidas e tímidas”, explica ela. “Isso criou oportunidades para sermos menos medrosas e nos impedir de pensar que não somos capazes – nos ajudou a acreditar poder alcançar o que quisermos.”

Liliane é a tesoureira da Ascarive e trabalha na cooperativa há cerca de oito anos. Ela diz que seu envolvimento com a cooperativa foi transformador e melhorou sua autoconfiança. Além disso, também ajudou a mudar equívocos sobre as mulheres em papéis de liderança.

Liliane explica ainda que há cerca de dez anos, ela se sentia invisível e não ouvida pelos homens de sua comunidade. “Agora, com o apoio da Fairtrade, sou uma empreendedora e me sinto uma mulher empoderada”, diz. “Estou muito orgulhosa de ser um pequena produtor de café.”

Ela também explica como manter uma posição de liderança ajudou a encorajar outras mulheres. “Acho que minha posição na cooperativa fez com que outras mulheres percebessem que também conseguem ocupar esses papéis”, diz ela. “Agora espero que minhas filhas um dia tomem meu lugar. “Queremos trabalhar lado a lado com nossos maridos, pais, irmãos e colegas do sexo masculino”, acrescenta. “Cada um tem o seu papel, mas precisamos crescer juntos.”

Cerejas de café recém-colhidas em uma peneira

Por que promover a equidade de gênero na produção de café?

De acordo com uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), reduzir a diferença de gênero na indústria agrícola global poderia tirar entre 100 e 150 milhões de pessoas da fome.

Além disso, a mesma pesquisa afirma que, quando as mulheres têm igual acesso aos mesmos recursos e insumos agrícolas que os homens, o rendimento das culturas pode aumentar em até 30%. 

Considerando que a indústria do café está enfrentando uma série de desafios – incluindo um declínio na produção em alguns países de origem e a crescente ameaça das mudanças climáticas – melhorar a equidade de gênero pode ser uma das maneiras de aumentar a produção de café.

“Melhorar a equidade de gênero também pode ajudar a atender à crescente demanda por café de maior qualidade”, explica Justine. “Ao treinar as mulheres para realizar as melhores práticas agrícolas, elas podem se concentrar em melhorar a qualidade, bem como sua renda.”

Não há dúvida de que alcançar a equidade de gênero na produção de café é um processo complexo e demorado, mas ao abordar as questões atuais e futuras potenciais, organizações como a Fairtrade podem ter um impacto positivo real na vida das mulheres trabalhadoras do café. Em última análise, isso também significa que suas famílias e comunidades também podem se beneficiar.

“As mulheres investem muito na educação de seus filhos”, diz Eduarda. “Por sua vez, as crianças podem ver mais de um futuro na produção de café para si.

“Quando você investe em mulheres, você não investe apenas nelas – você pode ter uma influência significativa sobre como uma comunidade ou sociedade se desenvolve”, acrescenta ela. Liliane concorda, dizendo: “Quanto mais sustentável for a produção de café, mais nossos filhos terão futuro na indústria”.

Trabalhadores associados a uma cooperativa que promove ações pela equidade de gênero no café em meio à lavoura

O futuro

Para que as mulheres que trabalham na produção de café experimentem o impacto total de iniciativas sociais inclusivas de gênero, como o comércio justo, é necessário que haja apoio de toda a cadeia de suprimentos.

“O empoderamento financeiro das mulheres permitirá que elas levantem suas vozes como parceiras de negócios. Mais confiança precisa ser construída entre as mulheres e as pessoas que compram seu café. Também precisamos ver mais mercados de café focados nas mulheres. E, além disso, a equidade de gênero precisa se tornar mais normalizada”, conclui Justine

Maria Paula é a outra integrante do Ascarive. Ela enfatiza o importante papel que os torrefadores e os consumidores desempenham para ajudar a melhorar a equidade de gênero. “Não é apenas uma xícara de café – você também faz parte de nossas histórias e oportunidades comprando e bebendo nosso café”, diz.

“Você está dando a cada um de nossos produtores a oportunidade de crescer e se desenvolver, e ver que seu trabalho duro é valorizado. Eu gostaria de ver mais mulheres assumindo papéis importantes em cooperativas e tendo vozes mais predominantes, sendo respeitadas e ouvidas”, finaliza Luzmila

Trabalhadora revolvendo grãos de café em pátio de secagem

Apesar dos muitos desafios que as mulheres enfrentam na produção de café, esforços vêm sendo feitos para melhorar a equidade de gênero, incentivar as mulheres e ampliar seu acesso a inúmeros recursos.

Com o tempo – com maior acesso à educação, insumos agrícolas e recursos financeiros – as mulheres produtoras de café podem vir a desempenhar um papel ainda maior no apoio à sustentabilidade do setor cafeeiro e a se tornar mais responsáveis pela lavoura que cultivam.

Gostou? Em seguida, leia nosso artigo explorando o impacto do fornecimento sustentável de café a longo prazo.

Créditos das fotos: Fairtrade

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

Observação: a Fairtrade é patrocinadora da Perfect Daily Grind.

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Resolvendo problemas ambientais na cafeicultura https://perfectdailygrind.com/pt/2023/03/22/resolvendo-problemas-ambientais-na-cafeicultura/ Wed, 22 Mar 2023 11:01:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12507 O café é uma das commodities mais comercializadas no mundo, o que significa que é produzido e exportado em grande escala global. Naturalmente, a produção agrícola desse porte pode, por vezes, resultar no surgimento de problemas ambientais. Muitas vezes, isso acontece devido a ligações com a desmatamento e a má gestão das explorações agrícolas, por […]

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O café é uma das commodities mais comercializadas no mundo, o que significa que é produzido e exportado em grande escala global. Naturalmente, a produção agrícola desse porte pode, por vezes, resultar no surgimento de problemas ambientais.

Muitas vezes, isso acontece devido a ligações com a desmatamento e a má gestão das explorações agrícolas, por exemplo. No entanto, à medida que a demanda por café sustentável aumenta, mais e mais esforços vêm sendo feitos para apoiar os cafeicultores na redução do impacto ambiental de sua produção.

Além disso, como o impacto das mudanças climáticas continua a ameaçar o futuro do setor cafeeiro, esses esforços sustentáveis são agora mais importantes do que nunca. Para descobrir como podemos reconhecer e começar a resolver problemas ambientais na produção de café, falei com três especialistas.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre produção de café ambientalmente sustentável e rentabilidade.

trabalhadores derrubando uma árvolre

As questões ambientais associadas à produção de café

Em primeiro lugar, deve-se notar que a maioria das questões ambientais na produção de café são um resultado da agricultura em grande escala. 

Embora se estime que os pequenos agricultores produzam até 80% da oferta mundial de café, a maioria deles só cultiva em áreas de até 30 ha. Isso significa que seus rastros de carbono são mínimos em comparação com fazendas de café maiores e empresas multinacionais de café.

Em última análise, isso significa que a contabilização das questões ambientais é, em grande parte, da responsabilidade dessas empresas – e não dos produtores. E embora haja um número crescente de programas sustentáveis sendo implementados, isso não significa que não haja algumas questões ambientais decorrentes da produção.

Steffen Sauer é o fundador da Ulinzi Africa Foundation, uma organização sem fins lucrativos que trabalha com guardas florestais na África Oriental para proteger a vida selvagem local. Segundo ele, a conservação e a proteção ambiental são problemas da indústria cafeeira, mas não exclusivos do setor. “Estas são questões em todas as principais indústrias agrícolas de grande escala devido às economias de escala.”, ele diz.

Emissões de carbono e outras questões ambientais na cafeicultura

Um estudo de 2021 da University College London descobriu que, após a exportação de café, a produção foi responsável pelo segundo maior volume total de emissões de carbono em toda a cadeia de suprimentos.

Isso ocorre porque, em muitos casos, o transporte de café depende de combustíveis fósseis, já que o café é geralmente enviado para países consumidores em grandes navios cargueiros.

No entanto, para além das emissões, temos também de considerar outras questões ambientais. Por exemplo, o uso incorreto de produtos químicos e insumos agrícolas. Se aplicados incorretamente, esses itens podem causar sérios danos ao meio ambiente e à vida selvagem ao redor. 

O uso excessivo desses produtos químicos pode levar a um declínio na saúde do solo, e à contaminação das águas subterrâneas com excesso de nutrientes – particularmente nitrogênio e fósforo. Em última análise, isso pode matar animais, insetos, peixes e pássaros.

O desmatamento também é outro problema para a agricultura em larga escala, pois leva a uma perda significativa de habitat para a vida selvagem local e pode acelerar a desertificação de terras aráveis. “A conservação não se trata apenas de proteger os animais, mas também seus habitats”, acrescenta Steffen. “Há muitas sinergias entre conservação e café; elas estão interligadas.”

O impacto do desmatamento

Em todo o mundo – incluindo nas principais regiões produtoras de café – estima-se que uma média de 13 milhões de hectares de floresta sejam perdidos por ano. Isso não apenas destrói habitats para animais, insetos e pássaros, mas também significa haver menos árvores para sequestrar carbono.

Isto é especialmente preocupante, pois os especialistas já estão prevendo que, se as emissões de carbono permanecerem como são agora, até 2050, metade de todas as terras de arábica globais poderiam passar a ser inadequadas.

Cafés processados em via úmida

E o processamento do café?

O processamento é uma parte fundamental do preparo para exportação, além de afetar diretamente a qualidade. Os dois principais métodos são o lavado e o natural.

Ritesh Doshi é o CEO da Spring Valley Coffee no Quênia. Ele explica as diferenças entre os dois em questões ambientais. “O café lavado pode ser mais fácil de vender globalmente, mas ele usa significativamente mais água do que o natural, que resulta em quase nenhuma água residual”.

Novamente, é importante notar que, em comparação com a agricultura de grande escala, os pequenos agricultores são responsáveis por uma quantidade significativamente menor de subprodutos nocivos e, caso haja, um pequeno volume de águas residuais. 

O processamento natural é indiscutivelmente a técnica de processamento mais ecológica, pois é menos intensiva em energia e requer pouca ou nenhuma água. Isso ocorre por as cerejas serem colhidas e, em seguida, deixadas para secar totalmente intactas em pátios ou terreiros suspensos.  

Por conta de seu elevado uso de água, o café lavado acaba sendo visto como menos sustentável. Nele, as cerejas são submersas em tanques de água antes de serem despolpadas.

A questão das águas residuais

Embora o processamento lavado possa resultar em um café de sabor mais limpo, ele também produz volumes maiores de águas residuais do que o processamento natural.

No entanto, mesmo que um pequeno produtor esteja exclusivamente a realizar o processamento lavado, é improvável que, por si só, cause uma quantidade significativa de danos ao ambiente.

Jesse Winters é o fundador da Conservation Coffee, que fornece café cultivado à sombra de fazendas orgânicas. Segundo ele, se as águas residuais não forem gerenciadas corretamente, elas podem poluir rios, riachos e lagos, aumentando a carga biológica. “Isso pode ser devastador para a vida selvagem marinha e de água doce”, ele diz.

Uma alta carga biológica pode levar faz com que fitoplanctons, como algas, cresçam nos leitos aquáticos. Isso impede o oxigênio e a luz solar de alcançarem o fundo dos rios, matando peixes e outros animais selvagens.

A polpa é outro subproduto do processamento do café a ser considerado, não importa qual método seja usado. Assim como as águas residuais, se não forem descartadas de forma inadequada, ela também pode poluir os sistemas de terra e água.

Trabalhador colhendo café - questões ambientais na cafeicultura

Problemas ambientais ao longo da cadeia produtiva do café

Embora os produtores de café possam ser incentivados a utilizar mais fertilizantes orgânicos ou a gerir os resíduos de uma forma mais sustentável, os esforços ambientais na indústria cafeeira têm de ir muito mais longe.

É óbvio que todos os intervenientes na cadeia de abastecimento têm de assumir mais responsabilidades na redução do impacto ambiental da indústria do café. Temos de reconhecer que, para além da produção e da exportação, existem outras áreas da cadeia igualmente responsáveis por questões ambientais.

A torrefação pode produzir emissões de gases de efeito estufa, como dióxido e monóxido de carbono. Enquanto alguns torradores modernos agora incluem sistemas de reciclagem de ar embutidos, modelos mais antigos normalmente emitem esses gases para a atmosfera.

Além disso, o volume de resíduos produzidos por cafeterias é uma grande preocupação para muitas pessoas. Pode ser difícil ou impossível reciclar copos de café descartáveis, e muitos acabam sendo enviados para aterros. Lá, em condições anaeróbicas, pode levar centenas de anos para que eles se decomponham.

Quando a qualidade também passa por questões ambientais

Steffen acredita que parte da responsabilidade de reduzir o impacto ambiental é dos consumidores. De acordo com ele, os consumidores precisam exigir mais qualidade e estar dispostos a pagar por ela. “Eles devem pagar pela qualidade que querem ter e comprar cafés que não causem nenhum dano ao meio ambiente”, ele diz.

“As decisões individuais desempenham um papel importante”, acrescenta. “Por exemplo, os consumidores podem pressionar as empresas maiores para estarem mais atentas ao meio ambiente.”

Nos últimos anos, muitas empresas de café maiores se comprometeram a compensar suas emissões e reduzir seu impacto ambiental, incluindo a Starbucks e a Nespresso. No entanto, é evidente que mais trabalho precisa ser feito – especialmente quando essas empresas ainda contribuem significativamente para a quantidade de resíduos produzidos.

Ritesh concorda, dizendo: “Precisamos que as pessoas nas empresas maiores agreguem mais valor – os agricultores também precisam adicionar pressão a essas empresas.”

Outras partes interessadas importantes da indústria também precisam desempenhar um papel, uma vez que a legislação e as políticas podem ajudar a reforçar os esforços de conservação na produção de café.

Por exemplo, a União Europeia aplicou recentemente novas regras obrigatórias de diligência aos exportadores e comerciantes para deixarem, gradualmente, de adquirir café que esteja ligado ao desmatamento na origem. “A legislação governamental pode ajudar, mas a mudança precisa ser liderada por empresas e consumidores com visão de futuro”, diz Ritesh.

Trabalhadores da produção de café

Considerando as soluções para os problemas ambientais

Alguns agricultores estão mudando para práticas agrícolas mais ecológicas, como a agricultura sintrópica e a agrofloresta.

Já se sabe que o cultivo sombreado pode resultar em cafés de alta qualidade em todos os aspectos, além de promover a biodiversidade. Isso também pode fornecer aos agricultores métodos naturais de controle de pragas, pois pássaros e pequenos animais podem comer insetos que interferem nas plantas de café.

Além disso, o aumento do número de plantas de café cultivadas à sombra resulta em menos desmatamento, sequestra mais dióxido de carbono e geralmente requer menos uso de insumos químicos, como fertilizantes.

Ritesh diz que a Spring Valley é parceira de um programa de conservação. Ele diz que para cada saco de café vendido, 50% do lucro bruto é doado para o programa. “Trabalhamos com a Seedballs Kenya”, explica. “Usando esse dinheiro, plantamos cinco mudas de árvores nativas em uma área da qual obtemos.”

Quanto aos métodos de processamento, técnicas de gerenciamento adequadas podem ajudar a reciclar ou reutilizar águas residuais e polpa descartada. Quando tratada corretamente, as águas residuais podem ser usadas para irrigação ou retornarem a fontes naturais de água. Da mesma forma, quando, a polpa de café pode ser reaproveitada como biocombustível ou fertilizante orgânico.

As questões financeiras

No entanto, para muitos produtores (principalmente os pequenos), essas mudanças podem exigir um investimento significativo, com prazo de retorno incerto. Por exemplo, embora a agricultura orgânica possa ser mais sustentável, também pode resultar em rendimentos menores.

As maiores empresas de café também têm um papel importante a desempenhar na redução do impacto ambiental. Entre algumas delas, conceitos como compensação de carbono e Carbono Circular vêm tendo destaque.

Carbono circular é o processo de organizações que reduzem as emissões líquidas de carbono dentro de suas próprias cadeias de suprimentos. Já a compensação é quando adquirem créditos de carbono para equilibrar suas emissões, muitas vezes olhando além de seus fornecedores ou mesmo para outros setores para fazê-lo.

Além disso, embora a sustentabilidade ambiental em nível agrícola seja certamente necessária, também é importante destacar o papel das certificações. Elas são comuns na indústria do café, especialmente aquelas que exigem que as empresas de café implementem práticas mais sustentáveis. Por exemplo, as certificações orgânicas têm regulamentos rigorosos para os agricultores – principalmente no que diz respeito à ausência de insumos químicos.

Questões envolvendo certificações

No entanto, Jesse enfatiza que os consumidores precisam prestar atenção ao que as certificações realmente significam. “Os consumidores devem comprar café de empresas que passaram por muitos controles para receber suas certificações”, diz.

Muitos pequenos produtores podem já estar realizando práticas orgânicas em suas fazendas de café. No entanto, como a obtenção de certificações pode ser cara, alguns agricultores podem não conseguir se candidatar – o que significa que estão retendo menos valor.

Em última análise, Ritesh acredita que o impulso para a conservação ambiental na produção de café se resume a saber se os clientes estão dispostos a pagar mais. “Usar sacos compostáveis, produzir café cultivado à sombra ou implementar práticas agrícolas orgânicas custa mais dinheiro – o cliente final precisa estar disposto a pagar por isso”, conclui.

Fazendeiro observa plantação deteriorada por problemas ambientais

Embora mudanças sustentáveis tenham sido feitas nos últimos anos, é claro que mais legislação, investimento e conscientização são necessários para resolver algumas das questões ambientais relacionadas à produção de café. Também não podemos ignorar as implicações financeiras de fazer essas mudanças no nível da fazenda – especialmente no que diz respeito aos pequenos agricultores.

Em última análise, há sinais de que as coisas continuarão a melhorar, mas com a pressão crescente da ameaça das alterações climáticas, uma coisa é clara: a necessidade de mais mudanças substanciais está certamente aumentando. 

Gostou? Em seguida, experimente nosso artigo sobre se a qualidade do café e a sustentabilidade ambiental andam de mãos dadas.

Créditos das fotos: Peter Gakuoh, Mauhobaah Butt

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

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A agricultura regenerativa na produção de café https://perfectdailygrind.com/pt/2023/03/15/agricultura-regenerativa-no-cafe/ Wed, 15 Mar 2023 11:03:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12469 Não há como questionar que a demanda por café sustentável está em alta. Agora, mais do que nunca, marcas e consumidores percebem a importância de cultivar, comprar e beber café que seja social e ambientalmente sustentável. Há uma série de razões complexas que impulsionam esse foco. No entanto, uma das mais importantes para o café sustentável […]

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Não há como questionar que a demanda por café sustentável está em alta. Agora, mais do que nunca, marcas e consumidores percebem a importância de cultivar, comprar e beber café que seja social e ambientalmente sustentável.

Há uma série de razões complexas que impulsionam esse foco. No entanto, uma das mais importantes para o café sustentável ambientalmente é a ameaça crescente das mudanças climáticas e o impacto que isso tem no setor cafeeiro. 

Quando falamos sobre a questão ambiental no café, o foco geralmente se volta para como podemos mitigar o impacto das mudanças climáticas. E isso pode se dar através de conceitos como a agrofloresta, revitalização de ecossistemas ou gerenciamento da saúde do solo. De modo geral, práticas como essas podem ser chamadas de agricultura regenerativa.

Então, o que queremos dizer quando falamos sobre agricultura regenerativa na cafeicultura? Para saber mais, conversei com quatro especialistas em sustentabilidade de café. Continue a ler para saber o que eles disseram.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre produção de café ambientalmente sustentável e rentabilidade.

Trabalhador em fazenda de café sustentável

O que é agricultura regenerativa?

Ken Giller é professor de sistemas de produção de plantas na Universidade de Wageningen, na Holanda.

“Usou-se o termo ‘agricultura regenerativa’ pela primeira vez no Instituto Rodale, na década de 1980. O órgão se concentrava na agricultura orgânica à época”, diz ele. “Sua definição foi holística – considerando fatores como ciclos de nutrientes e saúde do solo.”

No entanto, apesar de essas práticas-chave terem sido estabelecidas e esclarecidas há algumas décadas, ainda não há uma definição comumente aceita de agricultura regenerativa. “Parece haver muito pouca concordância sobre o que as práticas regenerativas realmente são”, diz Ken.

Rejane Souza é vice-presidente de Conhecimento de Cultivos e Agronomia da Yara. Ela explica o princípio geral por trás da agricultura regenerativa na produção de café. “Trata-se de preparar os cafeicultores para se concentrarem na qualidade e na resiliência climática”, diz ela.

Barbara Novak, gerente de vendas técnicas globais de iniciativas da cadeia alimentar na Yara, acrescenta: “Na Yara, identificamos a agricultura regenerativa como clima, saúde do solo, eficiência de recursos, biodiversidade e prosperidade do produtor”.

Por fim, a agricultura regenerativa se concentra em equilibrar a conservação e a sustentabilidade ambiental, com a produção comercial de culturas como o café.

Segundo João Moraes, diretor de contas globais da Yara, a agricultura regenerativa tem que se basear em resultados e proporcionar aos agricultores melhores meios de subsistência, educando-os sobre as melhores práticas de produção. “Abordamos isso por meio de um certo número de fatores, incluindo saúde e fertilidade do solo, retenção de água, níveis de respiração no solo e níveis de biodiversidade”, ele afirma.

Mão de um trabalhador selecionando cerejas de café

Aumentar a rentabilidade e a sustentabilidade

Embora os modelos de agricultura comercial historicamente se concentrem no rendimento e na qualidade, a agricultura regenerativa se inclina para métodos mais naturais de produção de culturas circulares.

“Holisticamente, a agricultura regenerativa se concentra em criar harmonia entre os três pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental e social”, explica Barbara, que acrescenta: “Assim, isso significa que a qualidade e os rendimentos do café podem melhorar, enquanto o rastro de carbono cai e a eficiência do uso da terra aumenta”.

Segundo ela, há uma relação de ‘causa e efeito’ entre esses três pilares, o que provavelmente também afetará positivamente a lucratividade dos agricultores. “Por exemplo, a redução das emissões e a aplicação de fertilizantes resultantes em nutrição equilibrada, bem como os níveis certos de nitrogênio no solo, também influenciarão o rendimento em conformidade”, ela diz.

Os níveis ideais de nitrogênio no solo também podem afetar a qualidade do café. Pesquisas da Yara descobriram que tanto as plantas de café com deficiência de nitrogênio quanto as super fertilizadas acabaram tendo uma pontuação mais baixa na xícara. 

Uma nova mentalidade

Segundo João, essa é uma técnica e uma mudança de mentalidade sobre a agricultura que pode ajudar a reduzir a pegada de carbono da produção de café. “Ela também garante que a cadeia de suprimentos seja mais transparente e estabeleça uma meta básica para a futura produção sustentável de café”, diz.

“Aumentar a resiliência dos agricultores às mudanças climáticas por meio da agricultura regenerativa serve apenas para salvaguardar a produção e a qualidade do café. Isso é fundamental para garantir a estabilidade financeira dos produtores de café”, João acrescenta.

No entanto, Ken ressalta que a implementação de práticas agrícolas regenerativas nem sempre é simples. “Pode ser difícil entender como a agricultura regenerativa pode afetar a produtividade e a qualidade do café. Em primeiro lugar, você precisa entender mais sobre as condições atuais que está tentando melhorar”, diz.

“Por exemplo, em certos países africanos, reduzir certos insumos agrícolas para ser mais sustentável pode ser prejudicial para os agricultores. Se você quiser melhorar a produtividade, precisará usar mais insumos, como fertilizantes”, Ken acrescenta.

Trabalhador colocando fertilizante em um pé de café

Nutrição das culturas, fertilizantes e agricultura regenerativa

Em 2020, a Comissão Europeia informou que a agricultura orgânica na Europa abrangeu cerca de 14,7 milhões de hectares de terras agrícolas – e este número deverá aumentar nos próximos anos.

Considerando o aumento da agricultura orgânica, é importante perguntar qual é a diferença entre isso e a agricultura regenerativa.

Barbara explica que, de modo geral, a cafeicultura orgânica é muito menos flexível. “Como não há padrões da indústria sobre o uso de fertilizantes na agricultura regenerativa, os fertilizantes minerais são comumente usados para melhorar a produtividade do café e a fertilidade do solo”, diz.

Ela acrescenta que a agricultura regenerativa é mais focada em resultados, considerando os meios de subsistência socioeconômicos dos produtores e a capacidade de longo prazo de cada fazenda.

Paralelamente, há também uma ênfase significativa na sustentabilidade ambiental. “A agricultura orgânica é definida por um conjunto de padrões e práticas, enquanto a agricultura regenerativa adota uma abordagem diferente. Ela considera os resultados, como melhorias na saúde do solo, eficiência de nutrientes e pegada de carbono”, diz ela.

A importância do uso correto de fertilizantes

“Os fertilizantes geralmente estão prontamente disponíveis e acessíveis na maioria dos países produtores de café. No entanto, muitas vezes são subutilizados ou mal utilizados”, diz João.

Quando aplicados incorretamente, os fertilizantes podem ser ineficazes, potencialmente fazendo com que os rendimentos ou a qualidade caiam. Outra observação feita é que a aplicação incorreta também pode ter um impacto ambiental, tanto na saúde imediata do solo quanto no rastro de carbono de quaisquer insumos agrícolas desperdiçados.

João acrescenta que a maximização da eficiência do uso de nitrogênio (NUE) também é importante para a agricultura regenerativa. A NUE é uma medida de quão eficazes são os insumos de nitrogênio no que diz respeito ao solo, e maximizá-la significa que os agricultores não estão desperdiçando ou aplicando-a em excesso – e, assim, melhorando a saúde do solo a longo prazo.

“Os produtores devem aplicar fertilizantes de forma equilibrada, considerando quatro etapas do processo: a quantidade e o momento da aplicação do fertilizante precisam estar corretos, bem como a fonte e o local em que é aplicado”, explica Barbara.

Ela ainda acrescenta: “Esses quatro fatores afetarão a qualidade do café, o que, no que lhe concerne, pode ajudar os agricultores a acessar mais mercados premium. É uma oportunidade para eles prosperarem.”

Outros pontos a serem considerados sobre o uso de fertilizantes

Além disso, existem algumas outras considerações que devemos considerar ao usar fertilizantes no contexto mais amplo da cultura regenerativa do café.

Rejane explica que o uso de fertilizantes pode ajudar a melhorar a produtividade e a eficiência da terra das plantas de café. “Os fertilizantes adequadamente aplicados também podem aumentar a resiliência das culturas a estressores ambientais, como calor, seca e doenças”, diz.

“Isso também significa potencialmente um movimento gradual para aumentar o sequestro de carbono, melhorar os rendimentos por hectare e melhor uso dos recursos”, acrescenta Barbara.

Isso pode ser especialmente eficaz quando consideramos o impacto das mudanças climáticas – que está forçando cada vez mais os cafeicultores nas áreas afetadas a subir mais alto em busca de temperaturas adequadas, mudar para variedades mais resilientes ou até mesmo abandonar completamente a produção de café.

“Programas de nutrição de culturas mais equilibrados podem resultar em menos aplicação de fertilizantes por hectare. E aplicando essas quantidades menores da maneira correta é possível melhorar o rendimento e a qualidade”, diz Barbara. “Isso significa que o conhecimento e a experiência são essenciais – ainda mais quando se usa fertilizantes na agricultura regenerativa.”

Trabalhadora selecionando grãos de café em terreiro suspenso

Como podemos dimensionar a agricultura regenerativa na cafeicultura?

Em muitos casos, há uma clara preocupação com muitos modelos agrícolas que se concentram diretamente na sustentabilidade: a escalabilidade.

Há um argumento de que, embora sejam mais acessíveis para fazendas de médio e grande porte lucrativas, são menos acessíveis para pequenos agricultores, para quem a lucratividade é uma questão de subsistência e sobrevivência. 

Como os agricultores são os únicos que geralmente acabam pagando por qualquer mudança importante nos métodos de cultivo, este é um ponto importante e um grande obstáculo à adoção mais ampla.

Comunidades menores e mais remotas de cultivo de café também podem ter acesso limitado a suporte e infraestrutura.

“A agricultura regenerativa é muitas vezes inicialmente mais cara do que as práticas comerciais mais convencionais de cultivo de café”, reconhece Barbara.

Ela ainda acrescenta: “Os agricultores geralmente suportam o peso desses custos adicionais, enquanto mais valor é gerado ao longo da cadeia de suprimentos”. Ainda segundo Barbara, as práticas agrícolas regenerativas criam mais valor para as empresas de café. “Elas ajudam as marcas a alcançar alguns de seus objetivos sustentáveis mais adiante na cadeia de suprimentos”, afirma.

A agricultura regenerativa como agregador de valor às marcas de cafés

Como ela explica, enfatizar as iniciativas de responsabilidade social está se tornando uma tendência crescente para as marcas de café. Isso pode significar que há pressão para que os produtores adotem práticas sustentáveis ou sejam “deixados para trás” – o que quer dizer ter acesso reduzido ao mercado.

“Por esta razão, é fundamental que as empresas desenvolvam programas de incentivo para apoiar os agricultores na transição para práticas agrícolas regenerativas, bem como no monitoramento dos resultados”, diz ela.

“A transição para a agricultura regenerativa exigirá novos modelos de financiamento e ferramentas digitais para aconselhar os produtores na realização de novas práticas agrícolas. Isso além de ajudar a monitorar os resultados”, acrescenta. “A Yara está trabalhando ativamente com os atores da cadeia de suprimentos de café. Desenvolvemos novos modelos de negócios para criar oportunidades para os produtores de café. Assim como ferramentas digitais para medir a saúde do solo, os rendimentos do café, a eficiência do uso da terra e a pegada de carbono”, conclui Barbara.

Contextualizando o caso de cada fazenda

Além disso, Ken ressalta que a escalabilidade não é uma questão geral. Ele observa que a viabilidade da agricultura regenerativa dependerá de uma série de fatores que variam muito de fazenda para fazenda. 

“Integrar mais árvores de sombra pode ser benéfico, mas isso depende da localização da fazenda”, diz Ken. “As árvores que fixam o nitrogênio, podem ajudar a apoiar a produção de café, fornecendo melhor cobertura do solo, mas os agricultores precisam ter cuidado para que essas árvores não concorram com as plantas de café por água durante as estações mais secas.”

E ainda, Barbara acredita que a agricultura de café regenerativa é possível para muitos agricultores.

“Qualquer produtor pode adotar práticas agrícolas regenerativas”, diz Barbara. “Considerando o impacto que a agricultura em larga escala tem no meio ambiente, todos temos a responsabilidade de incentivá-la. “Garantir que a agricultura regenerativa seja lucrativa para o agricultor passa por uma abordagem colaborativa para que os custos adicionais possam ser distribuídos uniformemente”, acrescenta.

O apelo do café sustentável no mercado

Rejane, entretanto, enfatiza que esse foco na sustentabilidade pode acabar sendo uma vantagem única. Ela explica que, embora haja pressão para que os produtores “acompanhem” uma tendência como essa, isso pode realmente torná-los mais lucrativos e competitivos a longo prazo.

“Os consumidores estão exigindo café mais sustentável. Sendo assim, a agricultura regenerativa pode ajudar os agricultores a garantir que eles permaneçam competitivos no mercado internacional de café”, diz Rejane.

Ainda segundo ela, a adoção dessas práticas ajuda os produtores a se prepararem para quaisquer possíveis mudanças na regulamentação que possam vir para as certificações no futuro. “Para que a agricultura regenerativa tenha sucesso, é necessária uma abordagem por etapas, para permitir que os agricultores façam mudanças”, conclui.

Grãos de café na mão de um trabalhador

É claro que a agricultura regenerativa tem seus benefícios para os cafeicultores que buscam aumentar a qualidade e os rendimentos de uma maneira sustentável e circular que melhore o ecossistema local e gerencie a saúde do solo. 

Embora a escalabilidade e a acessibilidade dos preços sejam uma barreira para os pequenos agricultores, se surgirem apoio e iniciativas, os produtores terão cada vez mais poder para implementar esta e outras técnicas sustentáveis semelhantes na sua exploração. 

Além disso, com o ambiente no topo da lista de preocupações dos consumidores, é claro que o mercado de café sustentável só continuará a crescer. 

Gostou? Em seguida, leia o nosso artigo sobre como explorar a qualidade, a rentabilidade e a nutrição das culturas para os produtores de café.

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

Observação: a Yara é patrocinadora do Perfect Daily Grind.

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Como as cafeterias podem reduzir o desperdício de copos descartáveis? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/03/08/reduzir-desperdicio-copos-descartaveis/ Wed, 08 Mar 2023 11:04:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12431 Copos descartáveis são usados por cafeterias em todo o mundo. No entanto, com os consumidores cada vez mais conscientes de seu impacto ambiental, é claro que cada vez mais empresas precisam se adaptar e se afastar dos copos descartáveis. Segundo a Clean Water Action, só os EUA consomem cerca de 130 mil milhões de copos descartáveis […]

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Copos descartáveis são usados por cafeterias em todo o mundo. No entanto, com os consumidores cada vez mais conscientes de seu impacto ambiental, é claro que cada vez mais empresas precisam se adaptar e se afastar dos copos descartáveis.

Segundo a Clean Water Action, só os EUA consomem cerca de 130 mil milhões de copos descartáveis por ano. Como eles são difíceis de reciclar, também podemos concluir que a maioria desses copos acaba indo para o aterro, onde contribuem para o crescente problema de gestão de resíduos.

No entanto, em resposta à questão do desperdício dos copos descartáveis, algumas cafeterias agora oferecem descontos para clientes que levam suas próprias xícaras reutilizáveis, bem como outros esquemas de troca. Mas como funcionam essas iniciativas? E quais são os benefícios?

Para descobrir, conversei com quatro profissionais de café envolvidos no programa de xícara reutilizável HuskeeSwap. Continue lendo para saber mais sobre o que eles têm a dizer. 

Você também pode gostar do nosso artigo sobre por que a reciclagem de copos de café descartáveis é tão difícil.

Copos descartáveis acumulados em lata de lixo

Por que os copos descartáveis são um problema?

Há uma série de questões de sustentabilidade em toda a cadeia de fornecimento de café, mas nenhuma recebeu o mesmo nível de atenção que os copos descartáveis.

Muitos copos descartáveis são fabricados usando plásticos à base de petróleo, como isopor, polipropileno ou papel revestido com polietileno. Embora esses materiais sejam úteis para reter o calor e evitar vazamentos, eles consomem muita energia para serem fabricados e não são facilmente reciclados.

Estima-se que são necessárias cerca de 20 milhões de árvores e 12 bilhões de galões de água para produzir 58 bilhões de copos de papel por ano. Além disso, um estudo realizado pela empresa de testes de produtos Intertek descobriu que o rastro de carbono de produzir, usar e descartar apenas um copo descartável é o equivalente a mais de 60g de dióxido de carbono.

Ao considerar a escala de uso de copos descartáveis em todo o mundo, as emissões são, no mínimo, preocupantes. Além disso, mesmo quando descartados, os copos descartáveis continuam a ser um grande problema ambiental.

Especialistas acreditam que os copos de café descartáveis podem levar até 30 anos para se decompor devido aos baixos níveis de oxigênio, calor e fluxo de ar em condições de aterro.

Em resposta a essas preocupações, vimos vários países começarem a implementar proibições de plástico de uso único. Em 2019, os líderes de 170 países se comprometeram a “reduzir significativamente” o uso de plásticos (incluindo copos de café descartáveis) até 2030.

Nos três anos desde então, as Nações Unidas também elaboraram seu mandato de poluição plástica final  que poderia ver os líderes globais pressionarem por uma redução ainda maior de plásticos e copos descartáveis.

Pessoa segurando copos plásticos descartáveis sujos

É possível reciclar copos descartáveis?

À medida que mais e mais países implementam proibições em copos e plásticos de uso único, vimos o número de alternativas biodegradáveis, compostáveis e recicláveis aumentar. No entanto, essas alternativas de copo descartáveis também têm seus problemas próprios, especialmente quando se trata de descarte.

Um relatório de 2017 do Comitê de Auditoria Ambiental da Câmara dos Comuns do Reino Unido descobriu que apenas um em cada 400 copos descartáveis são devidamente reciclados no Reino Unido. Isso significa que a maioria deles vai direto para o aterro, independentemente de serem ou não recicláveis.

Muitos copos de uso único são feitos de isopor, polietileno ou polipropileno, sendo todos difíceis ou impossíveis de reciclar. No entanto, mesmo copos de café à base de papel são difíceis de reciclar.

Isso acontece porque a maioria deles é revestida com plástico para evitar vazamentos. Muitas instalações de reciclagem em todo o mundo não têm a infraestrutura adequada para separar os materiais, o que geralmente significa que os copos acabam indo para aterros.

Além disso, embora os copos de uso único biodegradáveis e compostáveis sejam projetados para se decompor mais rapidamente, isso depende muito de como eles são descartados. 

Em condições adequadas, a legislação da UE exige que os materiais compostáveis para uso industrial biodegradem completamente no prazo de seis meses. No entanto, em ambientes de aterro anaeróbio, copos compostáveis e biodegradáveis podem permanecer intactos por anos.

vista traseira de uma máquina de espresso com copos reutilizáveis em cima

Esquemas de trocas de copos reutilizáveis

Com as proibições de copos descartáveis se tornando mais comuns em todo o mundo, muitas cafeterias buscam maneiras de reduzir seu uso. Uma das soluções mais comuns é a troca de copos reutilizáveis, que vem sendo usada por cada vez mais redes e estabelecimentos.

Por exemplo, a Starbucks está testando seu esquema de empréstimo de xícara em suas lojas em Seattle, Japão, Cingapura e Londres. A empresa também conseguiu eliminar todo o uso de copos descartáveis em 16 de suas lojas na Coreia do Sul.

Michael McFarlane é o Chefe de Vendas e Marketing da Huskee, que projeta e fabrica copos reutilizáveis com um programa de troca de associados.

“Os esquemas de troca de xícaras de café oferecem uma solução para as cafeterias”, ele me diz. “Eles podem continuar a servir cafés para viagem, mesmo com proibições e taxas para copos descartáveis entrando em vigor em todo o mundo.”

Além dos esquemas de marcas maiores, também houve uma adoção recente de programas de troca de copos reutilizáveis em muitas cafeterias de menor porte. Um exemplo é o esquema HuskeeSwap, que está ativo em mais de 1.000 estabelecimentos em 22 países.

Como funciona o HuskeeSwap

Para participar, um cliente simplesmente compra um HuskeeCup (se ainda não tiver um) e o entrega ao barista para preparar seu café em uma cafeteria participante. Após terminarem a bebida, eles devolvem a xícara ao barista na próxima vez que pedirem, que depois a troca por uma xícara pré-lavada cheia com seu pedido de café, economizando o tempo do cliente na lavagem da xícara.

Michael explica mais sobre como esse sistema funciona. “As cafeterias possuem uma prateleira giratória de HuskeeCups pré-lavados, então eles trocam um copo quando um cliente pede”, diz ele. “Todos os copos trocados são então lavados para reabastecer a prateleira.”

Cyrus Hernstadt é o Diretor de Comunicações da Think Coffee, uma torrefação em Nova York que também participa do esquema HuskeeSwap. “Nossa equipe lava e higieniza os copos usados deixando-os prontos para o próximo uso. Isso poupa o tempo dos clientes assim como impede o descarte dos copos em aterros.”

Embora muitos clientes tenham suas próprias xícaras reutilizáveis, as visitas às cafeterias muitas vezes não são programadas. Isso significa que os consumidores acabam por esquecer de trazê-las. Além disso, lembrar de limpar o copo pode ser um problema para alguns clientes.

Jay Yu é o barista-chefe da Campus Life, que opera várias cafeterias na Universidade Macquarie em Sydney, Austrália. Ele diz que desde que a cafeteria aderiu ao esquema HuskeeSwap, 75% de suas bebidas foram preparadas em copos reutilizáveis.

“Como cliente, tudo o que você precisa fazer é fazer uma compra única de um copo e tampa Huskee. Então é possível levá-lo a qualquer cafeteria que participe do esquema HuskeeSwap. Como dono de uma cafeteria ou barista, você só precisa coletar o copo usado e trocá-lo por um limpo”, acrescenta.

Equívocos durante a pandemia de Covid-19

Antes da pandemia, os programas de troca de copos reutilizáveis estavam se tornando cada vez mais populares. Infelizmente, como resultado da Covid-19, muitas cafeterias tiveram que parar de aceitar copos reutilizáveis devido a preocupações sobre a propagação do vírus.

No entanto, nos últimos dois anos, as autoridades de saúde global confirmaram que não há transmissão da Covid-19 por meio de itens alimentares reutilizáveis, como xícaras de café. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA afirmaram que não houve registro de nenhum caso de Covid-19 transmitido por contato superficial.

Com os procedimentos corretos de limpeza e higienização em vigor, os esquemas de troca de xícaras de café, como o HuskeeSwap, podem continuar trabalhando para reduzir o desperdício de xícaras descartáveis.

Máquina de café espresso com copos reutilizáveis em cima

Como as iniciativas de copos reutilizáveis podem beneficiar as cafeterias?

Julia Auchey é a Diretora de Marca da 92 Degrees, uma torrefadora do Reino Unido que participa do programa HuskeeSwap.

“Desde que aderiu ao esquema HuskeeSwap, houve muito interesse nos próprios copos, o que naturalmente aumentou a conscientização sobre o desperdício de copos descartáveis”, diz ela.

“Muitos clientes nos fazem perguntas sobre de que os copos são feitos e por que os usamos. Essa pequena mudança em nossos cafés é outro passo para alcançar algumas das metas de sustentabilidade da nossa empresa”, acrescenta.

Além de reduzir o desperdício de copos descartáveis, há vários benefícios em implementar um esquema de troca de xícaras reutilizáveis em cafeterias.

Para baristas, esquemas de troca de copos reutilizáveis podem ajudar a melhorar o fluxo de trabalho. Em vez de ter que enxaguar a xícara reutilizável de um cliente, ele pode simplesmente trocá-la por uma das xícaras reutilizáveis pré-lavadas da cafeteria.

Além de ser mais conveniente, também é mais higiênico. “Ao lavar os copos em locais com altos padrões de segurança alimentar, a HuskeeSwap ajuda a reduzir o risco de contaminação cruzada. Com isso, evitamos seu transporte em transporte público, carro ou bolsa”, explica Michael.

Além disso, as iniciativas de troca de copos reutilizáveis são mais convenientes e acessíveis para muitos consumidores – especialmente se eles esqueceram de trazer seu próprio copo reutilizável e não querem usar um copo descartável. No caso da HuskeeSwap, o Cyrus explica que pode-se emprestar os copos ou armazená-los através do aplicativo.

“O aplicativo HuskeeSwap permite que os clientes deixem seus copos usados para um crédito eletrônico em um ponto de entrega designado, o que lhes poupa o incômodo de carregá-lo por aí”, explica Cyrus. “É uma coisa tão simples, mas remove uma das barreiras para mais pessoas optando por esquemas de troca de copos reutilizáveis.”

Casca de cerejas de café

Reduzir o desperdício em toda a cadeia de suprimentos

O desperdício de copos descartáveis é em grande parte um problema para cafeterias e consumidores. E isso ilustra como criar uma economia circular em toda a indústria do café também é importante.

“Cerca de 1,35 milhões de toneladas de resíduos de casca são gerados globalmente todos os anos”, diz Jay. A casca é um subproduto da cereja do café e inclui a pele seca e o joio.

Toda a linha HuskeeCup é feita de um polímero eco compósito exclusivo, que inclui o uso da casca de café descartada.

“Transformar resíduos em outros produtos úteis certamente inspirará mais produtores de café, torrefadores e consumidores a serem também mais sustentáveis”, acrescenta Jay.

Julia concorda, dizendo: “Iniciativas como a HuskeeSwap podem aumentar a sustentabilidade ao longo da cadeia de suprimentos – especialmente à medida em que a pandemia aumentou nosso uso de plásticos e copos de uso único.” 

Michael me fala sobre o programa HuskeeLoop, que visa garantir que mais de 90% de tudo o que Huskee faz seja coletado e reaproveitado em novos produtos, e que nenhum copo vá para aterro.  “É possível reciclar os copos através do nosso esquema de reciclagem em circuito fechado. E o nosso primeiro produto desta linha sendo lançado ainda este ano”, diz ele, observando que isso ajuda a reduzir ainda mais o desperdício. 

pessoa carregando copos descartáveis com bebida

Com mais e mais cafés adotando esquemas de xícaras reutilizáveis, podemos permanecer esperançosos de que o uso de copos de uso único na indústria de café começará a diminuir significativamente nos próximos anos.

“O verdadeiro poder de um esquema de troca de copos reutilizáveis é que ele incentiva as pessoas a participarem dele”, conclui Cyrus. “Ao fazer isso, ele faz uma pressão mais ampla por um setor de café mais sustentável.”

Gostou? Em seguida, leia nosso artigo sobre como criar um menu de alimentos para cafeterias que minimize o desperdício.

Créditos das fotos: Huskee

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

Observação: a Huskee é patrocinadora do Perfect Daily Grind.

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Como reduzir emissões durante a torra do café? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/02/01/reduzir-emissoes-durante-a-torra/ Wed, 01 Feb 2023 11:03:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12181 Como reduzir as emissões durante a torra do café? Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais importante que os torrefadores se concentrem na sustentabilidade – em termos de fornecimento de café rastreável e ético, bem como seu impacto ambiental. Justamente por isso, reduzir as emissões durante a torra se tornou uma missão significativa para todos […]

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Como reduzir as emissões durante a torra do café?

Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais importante que os torrefadores se concentrem na sustentabilidade – em termos de fornecimento de café rastreável e ético, bem como seu impacto ambiental. Justamente por isso, reduzir as emissões durante a torra se tornou uma missão significativa para todos os profissionais da área.

Embora os esforços de sustentabilidade da indústria do café tendam a se concentrar mais na produção e nas cafeterias, também é importante considerar outros aspectos da cadeia de suprimentos, incluindo a torrefação.

Pensando assim, cada vez mais torrefadores estão trabalhando para reduzir suas emissões, bem como seus custos, investindo em máquinas mais eficientes e sustentáveis.

Para saber mais, conversei com o engenheiro de produção do fabricante de torrefadores IMF, Lorenzo Mosca, e com o gerente de vendas australiano da IMF, Will Notaras. Continue lendo para saber mais sobre como os torrefadores podem reduzir as emissões durante a torra e porque isso é tão importante.

Você também pode gostar do nosso artigo explorando o impacto ambiental da torrefação de café.

torrador de café azul

Questões de sustentabilidade na torra de café

Tal como acontece com qualquer outra área da cadeia de fornecimento de café, há uma série de preocupações de sustentabilidade sobre torrefação. Com a produção de fumaça e outras partículas nocivas, sem dúvida, os maiores problemas são as emissões de carbono e gases perigosos.

“Durante o processo de torra vários gases são liberados na atmosfera, incluindo dióxido de carbono, monóxido de carbono e óxido nitroso, além da poeira”, explica Lorenzo. “Em quantidades maiores, esses gases e partículas são prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.”

Para os profissionais do café que muitas vezes trabalham em estreita proximidade com torrefadores, a exposição prolongada a esses gases e partículas pode ser perigosa. Além disso, sabe-se que as emissões de carbono têm um impacto significativo no aquecimento global.

“Em última análise, isso significa que as máquinas precisam incluir sistemas de redução de emissões”, acrescenta Lorenzo.

Agora, mais do que nunca, torrefadores de todo setor têm monitorado seus níveis de emissões, bem como procurado maneiras de reduzi-los. No entanto, para isso, os torrefadores precisam ter acesso a equipamentos especializados.

“Você pode testar as emissões dos torrefadores usando um analisador de gases de combustão”, diz Will.

“No entanto, os torrefadores também devem procurar a ajuda de especialistas que usam equipamentos apropriados para esse fim”, diz Lorenzo. “De fato, alguns torrefadores são obrigados a realizar esses testes com base nas leis de seus respectivos países.

”Como resultado da crescente necessidade de torrefadores para reduzir suas emissões, mais e mais fabricantes de torrefadores estão integrando tecnologias eficientes e sustentáveis em suas máquinas”, finaliza.

ambiente de uma torrefação de café

Por que os torrefadores precisam reduzir suas emissões?

Com os efeitos das mudanças climáticas se tornando cada vez mais intensos, é essencial que os torrefadores procurem maneiras de reduzir sua pegada de carbono. Pesquisas mostram que o aquecimento global está tendo um impacto significativo na produção de café: especialistas preveem que até 50% das terras adequadas para cultivo de café do mundo poderão diminuir de tamanho e adequação até 2050.

“Reduzir suas emissões significa que sua pegada de carbono é menor, o que é muito melhor para o meio ambiente”, explica Will. “Também pode reduzir o consumo de gás, portanto, suas contas de energia também podem diminuir.”

Como resultado da crise energética em curso, muitas cafeterias e torrefações em todo o mundo estão lidando com altos preços de gás e eletricidade. Contudo, investir em máquinas mais eficientes e sustentáveis poderia ajudar a manter esses custos baixos.

Inovações pela sustentabilidade

Alguns equipamentos para torrefação mais novos e mais modernos incluem tecnologias energeticamente eficientes, como sistemas de recirculação de calor, por exemplo.

“Na IMF, investimos em pesquisa para desenvolver tecnologias sustentáveis inovadoras”, diz Lorenzo. “Um exemplo é o sistema de recirculação de calor, que recicla o ar quente limpo usando uma câmara de aquecimento de função dupla.”

Will explica como essa tecnologia funciona: “A máquina usa um único queimador para incinerar simultaneamente as emissões e criar a fonte de calor para torrar os grãos, resultando em menores emissões e menor consumo de gás”, diz ele.

“Essa tecnologia consegue gerar energia usada no processo de torrefação e reduzir as emissões simultaneamente, reduzindo assim os custos de energia e produção”, diz Lorenzo.

Além disso, à medida que a sustentabilidade se torna cada vez mais importante para os consumidores de café, os torrefadores precisam levar isso em consideração para se manterem competitivos.

“Para torrefadores, há vários benefícios em usar máquinas e equipamentos mais ecológicos”, diz Lorenzo. “Por exemplo, mostra aos clientes que eles estão comprometidos em reduzir seu impacto ambiental, o que é especialmente importante para as gerações mais jovens.”

Na verdade, a pesquisa mostrou que os consumidores da geração Z estão dispostos a gastar até 10% mais em produtos sustentáveis – incluindo café. Além disso, como os millennials, os consumidores da geração Z são muito mais propensos a priorizar fatores sociais e ambientais como parte de suas decisões de compra. “Assim, investir em máquinas mais eficientes e ecológicas significa que você está adotando práticas de negócios mais sustentáveis”, acrescenta Lorenzo.

ambiente de uma torrefação - como reduzir as emissões durante a torra

Como as torrefações podem reduzir suas emissões?

Existem várias maneiras de os torradores reduzirem suas emissões, mas um dos métodos mais notáveis é investir em uma máquina mais sustentável.

“Os torrefadores mais tradicionais e mais antigos usam um queimador para criar calor para torrar os grãos e, em seguida, usam um queimador separado (ou pós-combustão) para incinerar as emissões”, diz Will. No entanto, o pós-combustor libera níveis mais altos de gases de efeito estufa na atmosfera.

“Isso ocorre porque ele usa volumes mais altos de gás do que a máquina precisa para torrar os grãos, bem como a alta temperatura necessária para incinerar as emissões”, acrescenta. “Os torrefadores da IMF usam apenas um queimador para realizar ambas as funções, o que reduz o consumo de gás e as emissões.”

Will explica que, ao investir em uma nova máquina, os torrefadores devem procurar vários recursos importantes.

“A tecnologia de recirculação de calor é essencial para reduzir o consumo de gás e as emissões”, diz ele. “Além disso, usamos um sistema patenteado de vórtice e equalizador que permite perfis de torra mais consistentes.”

No entanto, para torrefadores menores, pagar o custo inicial para comprar uma nova máquina pode ser impeditivo. Além disso, mudar de um torrador mais tradicional para uma máquina mais nova pode ter um grande impacto nos perfis de torra – forçando os torrefadores a mudar significativamente sua forma de torrar o café.

Lorenzo explica que, nesses casos, os torrefadores podem investir em componentes adicionais mais eficientes para suas máquinas

“Existem opções para atualizar a máquina que está em uso para que você possa reduzir suas emissões”, diz ele. “Isso pode incluir a instalação de vários sistemas diferentes de redução de gás, como conversores térmicos ou catalíticos”.

Os sistemas de redução de gases ajudam a alterar a composição química dos gases, reduzindo ou removendo efetivamente as emissões nocivas e os poluentes atmosféricos.

“Instalar esses sistemas significa que os torrefadores podem estar em conformidade com quaisquer regras e regulamentos de emissões, além de reduzir seu consumo de energia”, acrescenta Lorenzo.

Alternativas para reduzir a pegada de carbono

Ele também explica outras maneiras pelas quais os torrefadores podem reduzir sua pegada de carbono, o que também inclui ajustar seus perfis de torrefação.

“Com máquinas mais tradicionais, os níveis de emissão tendem a ser mais altos quando você torra em temperaturas mais elevadas ou com perfis de torra mais escuros”, diz ele. “Se você quiser reduzir suas emissões, tente baixar a temperatura ou o tempo total de torra, bem como torrar em perfis de torra mais médios.”

Além disso, Lorenzo explica por que os sistemas de ventilação são tão importantes para tornar a torrefação mais sustentável e eficiente.

“Sistemas de ventilação mais flexíveis facilitam o gerenciamento do fluxo de ar durante o processo de torrefação”, ele me diz. “Eles reduzem os volumes de ar, especialmente na parte final do processo, o que pode ajudar a reduzir o nível de emissões liberadas na atmosfera.

“Os torrefadores também devem limpar chaminés e dutos regularmente para mantê-los livres de óleos e outras partículas para reduzir as emissões”, acrescenta.

Por fim, qualquer torrefador que queira minimizar suas emissões deve começar revisando sua configuração – e procurando por qualquer equipamento ineficiente ou de baixo desempenho.

Torrador de café

Não há como negar que o foco da indústria do café na sustentabilidade se tornará cada vez mais prevalente nos próximos anos. Como parte disso, a necessidade de os torrefadores investirem em máquinas mais eficientes em termos energéticos só aumentará.

No entanto, além de reduzir suas emissões, o uso de máquinas mais modernas geralmente significa que os torrefadores também podem reduzir custos melhorando a eficiência energética – sendo especialmente importante em momentos como esses.

Gostou? Em seguida, leia nosso artigo sobre como os torrefadores de café podem projetar um espaço de torrefação atraente e eficiente.

Créditos das fotos:  IMF, Roasting Warehouse

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

Observação: a IMF é patrocinadora do Perfect Daily Grind.

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As cápsulas de café podem ser sustentáveis? https://perfectdailygrind.com/pt/2023/01/11/capsulas-de-cafe-sustentaveis/ Wed, 11 Jan 2023 11:01:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12078 Não há como negar a imensa popularidade das cápsulas de café em todo o mundo. O instituto de pesquisa Mordor Intelligence estimou que o mercado global foi avaliado em mais de US $25 bilhões em 2020. Também espera-se que o mercado cresça mais de 7% ao ano, à medida que mais e mais consumidores optam por conveniência […]

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Não há como negar a imensa popularidade das cápsulas de café em todo o mundo. O instituto de pesquisa Mordor Intelligence estimou que o mercado global foi avaliado em mais de US $25 bilhões em 2020. Também espera-se que o mercado cresça mais de 7% ao ano, à medida que mais e mais consumidores optam por conveniência e qualidade.

No entanto, juntamente com esse aumento na popularidade, também estamos vendo a conscientização do consumidor sobre a sustentabilidade ambiental na indústria do café em geral crescer.

Em 2021, a Deloitte divulgou um relatório de sustentabilidade que indicava uma mudança mais ampla em direção a um comportamento de consumo mais sustentável em todo o mundo.

Os resultados mostraram que mais de 60% dos entrevistados afirmam ter reduzido o uso de produtos monodose, bem como quase 1 em cada 3 consumidores afirmam que deixaram de comprar de marcas consideradas antiéticas.

É justo dizer que as cápsulas de café causaram uma preocupação ambiental significativa desde que foram lançadas no mercado na década de 1990. Apesar disso, estima-se que mais de 400 cápsulas Nespresso sejam consumidas a cada segundo em todo o mundo – potencialmente criando grandes quantidades de resíduos.

Mas isso pode ser evitado? Para descobrir, conversei com dois profissionais do segmento de mercado de cápsulas de café. Continue a ler para saber mais.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre uma breve história de cápsulas de café.

3 cápsulas de café sobre uma mesa

As principais questões

A Statista relata que, em 2020, 40% das famílias dos EUA possuíam um sistema de preparo de café monodose, e acredita-se que esse número tenha aumentado ao longo da pandemia.

Mas, apesar de sua imensa popularidade, as cápsulas de café têm sido o foco de muitas preocupações de sustentabilidade na última década. Pesquisas de uma marca de café do Reino Unido afirmam que das 39.000 cápsulas produzidas globalmente a cada minuto, 29.000 vão para algum aterro sanitário.

Os dois materiais mais comuns usados para fabricar cápsulas incluem alumínio e plástico. E embora o alumínio seja infinitamente reciclável, o número de cápsulas enviadas para os aterros não parece estar diminuindo significativamente.

Reinhard Trumme é o Diretor Autorizado da Golden Compound: uma empresa que usa cascas de sementes de girassol para produzir cápsulas de café recicláveis e compostáveis em casa.

“As cápsulas de alumínio têm uma imagem pública ruim por produzir altos volumes de resíduos, enquanto as cápsulas de plástico geralmente não são recicláveis”, explica.

Isso levou mais marcas a produzir cápsulas recicláveis, compostáveis e reutilizáveis para evitar contribuir para esses níveis crescentes de resíduos.

Mas Reinhard me diz que também surgem problemas com alternativas mais sustentáveis, mesmo quando aparentemente são descartadas corretamente. “Poucas cápsulas de base biológica se degradam completamente em plantas de compostagem industrial”, explica.

Isso geralmente ocorre porque a maioria das instalações de reciclagem não tem a capacidade de descartar corretamente as cápsulas – o que significa que elas provavelmente serão enviadas para aterro sanitário.

Saul Lakofski é o proprietário e diretor da Coffeecaps: um fabricante australiano de cápsulas compatíveis com Nespresso. Ele explica por que as cápsulas compostáveis e biodegradáveis que vão para aterro também são um grande problema de sustentabilidade. “Se as cápsulas forem descartadas em lixeiras comuns, elas acabam indo para o aterro e não se decompõem, se comportando de forma semelhante ao plástico.”

De acordo com a legislação da UE, os materiais compostáveis industriais são obrigados a decompor completamente em seis meses no máximo, mas isso só acaba acontecendo nas condições ideais. Sem a presença oxigênio, calor e fluxo de ar abundantes, significa que elas podem permanecer intactas por anos.

mãos segurando cápsulas de café

A percepção do consumidor sobre cápsulas de café

Embora haja uma série de questões ambientais associadas às cápsulas, elas ainda permanecem incrivelmente populares entre os consumidores. Em uma pesquisa de 2019, a Wired revelou que um terço das famílias do Reino Unido possuía uma máquina de cápsulas.Em toda a Europa Ocidental, estima-se que as cápsulas sejam responsáveis por um terço do total de vendas de café, de acordo com a BBIA.

No entanto, nos últimos anos, as opiniões dos consumidores começaram a tornar-se mais contraditórias. Isso é baseado em questões de sustentabilidade ambiental, mas equilibrado pela pura conveniência que eles oferecem, bem como pela melhoria contínua da qualidade do café contido nelas.

Uma pesquisa de 2019 da publicação on-line de alimentos e bebidas The Grocer descobriu que 10% dos consumidores britânicos acreditavam que as cápsulas eram ruins para o meio ambiente. No entanto, para levar para casa esse conflito de interesses, 22% dos entrevistados na mesma pesquisa disseram que possuíam uma máquina cápsula.

Reinhard acredita que certos dados demográficos são mais propensos a desaprovar cápsulas de café e demais sistemas monodose.  “Os mais jovens são particularmente críticos em relação às cápsulas”, explica.

Em 2021, a Forbes informou que a maioria dos consumidores da Geração Z (pessoas nascidas após 1997) está disposta a gastar 10% a mais em produtos e marcas sustentáveis. Uma tendência semelhante está surgindo com os millennials. Em última análise, isso pode significar que a demografia mais jovem é menos propensa a comprar cápsulas como resultado de seu maior foco na sustentabilidade.

Essas crescentes preocupações com a produção de cápsulas também levaram a várias proibições, principalmente em Hamburgo em 2019. O conselho municipal implementou uma proibição de compra de produtos “poluentes” e “ embalagens individuais”, incluindo aí as cápsulas.

No entanto, alguns argumentam que as questões ambientais com cápsulas de café se encontram principalmente com a falta de conhecimento do consumidor sobre como descartá-las. “A grande maioria dos consumidores de cápsulas na verdade não sabe como descartá-los corretamente e nem com quais materiais elas são feitas”, diz Saul.

“Nespresso e outras cápsulas de alumínio podem ser recicladas através de programas de retorno dedicados, mas muitas cápsulas ainda acabam em aterro sanitário”, ele acrescenta.

Em 2017, a Nespresso testou um esquema de coleta de cápsulas de alumínio por seis meses com o Royal Borough de Kensington e Chelsea, em Londres.Os serviços de reciclagem do conselho local coletaram as cápsulas usadas e as transportaram para as instalações de reciclagem da Nespresso.

Paralelamente a este teste, o atual esquema de reciclagem de alumínio da Nespresso está agora ativo em 53 países com mais de 100.000 locais de entrega.A empresa investe 40 milhões de Francos Suíços por ano no programa  (mais de US$ 43,2 milhões), com uma taxa global de reciclagem de 30% a partir de 2020.

Enquanto isso, alguns acreditam que a conscientização do consumidor sobre o descarte adequado da cápsula pode ser melhorada por melhores instruções na embalagem.

No início de janeiro de 2022, a Keurig Canadá pagou CÁ $3 milhões em uma  ação judicial por alegações falsas e enganosas feitas aos consumidores sobre a reciclagem de suas cápsulas K-Cup – transferindo a culpa para os fabricantes, e não para os consumidores.

Cápsula com os dizeres biodegradável e compostável, em inglês.

As cápsulas de café estão se tornando mais sustentáveis?

Mesmo com as preocupações ambientais óbvias, nota-se progresso constante em termos de produção de cápsulas mais sustentáveis. Alguns até afirmam que já são uma forma mais sustentável de beber café, apesar dos altos volumes de resíduos com os quais estão frequentemente associados.

Por exemplo, em 2019, a Universidade de Bath realizou um estudo sobre o impacto ambiental do consumo de café, analisando todas as etapas da cadeia de suprimentos (incluindo o descarte). Os resultados concluíram que as cápsulas tiveram o segundo menor nível de impacto ambiental, enquanto o espresso teve o maior.

No entanto, a principal razão para essa conclusão foi que menos café é usado em uma única cápsula, em comparação com uma xícara de café de filtro ou um café espresso. Em última análise, isso significa que por cápsula, menos água, fertilizantes e outros recursos são usados para produzir o café – levando a menores emissões de gases de efeito estufa em geral.

A agência de consultoria ambiental Quantis também descobriu que as máquinas de cápsulas usavam menos energia em geral do que as máquinas de filtro ou café espresso. “Máquinas de cápsulas com um modo de desligamento automático têm um impacto ambiental menor do que máquinas de café espresso maiores em cafés, por exemplo”, acrescenta Saul.

No entanto, o foco mais amplo da indústria está na implementação de maneiras de reduzir o desperdício de cápsulas, em vez da produção de cápsulas. Reinhard explica como as cápsulas da Golden Compound são produzidas usando mais materiais orgânicos para tornar os resíduos descartáveis mais sustentáveis.

“Nossa matéria-prima é principalmente de base orgânica e contém uma alta proporção de cascas de sementes de girassol, um subproduto do processamento delas”, diz ele, que acrescenta: “Em seguida, produzimos cápsulas usando um processo de moldagem por injeção.”

Saul reitera ainda que reduzir o desperdício de cápsulas é uma alta prioridade para muitas empresas de café. “As cápsulas de café funcionam com muitos torrefadores que nos enviam seu café e então enchemos as cápsulas para eles. A grande maioria desses torrefadores leva a sustentabilidade a sério e querem uma solução circular.”

Máquina de cápsulas com uma caneca com leite à frente

O que o futuro reserva para a sustentabilidade da cápsula?

É evidente que as taxas globais de consumo de cápsulas não estão diminuindo, então como podemos reduzir o desperdício a longo prazo?

“Os consumidores querem fazer a coisa certa: os fabricantes só precisam dar a eles a oportunidade e os meios para fazê-lo, principalmente por meio de programas de reciclagem e retorno”, diz Saul.

“Mesmo as cápsulas compostáveis precisam de um programa de retorno dedicado, se forem compostáveis pela indústria”, acrescenta. “Isso significa que eles precisam ir para uma instalação de compostagem industrial.

“A Coffeecaps se uniu à Terracycle para fornecer um programa onde os consumidores podem devolver nossas cápsulas compostáveis industriais para compostagem gratuita.”

No entanto, Reinhard acredita que mudanças mais amplas na infraestrutura são necessárias para alcançar um modelo mais circular. Ele diz: “Uma abordagem uniforme para melhorar as taxas de reciclagem e composição é importante”.

“As cápsulas devem atender a pelo menos duas certificações – compostagem industrial e compostagem caseira – para que os consumidores possam ter certeza de que as cápsulas serão totalmente biodegradáveis.”

As certificações de compostagem da TÜV Áustria,  juntamente com o logo da Seedling, são amplamente reconhecidas como uma das principais certificações para produtos compostáveis.

Para que a embalagem de cápsulas seja classificada como “compostável”, ela deve se dividir em compostos orgânicos não tóxicos e que beneficiem o solo. Alternativamente, as cápsulas biodegradáveis não devem causar poluição ao seu ambiente durante sua decomposição.

“Somos a única empresa de cápsulas na Austrália certificada pela Australian Bioplastics Association”, diz Saul. “Nossos parceiros de torrefação podem usar o logo da Seedling em suas embalagens. Estaremos fabricando as primeiras cápsulas compostáveis domésticas certificadas este ano.”

No entanto, a fim de ver todos os efeitos de materiais de cápsulas mais sustentáveis, as instalações de reciclagem e compostagem precisam ser capazes de descartá-los corretamente.

Atualmente, bioplásticos e plásticos compostáveis levam muito tempo para se degradar em instalações de compostagem padrão e, portanto, não são amplamente aceitos. Como esses materiais geralmente são testados em laboratórios sob condições estritamente controladas, eles levam muito mais tempo para se decompor quando os níveis de temperatura, fluxo de ar e oxigênio não são regulados.

Café espresso sendo preparado em máquina caseira

Os problemas ambientais associados às cápsulas são maiores do que a indústria do café. A fim de melhorar a sustentabilidade da cápsula, serão necessárias mudanças significativas e generalizadas para facilitar a eliminação responsável das mesmas.

Embora esta não seja uma tarefa simples, quanto mais as organizações responsáveis instigarem estas mudanças – nomeadamente os fabricantes de cápsulas e as autoridades governamentais locais – mais positivo será o resultado.

Gostou? Em seguida, leia o nosso artigo sobre saquinhos de café de dose única.

Créditos da foto: Ally Coffee

PDG Brasil

Traduzido por Daniela Melfi

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A importância da equidade de gênero na produção do café https://perfectdailygrind.com/pt/2023/01/06/equidade-de-genero-no-cafe/ Fri, 06 Jan 2023 11:03:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=12047 De acordo com um relatório de 2018 da Organização Internacional do Café (OIC), apenas 20 a 30% das fazendas de café em todo o mundo são operadas por mulheres. Apesar disso, aproximadamente 70% do trabalho físico nessas fazendas é realizado por mulheres e meninas. Esses números mostram a importância de se discutir a equidade de gênero na […]

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De acordo com um relatório de 2018 da Organização Internacional do Café (OIC), apenas 20 a 30% das fazendas de café em todo o mundo são operadas por mulheres. Apesar disso, aproximadamente 70% do trabalho físico nessas fazendas é realizado por mulheres e meninas. Esses números mostram a importância de se discutir a equidade de gênero na produção do café.

Em muitos casos, as mulheres na produção de café são significativamente menos propensas a ter acesso à terra, tomada de decisões, finanças e conhecimento sobre café do que os homens. As barreiras socioeconômicas a esses recursos muitas vezes impedem as mulheres de se aprimorar profissionalmente, ampliando as disparidades já existentes entre os gêneros.

Como resultado dessas desigualdades, a produção média de café para fazendas operadas por mulheres pode  ser até 25%  menor do que aquelas de propriedade e operadas por homens. Sendo assim, cabe a pergunta: se houvesse melhora na equidade de gênero na produção de café, o volume produzido globalmente aumentaria?

Para saber mais, conversei com três profissionais que trabalham para melhorar a equidade de gênero no café.

Você também pode gostar do nosso artigo sobre equidade de gênero no setor cafeeiro da República Democrática do Congo.

trabalhadoras em atividade na separação de grãos crus de café

Questões de equidade de gênero na produção de café

Em 2017, um relatório do Fórum Econômico Mundial descobriu que a diferença global de gênero aumentou pela primeira vez em mais de uma década. O relatório também observou que de 192 países, 50 ainda não garantem direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres.

Para entender a equidade de gênero, devemos primeiro trazer a igualdade de gênero para a equação. Qual é a diferença entre esses dois conceitos?

Jennifer Yeatts é Diretora de Café da Higher Grounds Trading Co., uma torrefação certificada pela B-Corp em Michigan, EUA. Segundo ela diz, “Igualdade significa que todos recebem o mesmo tratamento, as mesmas ferramentas e os mesmos recursos. Enquanto equidade significa que todos obtêm o que precisam pessoalmente para atingir o mesmo objetivo.”

Chris Treter, também diretor da Higher Grounds, acrescenta: “A equidade leva em conta a realidade que comunidades e indivíduos enfrentam, dependendo de suas circunstâncias e do contexto histórico em que nasceram. Cada indivíduo tem suas próprias necessidades e os desafios que enfrenta. Portanto, deve ter acesso a suporte personalizado para atender a essas questões.”

Levar em conta as desvantagens e preconceitos que mulheres e meninas enfrentam (e, assim, melhorar seu acesso a recursos e oportunidades) é uma parte essencial do fechamento da lacuna de equidade de gênero.

“No mundo em desenvolvimento, estamos vendo agora mais culturas e sociedades adotarem perspectivas que respeitam a diversidade e a inclusão de gênero”, diz Jennifer. “Embora isso seja ótimo, precisamos aplicar esses mesmos princípios nas comunidades produtoras de café.”

Chris me conta sobre alguns dos problemas que as mulheres enfrentam na produção de café. “Muitas vezes, as mulheres não têm acesso aos mesmos recursos que os homens, como terra, crédito e informação. Isso resulta em resultados negativos, incluindo menor produtividade e redução na renda dos agricultores”.

“Também há acesso reduzido aos meios de crescimento, que são cruciais para operar efetivamente além dessas comunidades também. Por exemplo, menor acesso à educação do que os homens leva ao analfabetismo, que por sua vez leva à falta de acesso a recursos financeiros.”

Equidade de gênero no café: trabalhadora em meio ao cafezal

Por que alcançar a equidade de gênero no café é tão importante?

O último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) afirma que, em 2021, o consumo global de café cresceu 1,5 milhão de sacas, enquanto a produção global caiu 8,5 milhões de sacas.

Se essa tendência continuar por um período longo o suficiente, poderá causar um problema de fornecimento global. No entanto, diminuir a diferença de gênero no café pode ajudar a aumentar a produção em até 30 milhões de xícaras extras de café por ano, segundo algumas fontes.

“Se pudermos permitir que mais agricultores atinjam suas metas de colheita, fornecendo uma variedade de ferramentas para diferentes indivíduos e suas circunstâncias, mais café será produzido e com maior qualidade”, explica Jennifer.

“Além disso, o respeito crescerá em toda a cadeia de suprimentos e nos ajudará a construir relacionamentos de longo prazo baseados em confiança e valores compartilhados.”

Em consonância com isso, pesquisas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação observam que melhorar a equidade de gênero na agricultura global pode aumentar o rendimento das colheitas em até 30%, inclusive para o café.

No entanto, para abordar de forma abrangente as questões de equidade de gênero no café, devemos primeiro analisar os desafios que mulheres e meninas enfrentam com frequência. “Muitas mulheres na produção de café correm um risco maior de sofrer violência de gênero e falta de acesso à saúde sexual e reprodutiva”, explica Chris. “Além disso, milhões de meninas em todo o mundo sequer terminam a escola.”

Na Etiópia, por exemplo, estima-se que apenas 25% das meninas frequentem o ensino fundamental. A falta de acesso à educação significa menos oportunidades para melhorar seus meios de subsistência. Por sua vez, pesquisas indicam que quando as mulheres não conseguem aumentar sua renda ou se envolver mais nas tomadas de decisões financeiras, toda a família sofre.

Pessoas sentadas em uma reunião

Focando na República Democrática do Congo

Embora existam oportunidades para melhorar a equidade de gênero nana produção do café em todo o mundo, Chris explica que a Higher Grounds colocou seu foco em países da África Oriental.

“Identificamos estrategicamente as regiões orientais da República Democrática do Congo (RDC) como um dos locais onde se necessita de ajuda e apoio com mais urgência”, diz ele. “O país ficou em 163º lugar entre 170 países no Índice de Mulheres, Paz e Segurança de 2021.”

Desde que se tornou independente da Bélgica em 1960, o país experimentou conflitos contínuos, instabilidade política e agitação civil. “No leste do Congo, há pelo menos 120 grupos militantes diferentes baseados em três províncias, onde todo o café especial do país é produzido”, explica Chris.

“Um desses grupos está atualmente realizando massacres contínuos em comunidades onde vivem nossos parceiros agricultores da  cooperativa Kawa Kanzururu”, acrescenta. “Na verdade, um maquinário de lavagem foi recentemente fechado e sua sede foi transferida por causa da ameaça contínua de violência.”

Herman Lwango é o Coordenador do Programa da organização sem fins lucrativos parceira da Higher Grounds, On The Ground, na RDC. Ele explica como as mulheres e meninas são mais vulneráveis no país.

“A RDC está agora entre os países mais pobres do mundo”, diz ele. “As Nações Unidas relatam que o país tem a maior incidência de estupro do mundo. Existe uma norma cultural de ‘dote’ na qual as mulheres são consideradas itens compráveis”.

Mais de 56% das mulheres e meninas com idades entre 18 e 49 anos na RDC relataram experiências de violência sexual. “De acordo com as normas culturais históricas da RDC, os homens geralmente se consideram superiores às mulheres”, diz Herman. “Isso leva à subordinação das mulheres no lar, o que também é uma forma de violência de gênero.

“Além disso, a falta generalizada de educação sexual e informações sobre planejamento familiar significa que muitas mulheres e meninas dão à luz ainda muito jovens e estão mais expostas a doenças sexualmente transmissíveis.”

Trabalhadores reunidos em evento de cooperativa sobre a equidade de gênero na produção do café

Apoiando programas de equidade de gênero na produção do café

Em 2015, uma pesquisa da Specialty Coffee Association descobriu que havia uma lacuna econômica significativa entre homens e mulheres no setor cafeeiro da África Oriental. Em média, os homens pesquisados ganharam mais de US$ 700 na colheita do café, enquanto as mulheres ganharam menos de US$ 450.

Para preencher essa lacuna, Herman enfatiza que é imperativo incluir mulheres em um número maior de cargos de liderança. 

“Tanto as mulheres quanto os homens precisam ser informados sobre a importância de incluir as mulheres nos processos de tomada de decisão”, diz ele. “Para que isso aconteça, as meninas devem ter melhor acesso à educação, para que possam estudar e acabar tendo as mesmas oportunidades que os homens.”

Chris me conta mais sobre o trabalho que a Higher Grounds e On The Ground estão fazendo na RDC para aumentar o acesso à educação das mulheres no café. “Tanto o Higher Grounds quanto o On The Ground apoiam treinamento e aulas para mulheres agricultoras. Somos ainda co-fundadores da Saveur du Kivu – uma conferência anual da cadeia de suprimentos e competição de degustação de especialidades.”

Chris explica que Saveur du Kivu foi lançado logo depois da Run Across Congo, organizada pela On the Ground. Esta iniciativa de angariação de fundos teve nove mulheres (cinco representando empresas de café) correrendo sete maratonas em sete dias em toda a área de cultivo de cafés especiais da RDC. 

O objetvo da ação era arrecadar dinheiro e conscientizar sobre iniciativas de equidade de gênero.Ele acrescenta que este evento foi um trampolim para o trabalho mais amplo do Gender Action Learning System (GALS) do On The Ground.

Herman acrescenta que incluir mulheres em cargos de liderança nas cooperativas também pode ajudar a melhorar a qualidade do café – o que pode levar a preços mais altos. “Na On The Ground, implementamos um programa de equidade de gênero com a Cooperativa de Café Muungano”, diz ele. “Temos 125 mulheres no Grupo de Empoderamento Feminino.”

Ele me conta mais sobre como o programa On The Ground é realizado nas comunidades locais. “O Gender Action Learning System (GALS) é um programa de treinamento implementado em diferentes regiões produtoras de café. Muungano agora se reúne duas vezes por mês e inclui homens e mulheres nas reuniões”.

“O programa GALS ajudou a implementar um mecanismo de poupança e crédito em grupo, bem como a melhorar as habilidades de alfabetização para mulheres e meninas locais. Também ajudou a aumentar a conscientização sobre a diminuição da violência, promoveu associações mais positivas sobre a masculinidade e ajudou a desenvolver novas leis em torno da violência sexual”.

Apoiar essas mudanças culturais em direção a atitudes mais inclusivas de gênero ajuda as mulheres a obter mais independência financeira e social, além de passar a serem vistas como iguais aos seus colegas de trabalho do sexo masculino. “De acordo com os membros da cooperativa, este programa ajudou muito mais mulheres a participar dos processos de tomada de decisão”, diz Herman.

Mulher em meio a galhos de cafeeiro com frutos verdes

A equidade de gênero no café pode beneficiar toda a cadeia

Acredita-se que em todo o mundo, as mulheres lideram algo entre 5% e 30% de todas as famílias produtoras de café. Isso significa que, quando o acesso à educação cafeeira e aos recursos agrícolas melhora para essas agricultoras, a qualidade e a produtividade do café aumentam, o que significa mais café de alta qualidade no mercado.

Jennifer me conta sobre alguns dos cafés que a Higher Grounds oferece para apoiar projetos de equidade de gênero. “o blend especial de primavera Awaken apoia o Projeto Congo da OTG e sua programação de igualdade de gênero e alfabetização”, diz ela. “Mas além de On the Ground, também adoramos apresentar microlotes de mulheres agricultoras nas cooperativas de produtores que compramos em outros países.”

“Por exemplo, a cooperativa COMSA em Honduras tem um ótimo programa para cultivar lotes especialmente processados e apoiar os membros a encontrar compradores para eles”, acrescenta ela. “Atualmente, temos três microlotes das mulheres do COMSA: Miriam Perez, Irma Garcia e a recém-reconhecida vencedora do Good Food Award Karla Portillo.”

Com o interesse do consumidor em café sustentável e de origem ética continuando a crescer, o fornecimento de café que apoie a igualdade de gênero em todo o mundo nunca foi tão importante.

“Ao apoiar o desenvolvimento do papel das mulheres na produção de café, vimos melhorias nos meios de subsistência e benefícios mais amplos no bem-estar individual das famílias”, explica Chris. “Além disso, ao aumentar o acesso à educação na produção de café, também podemos fortalecer a resiliência climática, além de aumentar a produtividade agrícola.”

Jennifer conclui observando como é importante reconhecer as experiências e necessidades únicas de mulheres e meninas na produção implementar projetos de equidade de gênero no café.

“Esses programas devem sempre ter em mente o vasto leque de indivíduos e suas diversas necessidades – em todos os gêneros – para apresentar soluções que possam ser adaptadas para cada indivíduo.”

Mulheres conversando em frente a uma faixa com dizeres em inglês

Apesar dos inúmeros desafios que as mulheres enfrentam, estamos vendo progresso em direção à equidade de gênero na produção do café.

Com o tempo, com maior acessibilidade à educação e mulheres tendo mais informações sobre como as fazendas de café são operadas, é provável que também veremos a qualidade e a produtividade das fazendas aumentarem – significando café melhor para mais pessoas em todo o mundo.

Gostou? Então leia nosso artigo sobre iniciativas sociais em comunidades produtoras de café.

Créditos das fotos: Herman Lwango, Diana Zeyneb Alhindawi, Higher Grounds Trading Co.

Observação: a Higher Grounds Trading é patrocinadora do Perfect Daily Grind.

Tradução: Daniela Melfi.

PDG Brasil

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Como tornar a lavoura mais resiliente contra as mudanças climáticas? https://perfectdailygrind.com/pt/2022/12/16/mudancas-climaticas-lavoura/ Fri, 16 Dec 2022 11:06:00 +0000 https://perfectdailygrind.com/pt/?p=11922 A crise do clima está batendo à nossa porta. É geada, é seca, é granizo, é nuvem de poeira, é chuvona… E quem produz café, cultivo bastante afetado nos últimos anos, precisa rever algumas práticas para deixar sua lavoura resiliente, com mais força para resistir às mudanças climáticas. Mas como fugir dos efeitos dos eventos […]

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A crise do clima está batendo à nossa porta. É geada, é seca, é granizo, é nuvem de poeira, é chuvona… E quem produz café, cultivo bastante afetado nos últimos anos, precisa rever algumas práticas para deixar sua lavoura resiliente, com mais força para resistir às mudanças climáticas.

Mas como fugir dos efeitos dos eventos climáticos extremos sem prejudicar ainda mais a natureza? Não adianta nada buscar solução em ações que poluem o ambiente com grandes emissões de gases do efeito estufa, como ampliar o cafezal derrubando florestas ou aumentar a produtividade recorrendo a fertilizantes químicos.  

As soluções muitas vezes estão na própria natureza e até podem reduzir o custo de produção, com a melhor gestão da propriedade e com maior valor agregado ao produto, contribuindo com a rentabilidade do negócio café.  

Para aprofundar esta conversa e entender melhor essas soluções, o PDG Brasil entrevistou produtoras que já vivenciam práticas regenerativas e outras formas de manejo sustentável em seus cafezais, e também com especialistas, que apresentaram uma visão mais técnica e dicas interessantes para quem quer conduzir seus cafeeiros de forma mais sustentável e resiliente. Siga lendo para saber o que eles disseram.

Você também pode gostar de ler A importância das certificações e das práticas ESG hoje.

Vista do pôr-do-sol em uma fazenda de café

Impactos das mudanças climáticas na produção de café de qualidade

A produção de alimentos é profundamente afetada pelas mudanças climáticas. Não à toa, o tema é um dos destaques da agenda de desenvolvimento sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas). Para cafeicultores e cafeicultoras do Brasil, está ficando cada vez mais claro esse impacto.

Em 2021, geadas intensas em regiões produtoras de café, que chegaram a até -4ºC, causaram a perda de lavouras inteiras. No mesmo ano, uma extensa seca acometeu os cafezais, reduzindo a possibilidade de recuperação dos cafeeiros e ocasionando perdas de até 25% na produção da safra seguinte.

Vale lembrar que as ocorrências climáticas extremas, como as geadas, as secas, as altas temperaturas, incêndios e chuvas em intensidade nunca vista, também contribuem para a severidade de pragas e doenças, pois favorecem o desenvolvimento e a disseminação de agentes patogênicos.

A produtora Isabela Pascoal Becker é Diretora de Desenvolvimento Sustentável da Daterra Coffee há cinco anos. A fazenda, localizada na região do Cerrado Mineiro, cultiva cafés sustentáveis e possui um centro de pesquisa integrado e uma produtora de mudas e árvores do Cerrado.  

Com 7.200 hectares distribuídos entre as cidades de Franca (SP) e Patrocínio (MG), a Daterra foi a primeira fazenda certificada pela Rainforest Alliance do Brasil e vencedora do “Prêmio Fazenda Sustentável 2015”, da Revista Globo Rural, sendo considerada a fazenda mais sustentável do Brasil. Além de outras certificações, a Daterra conquistou ainda inúmeras premiações de qualidade e sustentabilidade.

A atuação da empresa em relação à sustentabilidade é percebida também internacionalmente, com o reconhecimento de baristas campeões, cafeterias e torrefações de diversos países, que adquirem os cafés da marca e contribuem com seus projetos de sustentabilidade.

Para Isabela, os desafios climáticos para o cultivo de café são percebidos claramente. “Sem dúvida! O que sentimos (e não é só no Cerrado) são os picos, a intensidade do clima. São extremos muito sérios, de temperatura, de chuvas… A seca e a geada em um mesmo ano nunca haviam acontecido como em 2021”, conta.

Diretora da também premiada Fazenda São Sebastião, em São Tomé das Letras (MG), Catarina Kim tem a mesma percepção. Responsável pela gestão da propriedade de 1.500 hectares há quatro anos, Catarina sente o impacto do clima na sua produção de café. Mas vê os desafios como oportunidade de mudança.

“A seca e a geada do ano passado foram marcantes. Ficou claro que precisamos mudar o manejo de forma gradativa e planejada para evitar um impacto econômico negativo”, afirma.

Ela conta que, na São Sebastião, começou a modificar as plantas de cobertura e a usar mais produtos biológicos há alguns anos. Foram os primeiros passos de um cultivo mais sustentável. Hoje a propriedade conta com 600 hectares de área preservada. Além disso, as nascentes foram cercadas, o manejo do café está sendo feito cada vez com mais produtos biológicos e plantas de cobertura e foram instaladas placas fotovoltaicas para a captação de energia solar.  

Tudo foi parte de um longo processo na busca pela certificação de sustentabilidade. Desde 2018, a São Sebastião conta com a certificação Rainforest Alliance e, mais recentemente, obteve a certificação de café orgânico (em uma área de 7 hectares).

Maquinário de uma fazenda de café em meio a flores

Certificações podem contribuir no enfrentamento à crise do clima?

Mais que apenas um selo nas embalagens, as certificações ganharam um papel essencial nesse contexto de crise climática.

Responsável pelo suporte às certificações da Rainforest Alliance e doutor em Agricultura Tropical e Subtropical, o engenheiro agrônomo Guilherme Petená explica que todas as práticas de manejo agrícola aplicadas na lavoura podem influenciar na resiliência das plantas cultivadas às mudanças climáticas.

“Entender as ecologias, os ciclos e as necessidades específicas de cada cultura para regiões particulares nos permite manejar os ecossistemas agrícolas de forma a favorecer equilíbrios naturais e, consequentemente, manter condições favoráveis para o cultivo”, afirma.

Na mesma linha, a Gerente de Negócios Sustentáveis da Rainforest Alliance, Giovanna Escoura, diz que: “a Rainforest Alliance apresenta propostas de manejo sustentável desde a implementação das lavouras até a colheita que, de maneira conjunta e integral, contribuem para tornar a produção resiliente às mudanças climáticas”.

Catarina considera que a busca pelo reconhecimento das certificadoras provoca uma mudança interna nas empresas rurais. “Com as exigências da certificação vamos modificando nossas práticas, ajustando-as cada vez mais para caminhos sustentáveis”, explica.

“Vejo alguns produtores reclamando, mas todas as mudanças que são propostas pelas certificadoras fazem sentido quando você pensa em um manejo mais harmonioso com a natureza e com os seres humanos. Até hoje nada que nos pareceu sem sentido ou impossível de realizar”, diz Catarina, compartilhando sua experiência na Fazenda São Sebastião. 

Giovanna destaca que a Rainforest Alliance fornece também caminhos para que pessoas que não trabalham no meio agrícola façam parte desse desafio de regeneração do planeta. “Ao comprar e consumir os produtos certificados, os consumidores nos impulsionam a aumentar nossa atuação”, conta.

“Com o aumento do consumo de produtos certificados, os consumidores compartilham a responsabilidade por uma agricultura sustentável e proporcionam aos produtores mais oportunidades de realizar cada vez mais práticas sustentáveis e em ganhar uma vida digna a partir da terra. É um caminho conjunto, unindo o campo e as famílias consumidoras, para assim garantir a sustentabilidade das cadeias produtivas de café e outras culturas.”

Trabalhadora de uma lavoura, segurando uma peneira com cerejas de café

Pioneirismo e vivência diária

Empresa pioneira na conquista da certificação no Brasil, a Daterra pode ser considerada uma empresa visionária quando se trata de questões ambientais. Isabela conta que no final dos anos 90, a empresa já tinha parceria com a ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP) para o desenvolvimento de um protótipo para um protocolo de adequação ambiental. Em seguida, conheceram a Ecocert que viria a ser a origem da Rainforest Alliance. “Nosso processo com a Rainforest começou então em 2001 e foi finalizado em 2003, com a conquista da primeira certificação”, conta Isabela.

A produtora recorda que, por muitos anos, houve críticas de pessoas do mercado a essa postura. “O pessoal falava que estávamos sendo ‘bobos’, ‘gastando dinheiro à toa’”, lembra. Segundo Isabela, inclusive alguns colaboradores tinham dificuldade de entender que no início o cafezal produziria menos no início e que isso fazia parte do processo. “Não concordaram e saíram”, diz.

Os desafios só fizeram fortalecer a empresa, que sempre teve a sustentabilidade total como meta. “O maior benefício da certificação é a coerência com a nossa visão do papel que um negócio agro tem para o planeta e para o mundo”, afirma Isabela Pascoal.

“A percepção do cliente ajudou a sedimentar o alicerce para uma relação de extrema confiança que sentimos até hoje, principalmente durante e no pós-pandemia. Essa construção se faz aos poucos, mas é de extrema solidez.”

Já a Fazenda São Sebastião conquistou a Rainforest Alliance em 2018. Catarina Kim conta que a conquista da certificação Rainforest Alliance foi um processo longo e gradativo: “Queríamos adotar as boas práticas na fazenda e optamos pela certificação que todos diziam ser a mais exigente”. 

“No início foi bem desafiador porque era tudo muito novo para todos da fazenda, tanto para a equipe de gestão quanto para os colaboradores. Lembro que até na festa do fim do ano, depois de recebermos o certificado, a equipe quis fazer um discurso querendo parabenizar a todos porque conseguimos a Rainforest Alliance”, recorda.

Catarina diz: “depois de conquistar a certificação, a cada ano foi mais tranquilo porque nos apropriamos da prática no dia a dia, vivemos a certificação durante os 365 dias do ano”. “Ajudou muito a organizar todos os processos, nos ensinou a registrar tudo e analisar os dados.”

Consultores e produtora em meio à lavoura

Tanto para as produtoras entrevistadas, quanto para os especialistas, uma das grandes vantagens de buscar uma certificação é a implementação de boas práticas e técnicas de manejo sustentáveis. Conheça algumas delas que contribuem especificamente para tornar as lavouras de café mais resilientes às emergências climáticas abaixo.

11 iniciativas para tornar as lavouras de café mais resilientes às mudanças climáticas

  • Cultivar variedades mais resilientes
  • Investir em captação de água e estocagem ao longo do ano
  • Investir em irrigação
  • Paisagismo intencional com área de produção, corredores biológicos, área de florestas e quebra-ventos, para garantir um microclima com uma temperatura mais amena
  • Plantio de árvores e sombreamento do café
  • Plantas de cobertura
  • Fortalecimento do solo por meio de biomassa, culturas variadas, melhorando sua estrutura física e química e, dessa forma, melhorando sua microbiologia
  • Aumento do uso de produtos biológicos e adubos orgânicos
  • Cercamento de nascentes e preservação das áreas verdes das propriedades 
  • Não desmatar
  • Monitoramento efetivo de pragas e doenças para uma ação efetiva e pontual nas lavouras de café 

Algumas práticas propostas pela certificação da Rainforest Alliance apresentam efeitos mais relevantes para a resiliência das lavouras às mudanças climáticas, ou ainda para a mitigação das mudanças climáticas geradas pela agricultura. Conheça a seguir o porquê:

  • Fertilidade e conservação do solo

O cultivo certificado precisa realizar análises de solo e/ou foliares frequentes, com as quais deve ser feito um planejamento das medidas de manejo. Assim, é possível aplicar fertilizantes na dose, local e período ideal, evitando desperdícios. O cultivo certificado deve utilizar, sempre que disponível, primeiramente fertilizantes orgânicos, utilizando os químicos quando necessários para suprir as exigências nutricionais das plantas. Adicionalmente, o solo da área produtiva não é deixado exposto, mas é protegido por coberturas de solo.

  • Fertilizantes químicos

Os fertilizantes químicos representam cerca de 10% das emissões globais de gases do efeito estufa. Práticas de manejo visando boas práticas do uso de fertilizantes podem reduzir a emissão de óxido nitroso (importante fator de aquecimento global) pela maior eficiência do uso de adubos nitrogenados e, ainda, favorecem o desenvolvimento adequado das plantas (tanto anatomicamente como fisiologicamente) aumentando a resistências a estresses climáticos.

  • Manejo integrado de pragas

O manejo integrado de pragas consiste na aplicação de diversas práticas que tornam as lavouras mais resistentes ao ataque de agentes fitopatogênicos. Inclui o plantio de variedades resistentes, o manejo equilibrado da fertilidade do solo, a implementação de barreiras físicas contra a entrada dos agentes patogênicos, a expansão de ecossistemas naturais para aumentar a população de inimigos naturais, o controle biológico e o monitoramento das pragas para aplicação defensivos alternativos ou químicos na hora, local e dose corretos. Dessa maneira, podemos favorecer condições para as plantas desenvolverem corpos mais resistentes contra a ação desses organismos, além de evitar o uso excessivo de pesticidas. 

“Considerando que as mudanças climáticas podem alterar hábitos e intensidades de pragas, iniciar movimentos de introdução de manejo integrado de pragas se mostra como prática essencial para a maior resiliência das lavouras às mudanças no clima”, explica o engenheiro agrônomo Guilherme

  • Florestas, outros ecossistemas naturais e áreas protegidas

As florestas, outros ecossistemas naturais e áreas protegidas não podem ser convertidas em produção agrícola. A queima de florestas por si só é responsável por emitir grande concentração de CO2 para a atmosfera. Além disso, a alteração feita no ecossistema gera desequilíbrios de umidade (aumento de temperatura e diminuição de chuvas), estresse climático que reduz a fotossíntese das plantas – processo fisiológico que captura CO2. Assim, o desmatamento não apenas emite enorme quantidade de gás carbônico na atmosfera, mas também diminui a capacidade das florestas de capturar esse gás.

Frutos maduros de café na palma de uma mão, em meio ao cafezal

Outros benefícios da certificação na produção do café

No artigo “Benefícios da Certificação do Café para os Produtores e Consumidores”, os pesquisadores Paula Andrea Alves Duarte e João Batista Ferreira explicam que os benefícios das certificações são inúmeros e impactam diferentes esferas da sociedade: os produtores, os consumidores, a sociedade atual e a sociedade futura.  

Os pesquisadores se basearam em 14 estudos científicos que abordavam a importância das certificações e identificaram os benefícios e desafios da implantação na cafeicultura. Entre os diversos benefícios listados, estão:

Para os produtores e as produtoras rurais

  • Promove agregação de valor na comercialização
  • Aumenta a competitividade do produto e a qualidade percebida pelo cliente, facilita a entrada da marca em mercados mais exigentes
  • Diferenciação ao produto, e consequentemente vantagens competitivas ao negócio
  • Colabora com a produção de cafés, contribuindo na melhoria da renda da atividade cafeeira
  • Aumento da produtividade por intermédio da profissionalização da gestão
  • Estratégia de diferenciação e consequentemente criação de valor devido à melhoria da qualidade do produto e melhor preço recebido
  • Tem efeitos positivos sobre as práticas administrativas da propriedade, sobre a qualidade final do produto, sobre a produtividade e sobre a adoção de tecnologias nas propriedades cafeeiras

Para os consumidores

  • Redução e melhor uso de agroquímicos
  • Obtenção de informação sobre o produto e sua qualidade
  • Compra de produtos de qualidade
  • Acesso a novo nicho de mercado, através da diferenciação dos produtos proporcionando maior valor agregado
  • As certificações transmitem informações aos consumidores que garantem que a empresa respeita um padrão específico de qualidade de processo de produção e/ou de padrão de qualidade de produto

Para a sociedade atual e a sociedade futura

  • Adoção de práticas de cultivo mais sustentáveis
  • Aumento da biodiversidade
  • Proteção à vegetação nativa, biodiversidade e recursos hídricos
  • Redução da contaminação ambiental
  • Impactos sobre o bem-estar do trabalhador: condições de contratação, moradia e segurança no trabalho, treinamentos
  • Maior nível de adoção de inovações tecnológicas e geração de inovação social
  • Produzir café sem comprometer a capacidade das gerações futuras
Certificadores em meio à lavoura

Nas linhas acima, pudemos conhecer várias iniciativas relacionadas à certificação de sustentabilidade das lavouras de café e como a busca por esse reconhecimento pode trazer benefícios para os negócios rurais. 

Para a produção de café ser sustentável em toda a sua globalidade, ou seja, socialmente, economicamente e ambientalmente, é essencial que busquemos essas alternativas de manejo que tornem o cultivo resiliente, mas que, ao mesmo tempo, contribuam com esse olhar mais cuidadoso com as pessoas e com todo o planeta. 

Créditos das imagens: Fazenda São Sebastião e Fazenda Daterra

Observação: A Rainforest Alliance é uma patrocinadora do PDG Brasil

PDG Brasil

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