Como as oportunidades de carreira mudaram no café especial?
Vimos muitas mudanças no setor de cafés especiais nos últimos dez anos, desde o surgimento dos leites vegetais até a crescente adoção de soluções automatizadas para um foco maior na sustentabilidade. Isso mostra o setor de cafés especiais parece estar evoluindo constantemente. Alinhado a isso, as opções de carreira também mudaram.
Funções de trabalho que antes eram mais claras – como baristas e torrefadores – acabaram ficando mais sutis. Ao mesmo tempo, as perspectivas de carreira se ampliaram e há mais oportunidades de trabalhar no setor do que antes. Para entender melhor como as opções de carreira mudaram no café especial, conversei com Jamie Galloway, diretor administrativo da Foundation Coffee na Nova Zelândia. Continue a ler para saber o que ele disse.
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Como o café especial mudou?
Embora o termo “café especial” tenha sido usado pela primeira vez no início dos anos 1970 pela norueguesa Erna Knutsen, foi apenas no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 que o setor de cafés especiais se estabeleceu.
Os torrefadores escandinavos ajudaram a abrir o mercado durante esse período, como várias das principais torrefações dos EUA, como Stumptown, Counter Culture, Blue Bottle e La Colombe. Como parte do movimento da terceira onda, as torrefações estavam muito focadas em práticas comerciais sustentáveis como:
- trabalhar mais de perto com os produtores;
- mais transparência em relação ao fornecimento e compra de café;
- pagar prêmios por cafés de maior qualidade.
Junto com essas práticas, a cultura do café da terceira onda também priorizava a arte e a habilidade de torrar e preparar café. Além disso, os cafés de origem única se tornaram muito mais populares.
Em última análise, essas mudanças influenciaram enormemente as funções de trabalho e as oportunidades de carreira no setor cafeeiro – particularmente para torrefadores e baristas. Ao longo dos anos, as habilidades e conhecimentos dos profissionais do café cresceram imensamente, o que ajudou a mudar as percepções sobre o que significa trabalhar com cafés especiais.
O barista ganha destaque
Tradicionalmente, o papel do barista era amplamente centrado em dedicar um excelente atendimento ao cliente. E embora ainda seja assim hoje, há um grande foco na preparação de café de alta qualidade. Entre habilidades técnicas e interpessoais ou sociais, os baristas precisam ter um sólido conhecimento técnico de como preparar uma variedade de cafés diferentes, espressos ou filtrados.
Além disso, os baristas também precisam saber compartilhar informações sobre o café com os consumidores. Nos anos anteriores, muitos clientes não estavam muito interessados em saber mais sobre fatores como origem, variedades e métodos de processamento. Por sua vez, a maioria dos baristas não era bem informada sobre a cadeia de fornecimento de café.
Avançando para hoje, os baristas que trabalham em cafés especiais devem saber explicar sobre uma amplitude de informações sobre os grãos que usam. Isso inclui perfis sensoriais comuns para diferentes origens e o que é o processamento lavado, por exemplo. Mas, além das habilidades e conhecimentos necessários, as percepções mais amplas do papel de barista mudaram significativamente nos últimos anos.
Em alguns países ao redor do mundo, em vez de ser visto como um cargo “temporário”, trabalhar como barista em cafés especiais é considerado parte de uma carreira mais longa. Como resultado, agora há mais oportunidades de progressão na carreira para os baristas – especialmente quando recebem o nível certo de apoio e investimento dos empregadores.
Confiança na tecnologia
Tal como acontece com muitas outras funções na indústria do café, a tecnologia mudou a maneira como os baristas trabalham. “Com os recentes desafios trabalhistas, tem sido difícil contratar mais habilidosos Para ajudar com esses desafios, usamos soluções como o Café Assist”, diz Jamie.
Os baristas agora têm acesso a uma gama maior de tecnologias e soluções automatizadas que os apoiam em suas funções – e até reduzem a necessidade de tarefas mais repetitivas. Alguns deles incluem sistemas automatizados de vaporização de leite e tampers, que podem melhorar o fluxo de trabalho e a qualidade da bebida.
Quais foram as mudanças na função do torrefador?
Há mais ou menos vinte anos, a maioria das torrefações era similar a qualquer outro negócio. Isso ocorria, pois os perfis de torra escura eram muito mais populares durante esse período. Hoje, no entanto, com uma gama muito mais ampla de perfis de torrefação que mostram as qualidades naturais do café, a arte da torrefação é apreciada por muitos consumidores em todo o mundo.
Em linha com os valores sustentáveis do movimento da terceira onda, a relação de trabalho entre torrefadores e produtores (bem como exportadores) mudou significativamente. Em teoria, por meio de modelos de comércio direto, mais confiança pode ser construída entre esses atores da cadeia de suprimentos – ajudando assim a criar uma indústria de café mais transparente e equitativa. Além disso, os torrefadores agora têm mais informações sobre seus cafés, que podem compartilhar com clientes e consumidores atacadistas.
Muitas vezes, leva anos para dominar as habilidades necessárias para torrar uma variedade de cafés diferentes – especialmente quando consideramos as diferentes origens, variedades e métodos de processamento agora comumente disponíveis. Indo mais longe, os torrefadores agora precisam aprender a fazer uma série de outras tarefas, como:
- planejamento de lotes de café a serem torrados;
- gerenciar e liderar processos de controle de qualidade;
- traçar o perfil e realizar cuppings de cafés;
- gestão de estoque de café verde e torrado;
- despachar pedidos.
“Semelhante aos baristas, o papel do torrador se expandiu. Os torrefadores agora estão frequentemente envolvidos em uma ampla gama de tarefas relacionadas à administração de seus negócios”, Jamie afirma. Isso pode incluir gerenciar clientes atacadistas, estar mais envolvido com marketing e branding e oferecer aulas ou workshops educacionais.
A tecnologia é a melhor amiga do torrefador
Em comparação com as máquinas tecnológicas de hoje, as técnicas tradicionais de torrefação eram mais manuais. Os torrefadores tinham que confiar em sinais visuais e sonoros para avaliar os perfis de torrefação, o que aumentava a probabilidade de inconsistências e sub ou superdesenvolvimento.
Na última década, no entanto, a tecnologia de torrefação avançou muito. Isso deu aos torrefadores mais espaço para experimentar diferentes perfis de torrefação – e, finalmente, melhorar a qualidade do café.
Muitas máquinas modernas agora utilizam inteligência artificial (IA), o que dá aos torrefadores mais controle sobre diferentes variáveis de torrefação. Como a IA pode detectar os principais estágios de uma torra de forma mais precisa e consistente do que os humanos, isso ajudou a criar perfis mais específicos e precisos, que expressam melhor as qualidades do café.
Dado o nível de suporte que a tecnologia pode fornecer, muitos torrefadores agora são capazes de oferecer uma gama mais ampla de produtos que atendem às diferentes preferências de sabor dos consumidores. Estes variam de cafés de origem única com torras claras a blends de alta qualidade.
Como serão as carreiras em cafés especiais no futuro?
Tal como acontece com a natureza em constante mudança do setor de cafés especiais, é inevitável que as oportunidades de carreira também continuem a evoluir.
Jamie acredita que, como os profissionais do café provavelmente estendem suas habilidades além de suas próprias funções no setor, veremos uma maior gama de oportunidades de carreira no futuro. Por exemplo, os baristas provavelmente se envolverão mais em tarefas de gerenciamento e treinamento, ou podem até coordenar a criação de conteúdo para cafeterias e marcas.
A educação certamente continuará sendo uma prioridade para baristas e torrefadores, além de outros profissionais do café. Isso significa que as oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento profissional são essenciais para aqueles que procuram se ramificar na educação sobre o café. Por sua vez, isso permitiria que baristas e torrefadores ajudassem a preencher ainda mais a lacuna entre produtores e consumidores.
Quando se trata de torrefação, a tecnologia certamente abre caminhos para o desenvolvimento da carreira. “A torrefação de café orientada pela tecnologia já é comum, assim como a necessidade de estar por dentro do custo dos grãos verdes”, diz Jamie. “Há também uma maior conscientização sobre os custos associados à torrefação. Com isso, haverá um nível de responsabilidade maior por trabalhar com mais eficiencia num negócio de café.”
Como o preço do café tem sido particularmente volátil nos últimos dois a três anos, os torrefadores agora precisam considerar uma gama mais ampla de fatores ao operar seus negócios. Além disso, um foco maior na tecnologia certamente mudará – e potencialmente melhorará – uma série de tarefas para torrefadores e baristas, principalmente automatizando tarefas repetitivas e otimizando o fluxo de trabalho.
A importância da progressão de carreira
Assim como em qualquer setor, a progressão na carreira é essencial para a satisfação no trabalho com cafés especiais. A maioria dos profissionais da área busca formas de aprender e aprimorar habilidades. Isso pode ajudar torrefadores e baristas a diversificar sua renda – eles podem se dedicar a dar aulas ou workshops educacionais, por exemplo.
No entanto, a busca por novas oportunidades que estejam alinhadas a experiência e as aspirações de carreira do profissional pode ser assustadora. Um bom lugar para começar é olhar quadros de emprego específicos, como o PDG Jobs. Este quadro de empregos publica listagens para uma ampla gama de posições na indústria do café, desde gerente de produção até comprador de café verde e posições intermediárias.
Se os profissionais do café querem crescer dentro do setor, é imperativo encontrar uma função que proporcione progressão e crescimento na carreira. “O recrutamento de pessoal qualificado continua difícil, por isso, sem um plano de progressão na carreira personalizado, os funcionários podem procurar outras oportunidades de progressão”, explica Jamie.
A indústria de cafés especiais mudou significativamente nas últimas décadas. E isso levou a uma transformação nas oportunidades de carreira – e elas certamente mudarão mais nos próximos anos.
Encontrar essas oportunidades de emprego pode ser difícil, em qualquer situação. As plataformas como PDG Jobs, no entanto, são sempre um bom lugar para começar para qualquer profissional do café que queira continuar sua carreira.
Procurando novas posições na indústria do café? Confira o PDG Jobs aqui.
Tradução: Daniela Melfi.
PDG Brasil
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